Palavras novas e velhas

domingo, 7 de junho de 2009

O jogo da pita cega

Canto ao arame de espinho
e ao velho arume esturrado:
suave, denso, liso, vivo;
que rasga e bebe salgada sangue
das vacas-monas sem pasto:
quente, viscosa, sem ar, vermelha;
que corre a eito até as cloacas
e suja a ignomínia dos nomes
malditos de antigas placas
à saude de monstros tidos por homes:
bons, generosos, guapos, ricos;
que afogam com as maos paxarinhos
arrincando-lhe o peteiro com os seu fisco:
necessário, redistributivo, estatal,
enquanto os carbónicos meninhos
gemem olvidados e passando-o mal
no enterro das pretas pombas
assassinadas com aceiro ao compás
das facas de brancas águias;
que aram os olhos pobres e cegos
com o sonífero ruidoso,
alienante, falsário, decadente e incomunicador
do maravilhoso mundo do papá televisor.

3 comentários:

Pere disse...

galiza is not spain!!

II se queda a pocos votos de representación..., mala suerte.

TLL!!

Anónimo disse...

Bom, espero que o paxarinho algum día bata as ás na alba de gloria.

AFP disse...

Aquel maravilhoso discurso de Castelao, Alba de Glória, esquecido coma todos os textos dos pais e mais da nossa Terra, que nem se lem nem se compreendem... e o pensamento único avança inexoravelmente