Palavras novas e velhas

terça-feira, 4 de maio de 2010

The show must go on

Onte cavilava aqui sobre o nível de desempredos ligando-o com o nível da dívida familiar e advertindo da necessidade de rachar desde a esquerda altermundista com o "consenso ultraliberal" do binómio político-mediático da II Restauraçom bourbónica. Nom me resistia a fazer um levantamento do que é que di essa esquerda altermundista quando fai o diagnóstico da crise actual, ainda que seja suscintamente.


Como indica Robert Brenner (1) em torno a 2000 produze-se umha explosom no mercado de valores pola borbolha tecnológica onde uns empréstimos desorbitados batiam com umha economia real dessas empresas de mui baixa rendabilidade, mas as injecçons eram possíveis em privisom da subida da suas acçons. Esta dinámica produze investimentos massivos que agudizam a sobrecapaciade do mercado, baixando custos, aumentando a competência e, em última instáncia, reduzindo os benefícios. A borbolha estoupou e a única razom de que o período nom rematara num colapso foi o crescimento da dívida das economias domésticas, permitindo um boom do consumo e do mercado imobiliário que hoje foi ultrapassado num cenário onde cresce o desemprego e a dívida das economias em proporçom ao PIB alcançou cifras insostíveis anunciando umha recensom muito mais profunda, umha auténtica crise do sistema-mundo, na visom de Guovanni Arrighi, umha nova correlaçom na hegemonia mundial e, daquela, nom hai saída ao meu ver, polo de pronto, à crise como se pronostica no artigo de Óscar Ugarteche (2).

A crise das economias domésticas actual é comparável a conversom da dívida externa em dívida eterna na década de oitenta, quando se abandonou o keynessianismo e se advogou por um dólar alto e taxas de juros igualmente elevadas, o que favoreceu inebitavelmente a financiarizaçom da economia, a primacia unívoca do capital-financeiro sobre o capital-mercadoria e o capital-industrial, que passou do centro para a periferia (3). Esta primacia do capital-financeiro abriu-lhe novos mercados, por exemplo o sector imobiliário, mas constrigiu a manufactura. A subida do paro e o endividamento familiar nom produzirám mais excedentes de capital-trabalho até um ponto de deflagraçom social inevitável.

Está já em Marx (4), quando afirma que "o roubo do tempo de trabalho alheio sobre o que funda a riqueça" aparece como umha esterqueira toda vez que "o trabalho deixa de ser, necessariamente, a sua medida, e, por ende, o valor de troca deixa de ser a medida do valor de uso". A propriedade privada solidária com a lógica mercantil do capital-mercadoria e com a acumulaçom do capital do leviatám do capital-financeiro ispe pouco a pouco o nível de vida das maiorias sociais. O eixe Norte - Sul desdebuja-se na base da pirámide social, as relaçons centro - periferia tambaleam-se. Os meios de produçom substraim-se aos trabalhadores, o privado inça o fetichismo da mercadoria e a reificaçom das relaçons sociais. Estamos aviados, como no XIX, quando na Inglaterra privatizárom a propriedade comunal camponesa, prometem-nos que a privatizaçom e a mercantilizaçom das sementes, a auga, a sanidade, o ar, a educaçom e a supresom de todo o público arranjará todos os nossos males: a fame no mundo, a falta de trabalho... Os indicadores vam no outro sentido: 1.000 milhons de pessoas morrem de fame no mundo, milhons e milhons morrem porque nom podem pagar a vacina contra o SIDA, os labregos perdem os meios de produçom a prol da empresa privada (até no Norte), o desemprego alcança cifras de infarto... Como dizia o Cícero:

"Quousque tandem, Catilina, abutere patientia nostra? Quam diu etiam furor iste nos eludet, quem ad finem sese effrenata iactabit audacia?" (5).

