Fago umha descriçom suscinta da teoria da incubadora, que agora nom tenho tempo para desenvolver mais polo miúdo, mas que tampouco é algo fechado e está aberta a quem lhe veja algo de sentido e nom pense simplesmente que é necessário ingressar-me nalgum manicómio. Vou fazer umha tentativa do elógio da loucura como o Erasmo.
Recentemente fixo-se famosa a última amostra do narcisismo com o que o ultraliberalismo fabrica umha anti-sociedade: um formato na rede em que a pessoa vai rotando cada poucos minutos de contertúlio arredor do globo. É a fabricaçom do supereu, o narcisismo extremo. Perde-se de vista a condiçom de associado e passa-se a ficar sem consciecia para viver na inconsciência dumha autarquia egoista em que o indivíduo se sente desligado do resto dos seus semelhantes, quando está dentro dumha incubadora que o mantém vivo, mas completamente passivo e escravo. Lembrades-vos daquela seqüência de Matrix onde as pessoas ficavam numhas cápsulas de por vida enquanto tiravam deles a energia e sonhavam umha maravilhosa vida em Matrix? Essa é umha boa metáfora da incubadora. Esse é o debujo de Nós "só sonham quando dormem".
O filósofo esloveno Slovaj Zizek fala do tamagochi como objecto interpassivo. Interactuar com o meio nom sendo um consumidor passivo simplesmente mas actuando através doutro actor, com o que se creia a ficçom de interactividade quando em verdade o sujeito fica sentado e passivo limitando-se a observar o jogo. Entronca isto com a desinformaçom por sobreinformaçom do pós-modernismo, a passividade por hiperactividade. O tamagochi é um ritual obsessivo e baleiro(ou o cara-livro mesmo) em que assumimos gestos de lamento para nom experimentar a verdadeira dor. Por outras palavras o indivíduo supera falsamente o antagonismo de nom ser um sócio livre na anti-sociedade pós-modernista situando-se falsamente por cima dos demais, dessassociando-se ingenuamente no seu supereu remata por ficar passivamente subaleterno. Escraviza-se.
Neste sentido, o tamgochi, o cara-livro ou qualquer um dos fetiches, sendo o pós-modernismo a incubadora-fetiche por excelência do ego conduzem a umha terrível e trágica conseqüência de que Zizej adverte com extrema lucidez no livro Em defesa da intoleráncia: Deus é o tamgochi definitivo fabricado polo nosso incosciente e que nos bombardeia com exigências inexoráveis anulando o nosso eu para fabricar umha image falsa dum próprio em relaçom com a sociedade. Eis o nostoi tragicocómico em que voltamos a caverna de Platom.
A incubadora pós-modernista, o fetiche, permite-nos fazer da interpassividade algo mecánico para superar a nossa necessidade de amar ao prójimo que é inerente à natureza social do ser humano:
"o que a ética tradicional tinha como a expressom mais alta da humanidade dumha pessoa - a necessidade compassiva de preocupar-se polo prójimo - fica reduzida a umha indecente e idiosincrásica [idiotisincrásica diria eu] patologia que deve resolver-se na esfera privada [a politizaçom do familiar, e a familiarizaçom do público em que as coordenadas que dá Loic Wacqant som a cúspide do icebergue sendo o estado a família superior, o líquido amiótico da incubadora passando do cidadao ao súbdito], sem molestar aos semelhantes aos coetáneos.
(...)
A característica distintiva da interpassividade refire-se, nom a umha situaçom na que um outro me substitui, fai algo no meu lugar, mas à situaçom oposta, em que estou permanentemente activo e alimento a minha actividade coma passividade do outro.
(...)
