Actualmente vivemos no mundo do engano e a desinformaçom por sobreinformaçom, especialmente notória em capas cada vez mais amplas da sociedade, especialmente da mocidade, que podemos qualificar sem risco de excesso como “analfabetos funcionais”.
Fai afora um tempo que o “terrorista”, “delinqüente” e “ditador” Hugo Chávez nos fora apresentado como o novo Estaline quando consultou ao povo para poder ser reelegido como presidente o que requeria modificar a Constituiçom, essa carta de deveres e direitos que sistematicamente é violada em todos os países, incluso na nossa – sua – exemplar “democracia”.
A marge do que em situaçons normais é positivo (a rotaçom de cargos institucionais) o certo é que a autointitulada revoluçom bolivariana nom se sustentaria hoje por hoje sem o carisma de Chávez.
No entanto, o binómio político-mediático nom nos dixo nada estes dias de que a Constituiçom colombiana de 1991 só permite umha reeleiçom. Porém, Uribe já deixou claro que opta à reeleiçom, entom vai consultar este “demócrata” ao povo como fixo o “tirano” Chávez? Porque Uribe segundo as FARC-EP é o chefe do narcotráfico – os próprios EUA tinham-no na listage de narcocriminosos até que foi eleito presidente –, mas segundo El País, La Voz de Galicia e demais imprensa “democrática”, “independente” e “rigorosa” é um “presidente exemplar”, o adalide da “democracia” e a “liberdade” no celeiro norteamearicano. Fica resolver se tamém sabe fazer peinetas tam bem coma o “humanista” José Maria Aznar.
É de supor que a maioria nom terá notícia disto. A libérrima e democrática opçom de Uribe foi consultar aos magistrados da Corte Constitucional para votar a Lei do Referendo e amalhoar no poder a Uribe, enquanto assassina a sindicalistas um mês si e outro tamém.
E porque nom falar de Cuba? Falemos entom de Cuba de Orlando Zapata, ou dos ajustes em matéria sanitária anunciados por Raul Castro, toda vez que 60% do orçamento estatal se dedica a sanidade e educaçom.
As greves de fame som parte da estrategia nova da oposiçom que vê além da melhora das condiçons penitenciárias. E ainda que o castrismo superou antes outras crises importantes como o Mariel, os balseiros em 2004, a execuçom de moços em 2003 ou a Primavera Preta, onde Saramago lançou o “até aqui chegamos”; o certo é que Cuba apresenta cada vez mais sombras e menos luzes de cara ao futura e sublinha as misérias do socialismo de estado que luzidamente o socialismo libertário tem assinalado.
Vaia por diante que Cuba é o país que sofre mais atentados e que o que som terroristas em Cuba som “desidentes” no Estado espanhol, embora em Euskal Herria esses desidentes sejam univocamente “terroristas”. Contodo, nom toda a desidência é terrorista e nom é menos certo que dana mais à causa cubana os defensores da revoluçom com argumentários irrisórios por vezes do que os próprios grevistas.
Duvido que Zapata for o “tonto útil” de Miami e o seu protesto nom era ridículo, entrevendo-se a sobrevivência do racismo dentro da sociedade governada por umha gerontocracia que incapaz de impulsar novamente processos revolucionários ao padecer a esclerose própria dos velenos do aparato e a sua total assimilaçom com o Estado. Dizer que nom se empresta atençom à repressom noutros países é certo, mas clarifica o carácter político dos presos cubanos indirectamente. E que Guantánamo exista nom vale como cortina de fumo, porque o sol nunca se tapou com um dedo.
Umha sociedade livre, forte, e após-capitalista que nom saiba administrar a divergência dentro e fora do estado nom é mais ca umha sociedade pobre, onde o Estado encorseta as manifestaçons da sociedade civil e onde se segue pensando em grandes capas como umha sociedade com valores capitalistas e, portanto, sublinha-se a consigna de Trotski da revoluçom mundial e permanente. Ora bem, nom confundamos isto com o franquismo que padecemos nesta II Restauraçom bourbónica´ e onde a credibilidade do disfarce democrata se baseia no direito à discrepáncia figurada, ocultando-se sistematicamente qualquer tentativa antissitémica a sério. Chomsky tem assinalado como o debate público no binómio político-mediático se encirra contrapondo posturas sempre e quando fiquem dentro dos dogmas do sistema e do “pensamento único” gerado polo “consenso ultraliberal”.
Seguimos lembrando as acusaçons contra “o grande ditador” Chávez por fechar meios de incomunicaçom golpistas – está provado em documentários como War on democracy –. Esquecemos que o Estado espanhol da II Restauraçom bourbónica fechou o Egunkaria por colaboraçom com banda armada – nom hai provas – e subvenciona-se a todos os jornais que nom rompam o “consenso ultraliberal”, algo que si fam, felizmente, publicaçons como o Novas da Galiza ou o Diagonal.
Cuba leva décadas resistindo nas portas do Império, mas a revoluçom estancou-se e fixo-se velha e a sociedade igualitária e libertária atafegou-se e o home novo nom nasceu e o velho quere ser consumista como em Ocidente, embora que quando o castrismo cair, como alguns pretendem, a sanidade e a educaçom públicas esfumarám-se e o cubano meio só poderá consumir até ser consumido, mui longe do sonho americano que é cada vez património de menos pessoas no marco do apartheid global.
A burocracia que criticara o Che Guevara fica lindíssima em Cuba. Nom se pode um contentar com o bipartito na Junta, por foi morno e tíbio, nem tam sequer social-democrata. Tampouco é bom sonhar com paraisos e panaceias que nom som tal. Podemos tirar valiosas liçons de Cuba e ainda de Bolívia, Ecuador ou Venezuela, mas somos periferia próxima e nom longínqua e devemos transformar a nossa realidade tangível e local. Vivemos no mal chamado primeiro mundo e a táctica e a estratégia política tenhem que ser diferentes goste-nos ou nom. Nom vaia ser que tenhamos o punho fechado quando falamos de Hispanoámerica e que essa mao esteja aberta quando da Galiza se trata.
Artigo tamém disponível aqui.