Palavras novas e velhas

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Os sem voz

É bem certo que nom existe mais do que os olhos deixam ver, e aqui fica mui longe o Perú e a massacre perpretada polo governo fascista do Alan García sobre os indígenas, em Bagua, em plena floresta da Amazónia. Essa selva que as petroleiras e outras multinacionais desfam de dia para dia, assassinando aos seus habitantes e atafegando os seus direitos e as suas culturas. Ficam mui longe os marinheiros somalís cujas augas som expoliadas por Ocidente. Fica mui longe Gaza e Cisjordánia. Fica mui longe um eido de areia com casas onde vivem os saarauis. Ficam mui longe as mulheres com burca de Afganistám ou as nenas com fusil da República Democrática do Congo, que apenas tem de democrática o nome. E até fica longe o home sem teito que mora ao nosso carom.

Porém, para os galegos, indígenas de Europa que até fai bem pouco eram simples mao de obra estrada polo mundo, que até fai pouco lhes batiam nas unlhas por falar galego e comiam patacas secas com um pouco unto, enquanto outros zugavam a vaca; para os galegos, digo, nada disto existe e entram alheios a todo na gasolineira de Repsol e repostam com a consciência plenamente tranqüila, após votar-lhe a um dos partidos dinásticos desta II Restauraçom, porque assi o ordeou papai-televisom. Homo homini lupus dizia o Hobbes, que nem viu a mentade do que hoje acontece por todo o planeta e do que nem a metade sabemos.

1000 milhons de pessoas passam fame e morrerám a causa dela. Quatro milhons de nenas som vítimas das máfias da prostituiçom e um outro milhom de nenos tamém. Este é o maravilhoso mundo da democracia e o capitalismo, onde umhas simples notas ("billetes" em espanhol), uns anacos de papel valem bem mais que a vida de qualquer ser humano. E Europa fecha-se em si mesma e expulsa ao diferente: ao preto, ao muçulmano, aos sonhadores, aos trabalhadores, aos socialistas, as mulheres... Europa vota a extrema direita genófoba e os de "esquerdas" ficam na casa porque dim "total"... claro, o total é a nossa comodidade, o egoísmo impertérrito do que só se dói de si, sem querer ver, sem queres informar-se nem luitar... a comodidade é o pior dos crimes e nós, tende-o presente antes de deitar-vos somos criminais de criminais; cúmplices de todos os assassinos que dim ser demócratas e afogam a sangue e fogo qualquer tentativa de construit um outro mundo, onde o socialismo, a igualdade, a fraternidade e a liberdade deixem de ser substantivos abstractos e prostituídos, para ser realidades.

Um outro mundo onde os que nom tenhem voz sejam os porta-vozes; um outro mundo onde a justiças nom seja cega; onde os quartos só servam para mercar sonhos; onde o fim de que cada mulher e home seja quebrar as cadeias do seu irmao -ainda que para isso tenha que encadear-se; onde as prostitutas sejam princesas; onde os banqueiros abandonem o gavinete para colher o sacho e botar o arroz com o que alimentar às famélicas crianças que eles geráçom com a dívida externa; um outro mundo onde se suprima a palavra "eu" de todas as línguas....

Sonhemos galegas e galegos, sonhemos, mas enquanto sonhamos, por favor, nom esqueçades que nom todos os nossos irmaos podem sonhar... e entom... luitade!

7 comentários:

Carlos de Galiza disse...

Gostei do artigo meu! o problema é o como?

Anónimo disse...

Aqui há umha questom de fondo... Está moi bem pedir o voto para esquerda europeia mas quando a denominada "esquerda", a esquerda dos zp, IU, BNG e demáis podem já considerar-se esquerda e nom simples partes do sistema "quita-te ti que me ponho eu"? Vivimos relativizaçom de tudo e isso inclui a linguage, hoje em dia nom sabemos deica que punto podemso dizer esquerda ou direita sem dar-nos de conta que em realidade estamos a dizer o mesmo.
O pior já nom é pois essa relativizaçom feita polo postmodernismo (que ti bem asi lhe chamas) senóm que as reglas de jogo estám feitas para que os que suponhem umha alternativa a essa lea putrefacta de altofalantes relativizados nom poidam nunca triunfar por essa vía. Entóm se quadra só cabe esquecer-nos ou apartar do primeiro plano as eleiçons e trabalharmos sobre outras coussas precissas para mudar essas reglas injustas que impidem o acesso o poder... ainda que muitas vezes creio que a única forma de que o poder nom oprima implica a destruiçom e desapariçom mesma do poder.

Quizais a independencia comece num mesmo.

Umha aperta!

P.D. Onte ao final nom puidem passar-me por problemas de última hora no guióm...

AFP disse...

Desde logo que a indepência começa num mesmo, mas para que essa independência seja efectiva requere, mal que bem, que os que nos rodeiam sejam tamém livres e isso dificilmente o poderám ver os nossos olhos, aguardemos que o futuro poda depar-lhe algo melhor às geraçons futuras.

Umha aperta irmandinha aos dous

Xan disse...

A loita dos indixenas parou por agora a rapiña dos monopolios e a oligarquia peruana para expoliar os recursos dos pobos indixenas.
A independencia por si soia non arranxa as desigualdades sociais.Os países latinoamericanos conquerirón a independencia do imperialismo español pero o pobo segueu na penuria e no xenocidio.
Os problemas teñen unha grande complexidade e os brazos do poder extendense máis alo das nacions.
Un saúdo

AFP disse...

O problema é que entendemos por independência. Para mim a independência nom é, ponho por caso Kósova, constitui-se um estado se um nom deixa der umha colónia e é, portanto, "dependente" e nom "independente". Independência é soberania alimentar, cultural, política, etc. E essa independência nom existe no sistema capitalista onde som as multinacionais as que realmente som independentes e nom os cidadaos.

Umha aperta irmandinha

tangaranho disse...

o Tangaranho apoiou à Iniciativa Internacionalista, porque era a única candidatura que de verdade punha sobre a mesa aqueles pontos que nos enfrentam ao regime. Em qualquer caso, algo passa, evidentemente. Algo passa que o eleitorado potencialmente de esquerda nom se mobiliza. Mas isto é só culpa desses eleitores que ficarom na casa?

Por outra banda, a questom nacional com efeito nom se pode separar da questom social e de género. As três libertaçons som igual de necessárias para constroirmos um mundo mais justo.

Anónimo disse...

Suscríbo o que dí o garcia: "Independência é soberania alimentar, cultural, política, etc. E essa independência nom existe no sistema capitalista onde som as multinacionais as que realmente som independentes e nom os cidadaos."
Pedir a indepêndencia nom é pedir um Estado galego já que o Estado tal e como o conhecemos hoje constitui umha forma ou meio do capitalismo para os seus fins. O Estado está condenado a súa desapariçom e só así se poderá artelhar umha alternativa pois o estado é um meio do poder: Capitalista, socialista, etc.