Palavras novas e velhas

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Mucha policia, poca diversión.

"A crise actual nom é só umha crise económica, é umha crise 'política e moral', um crise de civilizaçom inerente, às contradiçons próprias da lei do valor. Como já o preveu Marx, a reduçom de todo, incluso das relaçons sociais, a tempo de trabalho abstracto, a medida que inça a socializaçom do trabalho e medra a incorporaçom do trabalho intelectual ao processo de trabalho, devem cada vez mais miserável e irracional. Esta crise social e ecológica traduze-se em fenómenos de exclusom e desemprego massivo devido à incapacidade do mercado para ordear a longo prazo as relaçons da especie humana e as suas condiçons de reproduçom naturais", Daniel Bensaïd: Cambiar o mundo (2004).



Já é oficial. A taxa de desemprego no Reino da Espanha da II Restauraçom bourbónica atingiu a cifra de 20'5%, percentage inédita desde o quarto trimestre de 1997 e isso tendo em conta que os diversos governos levam anos inventando requisitos para adelgaçar as cifras de parados em centenas de milheiros. De por parte cada vez a "espantada" grega galopa mais perto do Estado espanhol: Grécia aguarda chegar aginha a 20% de desempregados que aqui já existem, temos um nível de dívida catalogado pola agência Standard & Poor's mais negativamente do que em anteriories ocasions e recomendando o de sempre "flexibilizar o mercado de trabalho". Mais indicadores poderiam adjuntar-se como que a dívida familiar do Estado espanhol já supera a grega e representa 87% do total do PIB, umha bagatela vamos.


No último ano o número de desempregados aumentou em 602.000 pessoas e chega a 4'6 milhons de pessoas, contando já com um 1'3 milhons de lares onde todos os seus integrantes estám desempregados, 230.000 mais do que fai um ano e 78.500 mais do que no trimestre anterior. Até quando? Os parados de longa duraçom, mais dum ano desempregados, incrementárom-se em 72% e atingem já a cifra de 1'7 milhons de pessoas. As taxas de desemprego juvenil (20-24 anos) roçam 40% e poderiam até superar essa cifra, 604.200 desempregados a dia de hoje. Já hai mais um milhom de desempregados crónicos, esses que por idade toda vez que perdem o seu trabalho é-lhes impossível conseguir outro. O nível dos autónomos sem assalariados desceu brutalmente (109.700 no último ano).

Os partidos políticos, esquerda ou que criamos que era esquerda, seguem jogando ao "consenso ultraliberal", uns cargam mais o bombo, outros adereçam-no melhor. "La culpa es de los inmigrantes". No mundo pós-Berlim onde existem mais muros do que nunca o racismo e o ultranacionalismo som a melhor pílula para agochar umha recrudescida luita de classes, onde por certo a classe trabalhadora se topa mais desorientada e débil do que nunca antes em todo o século XX. As cifras desmentem isto, o desemprego nos estrangeiros aumentou em 55.200 pessoas no trimestre anterior, com umha taxa de 30'9%. Enquanto para os moradores do Reino a taxa de actividade desce sete décimas para os estrangeiros sube 1'16% até 77'28%.

Nom é por acaso que a destruiçom de emprego seja mais acusado entre os varons e os estrangeiros. A queda do boom imobiliário, que junto à indústria concentram a destruiçom de emprego maioritariamente, explica à perfeiçom isto. O sector serviços pola demanda de bens de consumo resiste... por agora. O carácter de acumulaçom por desposesom da primacia do capital financeiro está por trás do aumento dramático da dívida familiar e com a nova reforma laboral a estagnaçom e queda no consumo podem afundir-nos numha grande depresom de gravíssimas conseqüências. Com umha esquerda de férias nom é defícil adivinha que é o que vai impor-se no Reino da Espanha.

A recentralizaçom galopante tolerada pola esquerda e encabeçada pola direita nom fará mais do que agravar o eixe Norte-Sul do Estado - cada vez mais nítido até nas taxas de desemprego (Estremadura 23'4%, A Mancha 21'6%, Andaluzia 27'2% e Canárias 27'7%). O modelo de tixolo e sol quedou e finiquitou o dinamismo económico no Sul ainda mais do que no Norte, por nom falar dum reparto da terra muito diferente ao do Norte (os camponeses em crise permanete na Galiza durante décadas perdem quartos e mais quartos e muitos som realmente desempregados já que trabalham para o francês).

