Palavras novas e velhas

terça-feira, 8 de junho de 2010

A nova atracçom de Eurolándia: a Hungria



O fascismo financeiro nom colhe em si de contente. Os responsáveis da nova atracçom de Eurolándia anunciavam a abertura iminente dum novo cenário para continuar com o saqueio da classe trabalhadora que permita ao fascismo financeiro continuar a acumulaçom por privatizaçom. Nom se esperam no horizonte, afora a Grécia, que a luita de classes arda Eurolándia. Mas a pantasma é evidente que volta com a estadeia da ilustraçom do socialismo científico.

O representante do governo ultranacionalista e conservador, eleito em Abril, advertia que a gestom anterior do socialdemocrata Gordon Bajnai deixara o Estado ao borde do abismo e dumha suspensom de pagos. Mais lenha para umha banca europeia que volve estar como quando começárom os resgates e as “socializaçons das perdas”. As entidades nom se fiam entre elas porque se sabem todas igualmente podres. Aliás, o facto de que a “economia real” está em crise aguda e os deficit públicos polas nuvens nom permitiriam aos olhos dos “mercados” voltar mais umha vez resgatar a banca e recomeçar com um novo ciclo de encloussers, privatizaçons, e “ajustes” do FMI e as suas receitas de pokereconomia.

A cadeia retroalimenta-se. O BCE tem recorde de depósitos, o crédito ao capital-industrial e as economias domésticas nom chega e a recuperaçom ecómica que se anunciava iminente pospom-se cada vez mais. A UE tem, polo menos, para umha década e os focos dos ataques dos “mercados” preparam-se para umha redistribuiçom cara as classes altas com os programas de “austeridade”. O Reino da Espanha está numha situaçom mais do que delicada. As instituiçons de governança global solicitam mais e mais recortes que só inçam o endividamento privado e pejam a recuperaçom. Nom é por acaso que o anúncio de Viktor Orbán, primeiro ministro da Hungria, de que o deficit chegaria a 7'5% (face ao 3'8% previsto polo FMI) disparou os seguros que cobrem a dívida húngara até 23'7%, até os 392'3 pontos. O mesminho do que no Estado espanhol. Dá igualmente que pensar que o Ibex caíra após o anúncio 3'80% e que sustente esta semana essa caída, ou seja, o Ibex caiu por cima ainda do país que anunciava a sua falência: terá algo a ver que a Hungria tem moeda própria e o Reino da Espanha nom?

Trichet e o BCE seguem, contodo, na montanha russa de Eurolándia sem decatar-se de que todo arde arredor. No seu último informe afirma que o deficit é o problema na linha da austeridade. Nom se decatam, ou se se dam de conta desonestamente negam-no, que cada vez que os “mercados” sacodem as bolsas o capital da banca europeia reduze-se e os títulos emitidos por falha de “confiança” nom os merca nem deus. Novamente o ultraliberalismo teme morrer com o euro, o melhor que nos pode passar por certo, já que é evidente que a banca procura umha nova “socializaçom das perdas” perante a falha de solvência. Aqui está o doestado capital público, aqui as naçons de súbditos esperando para tapar os buracos do fascismo financeiro. Vam ganhando a partida: nem taxa Tobin, nem taxa Robin Hood, nem farrapos de gaitas. Aqui o Bilderberg e a oligarquia mundial correm para nengures com a segurança de que a acumulaçom por desposessom dos europeus é a única saída. Um capital já excessivamente concentrado que necessita de fusons e de solvência para quando entre em falência a indústria, a pequena indústria e as empresas públicas fazer-se a preço de ganga com todos despojos. As elites EUA olham refregando as maos para a Europa, aqui implementam-se medidas que lá evitárom e nom por acaso.

A irracionalidade é umha componhente essencial de todo fascismo, nom o ia ser menos no fascismo financeiro. A crise estrutural está relevando como hai umha carreira frenética paralela a que se estabeleceu em 1929. Um salve-se quem poda no capital-financeiro que vai ampliando as turbulências numha espiral que ameaça com abrir a pior depressom económica na Europa dos últimos setenta anos.

Longe ficam as vodas de ouro e mel entre o FMI e Gordon Bajnai quando escrevia esta carta:

Budapeste, 4 de Março de 2010. Caro senhor Strauss-Kahn: O significativo fortalecimento das políticas durante o último ano e meio situárom com firmeza a Hungria no vieiro para a estabilidade e o crescimento. As vulnerabilidades macroeconómicas reduzírom-se por médio dumha melhora da estrutura fiscal, um aumento da supervisom bancária e oportunas injeçons de capital para apoiar o sistema financeiro. Como resultado a confiança empeçou a regressar e a economia está rumo à recuperaçom.