Mudando apenas umha palavra, até quando, Capitalismo, vas a abusar da nossa paciência? Por quanto tempo é que se burlará de nós este teu furor? Onde é que estará o final aonde se lançará a tua audácia desenfrenada?.

Em conseqüência, podemos afirmar que os desenvolvemntos financeiros som mui irracionais e sempre precedem as grandes depresons, porque o capital-financeiro nom produze nada e o único que lhe interessa é especular com os lugares de onde poda tirar o máximo lucro possível. Daquela, a acumulaçom por expropriaçom deu-se com os empréstimos ao Terceiro Mundo, onde o holding da banca do Norte através do FMI e o BM permitiu a ausência de competência e a incapacidade de negociaçom da dívida, que passou de externa a eterna.

No entanto, a banca permite-se seguir avante com este processo de destruçom criativa porque sabe que os estados sempre estarám aí para socializar as perdas que provocam os seus desmans. Dumha banda os estados salvam a muitas companhias e bancos da queda, e por outra banda o seu processo de acumulaçom dispara-se fazendo-lhe empréstimos a esses mesmos estados que os resgatárom, inçando a dívida pública e convertendo o estado num espaço privado do capital-financeiro e nom do trabalhador-consumidor que perde a sua condiçom de cidadao.

Com Clinton a finança viveu o seu apogeu, período imediatamente precedente a entrada em recesom. Quando a borbolha dos noventa, que em nada beneficiou a classe operária, caiu, os avoitres da antropologia da corrupçom perguntavam-se de onde iam sacar os quartos agora que Brasil, Argentina e o mercado de valores ianqui estavam praticamente exangües. A quem podiam expoliar num momento em que nom existem ganhos na economia real? E de repente surgírom das cinsas os estados sociais: Grécia, Eurolandia e o iem. The show must go on até um novo 29.

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(1) Mariño Beiras, Martiño e Araceli Varela Sánchez (2004): Á man esquerda, Laiovento: Compostela, pp. 69-87.

(2) Óscar Ugarteche (2010): "Grecia e a cuarta etapa da crise" em http:revoltairmandinha.blogspot.com/2010/05/grecia-e-a-cuarta-etapa-da-crise.html

(3) Por exemplo a transferência do naval galego quando a sobrecapacidade o fai perder competitividade com um país da periferia como a Coreia do Sul.

(4) Marx, Karl (1989), Manuscritos de 1857-1858, Siglo XXI, tomo II, p. 228.

(5) Catilinam, I, I, 1.



5 comentários:

Xan disse...

O que se bota de menos logo das reflexións, os congresos, os foros, as mil e unha reunións, os comunicados, as fotos, as análises, é a aplicación practica global e en cada País en particular. Nunca hai propostas claras que os cidadáns podamos entender, nunca hai pasamanos aos que poder asirnos. A sociedade en xeral está cansada dos grandes discursos. Seria mellor baixar do pedestal e facer propostas sinxelas, claras, concisas. Ensinarlle ao cidadán como pode cambiar as cousas e non só cambiando a dirección do seu voto, que tamén. O voto cambiase cunado o cidadán visualiza o modo de loita no día a día.
Un articulo moi interesante como sempre.
Unha aperta

AFP disse...

Eu nom o vejo tam assi. A esquerda leva demasiado tempo dirigida por burócratas e gestores grises que nem conhecem nem lhes interesa fazer um levantamento, umha diagnose, do capitalismo actual. Esse para mim é sempre o ponto de partida, porque só desde aí se podem fazer propostas concretas (eu acho que desde a instáncia local principalmente) e evitar que a direita acabe marcando a agenda através do binómio político-mediático.

Na Galiza o "lio" das caixas é bastante significativo. O país tem problemas maiores como para que a pretendida esquerda se durma com Caixanova e Caixavelha. Umha aperta companheiro.

Xan disse...