O ámbito das relaçons capitalistas de mercado constitui a 'outra cena' da suposta repolitizaçom da sociedade civil defendida polos partidários das 'políticas identitárias' e de outras formas pós-modernas de politizaçom: todo esse discurso sobre essas novas formas da política que surgem por toda a parte encol questons particulares (...) toda essa incesante activdade das identidadess fluídas, oscilantes, das múltiplas coaligaçons ad hoc em continua reelaboraçom, etc., todo isso tem algo de produndamente inauténtico e remete-nos para, em definitiva, o neurótico obsessivo que ou bem fala sem cesar ou bem está em permanete actividade, precisamente com o propósito de segurar-se de que algo - o que importa de verdade [o consenso ultraliberal, o pensamento único, o capitalismo mesmo] nom seja molestado e siga imutável. O principal problema da actual pós-política, em definitiva, é que é fundamentalmente interpassiva".
Pode-se estar ou nom de acordo, mas dá para pensar e muito, sobre um próprio em primeiro lugar e pola anti-sociedade pós-moderna logo. Um outro apontamento que ficará para melhor ocasiom: a maioria do que hoje se chama ciência fundamenta-se sobre esse machacom apoliticismo e pós-política e, portanto, antisocial.
Entom, podemos dizer que fundamentalmente a ciência actual vem ocupar o oco da religiom, é ciência religiosa e nom ciência republicana, ateia, libertária. Se a base sobre a que se ergue o edifício cognitivo dumha hipótese é falsa a hipótese mesma fica automaticamente refutada. Se a sócio-lingüística defende a despolitizaçom da língua, a sócio-lingüísitica óbvia a condiçom social, o inatismo que propugnou Chomsky, da linguage e, daquela, essa sócio-lingüística e falsa e dificilmente as suas diagnoses podem ser acertadas nem aplicáveis sem criar disfunçons insalváveis (a própria ideia de língua como a de naçom som construtos sociais como sublinha verazmente Moreno Cabrera). Assume-se o pós-modernismo em todos os campos, a assume-se o pensamento único e remata-se por fazer da ciência em geral, e das ciências socias em particular, simples dogma religioso. Hai que acreditar na fim da história porque assi no-lo dixo Fukuyama. Diredes-me que Fukuyama foi superado e refutado. Mas ú-la história feita desde o socialismo científico na actualidade? e a lingüística? Ou o marxismo e demais propostas do socialismo científico nom som um instrumento útil para fazer ciência (como dim que nom é a psicanálise mas logo usam-na nos EUA de corrido) ou o "consenso" nunca é nem por acaso nem na sua concepçom inocente... Destruir o templo para sair da incubadora... a tarefa é gigantesca, mas como dizia Castelao nesta obra hai sítio para todas e todos. Nom lhe ponhades chatas até que esteja rematada.
5 comentários:
Para umha outra visom, em minha opiniom complementar e nom antagónica, recomendo com veemência este artigo intitulado "Suxeito post-post" de David Rodrigues:
http://ofunambulistacoxo.blogspot.com/2010/03/post-post.html
Moitísims grazas por entrar no noso espazo katangueiro. Ademais, vexo que temos amizades comúns....Verémonos na próxima Rolda de REBELDÍA, espero. Saúdos katangueiros!!!!
Unha teoria moi interesante(á da incubadora) e unha profundización con aportacions lucidas das motivacions, das causas, e das consecuencias do pensamento uneco.
Unha aperta
Umha boa reflexom Garcia, mas acho que tes que melhorar o final da mesma porque nele resume-se muitas coussas que tenhem mal resumo xD
A sociedade actual segue o caminho histórico marcado polo capiltalismo quando nos seus albores foi chamado liberalismo: um caminho no que baixo o pretexto da liberdade individual se cercena a liberdade dos sujeitos em si mesma, porque o famoso pacto social nom é tal...
Boa aportaçom, tes que desenvolve-la máis!
Hola, Antón, son Diego.
Non sei qué pasa no blog do desmembro. Non atopo o lugar para postear os poemas.
Por favor, faino ti por min, ¿vale?. Postea o último poema.
Obrigado.
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