A queda da Lehman Brothers sumira num terramoto a Hungria e o FMI injectou entom 12.300 milhons de euros a prazos, dos quais os dous últimos nom se empregárom polo que o montante desceu até 8700 milhons. Mas, por quê isto afectou tanto ao Reino da Espanha? O Ibex segue o ronsel dos movimentos da Telefónica, o Santander e o BBVA. A imobiliária Sacyr Vallermoso caiu o dia do anúncio 7'73% devido a que mercou solares no centro de Budapeste na sua aposta por diversificar mercados perante a sobreproduçom do mercado interno espanhol. Por certo, Fadesa, já atafegada de dívidas e problemas, tamém apostara por esse mercado. O BBVA e o Santander nom tinham apenas dívida húngara, mas si espanhola na solvência da qual confiam cada vez menos os inversores do fascismo financeiro.

Por enquanto, o Banco de Espanha segue avante com a bancarizaçom das caixas através do FROB para que passem a maos privadas em quanto for possível e deixando em evidência a esquerda galega, enquadrada ainda despois de todo dentro do consenso ultraliberal que a esquerda nom é quem de rachar. Um pergunta-se se as entidades que som saneadas com recursos do Estado nom deveriam pertencer ao conjunto da cidadania conformando umha grande banca pública que resgate a quem realmente o necessite: a classe trabalhadora e as pequenas e medianas empresas do Reino da Espanha.

Pois, nom. Em Eurolándia a “austeridade” conduze para umha refeudalizaçom onde a cada vez mais grande reserva de mao-de-obra permitirá aos senhores que os seus servos trabalhemos mais horas, por menos quartos e com as mínimas medidas de cobertura social. Nom tem a esquerda a obriga de exigir umha renda básica universal para a cidadania que evite esta espiral do fascismo financeiro agora que o Estado espanhol já conta com 10 milhons de pessoas vivendo por baixo do umbral da pobreza e o mercado do emprego negro polas nuvens? Esperamos, contodo, contra toda esperança, aguardando que esta contraofensiva do capitalismo na sua vertente ultraliberal esta descarnada luita de classe permita umha conscienciaçom social que lhe faga frente ao fascismo financeiro. Como rezava um almanaque laboral que caiu estes dias nas minhas maos: Non hai mal que cen anos dure... menos a CNT.

4 comentários:

Xan disse...

O fascismo financeiro necesita máis madeira para a súa locomotora e cando non quedan árbores no bosque, carboniza aos escravos. O mesmo que na amazonia nos tempos do caucho. É preocupante o papel da esquerda en xeral, non reacciona, nin sequera ten discurso. Dá a impresión de que están de acordo pero que non se atreven a dicilo. Será o terror a perder o Statu quo que os ten paralizados?.
Unha aperta

AFP disse...

No do statu quo tés muita razom. Estám presos às subvençons do estado, presos às dívidas dos bancos, presos a aggiornamento das últimas duas décadas - em geral- que permitiu que a hegemonia social seja da direita, da desenfreada direita ultraliberal que governa sem governar. Em fim, que estamos fodidos e com poucas perspetivas de que o pessoal saia a rua e diga "até chegamos" (por nom falar da falha absoluta de alternativas no horizonte de expetativas social e de referentes). O fascismo financeiro é culpável, a esquerda por omisom tamém. Umha aperta

Anónimo disse...

A esquerda á reagir, mas nom na figura da esquerda que vemos hoje senom na figura dumha esquerda nova que nascerá do parto da dor do povo que sufre esta atrocidade e que a vai sofrir por desgraça aínda máis. Será a nova esquerda que aínda nom conhecemos, ela virá. E agora deijo de ser profeta... xD

O FMI e as grandes instituçons europeas injectam dinheiro nos grandes bancos e nos estados europeus porque em realidade o problema nom é destes, senom dos própios prestamistas que vem como podem perde-lo tudo também eles se deijam que esses paises e bancos vaiam a quebra. Havia um economista que dizia:" Se che devo um dolar tenho um problema, se che devo um milhom ti tes o problema" E isso é certo, por isso se apressuram a resgatar a todos os Estados que estam em crise, e por isso lhes obrigam a exprimir a sua populaçom: para ve-los seus quartos de volta. Porque Alemanhá foi a grande salvadora de Grécia, prestando-lhe dinheiro? porque os grandes bancos gregos devem dinheiro aos da Alemanhá. Entom quem tem o problema é Alemanhá que lho fai sofrir ós trabalhadores gregos com um Estado grego morto de facto. È terrível o funcionamento deste sistema.

AFP disse...

Jorge: quando tenhas um bocado de tempo bota-lhe umha vista de olhos a este documentário (se que ainda nom o conheces). Aí recolhe-se a cita desse economista que ti dis:

http://revoltairmandinha.blogspot.com/2010/06/o-dinheiro-como-divida-2006.html

Umha aperta irmandinha