É certo o que dis, pero tamén é verdade a falta de concreción das alternativas. As caixas son un ferramenta para o desenvolvemento dun País non me parece unha cuestión menor, por moito que o diga Beiras agora. Poderiamos chegar ao conclusión para que Beiras teña razón, acabar por darlle a razón a un lercho como Abel Caballero. Sen autonomía financeira, sen financiamento propio non hai País e non é unha cuestión baladí. A min gustaríame que a axenda marcásea a esquerda nacionalista, pero ao final é unha cuestión menor en comparación cunha axenda que resolvese os problemas de Galiza como País.

AFP disse...

Gostei bastante deste artigo do Xavier Vence:

http://www.altermundo.org/content/view/3222/1/

"Non é demagóxico recordar neste momento que o gasto militar español absorbe o 1,8% do PIB e preto do 5% do gasto público total, que o noso acompañamento á guerra imperial en Afganistán absorbe –o recoñecido– uns 500 millóns de euros por ano. Tampouco son baladí os 170 millóns de euros que van vía IRPF á Igrexa Católica que xuntoa coas demais axudas, bonificacións e subvencións se valoran nuns 5.000 millóns de euros. Por suposto, as Administracións Públicas poderían aforrar moitísimo en publicidade e axudas para aloumiñar a prensa. E diante da imperiosa necesidade de aforrar, cabe preguntarse por que malgastamos os 99.000 millóns de euros habilitados para un FROB que ten esencialmente a vontade política de forzar a remuda e bancarización do sistema de caixas e non o deixamos reducido ao mínimo necesario para afrontar aquelas situacións que realmente precisen de rescate. Tamén é certo que podemos aproveitar para facer unha racionalización dunha administración central e periférica do estado que resulta hoxe disfuncional e redundante co estado das autonomías".

As caixas nom tinham urgência nengumha de se fusionar, e a injecçom económica podia-se orientar a sanear a sua dívida e recuperar a sua dimensom histórica.

A fusom actual servirá simplesmente para a sua bancarizaçom e para que a meio-longo prazo remate absorvida por um banco ou caixa (bancarizada) nom galega. Assi pois, nom ser curta a deriva desvicionista destas entidades, mas reforça-se e desamalhoam-se dum jeito já quase total da sua funçom social, como aquelas caixas de socorro e auxílio.

Umha caixa nom é um banco mais que deva invertir em tixolos e bonos-lixo, mas pola contra (como a Caixa Rural Galega de que nunca se fala) deve gerir os aforros de labregos, trabalhadores, marinheiros, funcionários... quer dizer, das classes trabalhadoras deste país. Gerí-los nom para desviá-los a inversons especulativas ou para fazer do dinheiro umha mercadoria em si mesma que remate por desfazer todo tecido produtivo da economia real, ao reventarem borbulhas como a imobiliária (terreno onde jogavam com gosto Caixanova e Caixa Galicia - mais esta última):

"A lóxica do capital é "realizar" un beneficio, e iso faino en diñeiro na esfera da circulación -no mercado. Mais só operando na da produción pode "valorizarse", pode detraer directamente o incremento de valor que logo transforma en beneficio ao vender o produto. Se só opera na circulación poderá obter beneficio a custe de que outros capitais perdan, mais non por "realizar", converter en diñeiro, un incremento de valor que só se xera na produción -agás que se aproprie do xerado en procesos produtivos non-capitalistas, como as esplotacións leiteiras labregas galegas, por caso, ou, por suposto, tódalas formacións precapitalistas da periféria do sistema espoliadas meiante a "troca desigual" analisada no seu dia polos Arghiri Emmanuel, Samir Amin e demáis".

http://www.galiciahoxe.com/portada/gh/encol-da-crise-diagnose-alternativas-iv/idEdicion-2010-05-09/idNoticia-545036/

Assi as cousas, para os trabalhadores as caixas nom vam solventar os seus problemas, que deveriam ser para os que obstinadamente se giraram as acçons e diagnoses da esquerda.

Avelaíña disse...

O único seguidor que tiña, deixou de selo jeje