Pola contra, onde a desentralizaçom foi nom só no gasto mas tamém nos ingressos a cousa muda. Em Euskal Herria, ainda que com um governo nefasto, vê-se que o dinamismo económico da comunidade e a pluralidade do seu sector industrial dam liçons ao resto do Estado. E o mesmo em Nafarroa. Euskal Herria reduziu o número de desempregados em 9.400 com respeito ao trimestre anterior e conta com um "tolerável" 10'9% face o 12'3% de Nafarroa. Galiza, lembremos os empregos no campo e no mar, o nível chega a 15'5%, inferior a Madrid e Catalunya, mas com umha populaçom activa infinitamente menor. O agente Feijoo que ia pôr fim ao paro num mês olha impotente a como se dispara o desemprego.

Elena Salgado anunciu o enésimo plano de estímulo económico, a partir de 26 medidas com as que conta criar 350.000 empregos, que ainda que fora certo supom unicamente atender 8% do paro actual. Surrealista para um modelo da Terceira Via cada vez mais desdibujado e chavacano. Dixérom-lho os que nunca se repregárom as distorsionadas images dumha socialdemocracia cada vez mais ultraliberal e desnortada. A linguage, análises e conceptos da esquerda clássica fôrom apagadas por umha linguage próxima ao cidadao, umha linguage ideotizadora que bota nas maos do ultranacionalismo espanholista ao proletariado. De por parte, a vicepresidenta económica do (des)governo dinástico anunciou que perante estes dados económicos os orçamentos de 2011 terám de ser mais retroactivos. Se nom tocam a sanidade, a educaçom e os serviços públicos onde é que vam reduzir? A suba do IVA, em Grande Bretanha hai quem suspeita que atingirá 20%, nom é mais do que um imposto directo que beneficia aos que mais tenhem e reduzer o poder aquisitivo dos que menos tenhem, com, no melhor dos casos, congelaçons salariais. Arde-lhe o eixe Norte-Sul, arde-lhe o carro burguesia-proletariado.

Umha pantasma percorre a Península. A dos especuladores que intoxicárom estados desfazendo-se dos seus bonos tóxicos e passando-lhe a podrémia ao público. Grécia é a ponta do iceberg. A banca alemá e francesa quedará com essa dívida e necessitará socializar novamente perdas, con dos cojones. O Yen está no ponto de mira, o volume de dívida do Reino Unido passa muito por cima do grego, e os mercados já nem disimulam que venhem para Portugal, Irlanda, Itália e o Reino da Espanha. Os EUA refregam as maos, porque a sua primazia económica mundial consiste em recolocar a sua falha de crédito em terceiros, no controlo do capital-financeiro mundial. Porém, a sua hegemonia está tocando fundo. Quando a Grande Bretanha se viu obrigada a manter a sua hegemonia mediante o capital financeiro e o militar a sua hegemonia rematou abrindo um período de 70 anos em que outras potências daquela "emergentes" ocupárom o seu lugar. China, Índia e Brasil aguardam o momento dumha recomposiçom do organigrama mundial. Quiçais seja precipitado fazer estas prediçons mais alguns indicadores parecem sugerir esta possibilidade.

No Estado espanhol a meirande preocupaçom é fazer umha nova reforma laboral que avive o lume da acumulaçom por desposesom, da destruiçom criativa de que falava David Harvey. Umha cirugia-de-ferro que só fará piorar a situaçom e incrementar os níveis de desempregados... alguém lembra quantos milhons de desempregados havia na Alemanha da República de Weimar no imparável ascenso do NSDAP? Alguém lembra como em 2001 as facilidades para o despedimento aprovadas polo PP causárom agora em 2009 900.000 de 1'1 milhons de postos de trabalho destruídos? Alguém acredita em sindicatos de "classe" seqüestrados polas ajudas do Estado que servem para liberar aos" seus", que nom som o conjunto da classe operária desde logo?

O governo Zapatero pretende aforrar 280 milhons, a tam manida austeridade (mas já se sabe que o barato sai caro), congelando o funcionariado - um dos mais baixos da UE-. Ou nom apredêrom nada do que se passa no Reino Unido (lá tampouco o figérom porque ganhe quem ganhe seguirám-no recortando) ou sabem e calam que com isso medrará o fraude fiscal e crescerá ainda mais a economia submergida que logo atingirá cifras de escándalo. Porém dá-me a mim que saber sabem-no porque a substituiçom do estado social polo penal praticam-na com eficiência:

"Las 1.989 plazas de nuevo ingreso se concentran especialmente en las Fuerzas de Seguridad del Estado y en las Fuerzas Armadas. Se reparten así: 222 para la Policía Nacional; 232 para la Guardia Civil; 754 para las Fuerzas Armadas y 781 para la Administración General del Estado".

"Mucha policia, poca diversión", já o dizia a cançom. Tamém planejam como em Grécia congelar os ordenados dos funcionários a vez que os investimentos em educaçom e sanidade seguem descendo. O New Dehal e o velfarismo morrérom, e o ultraliberalismo volta com fôlegos renovados e com a segurança de que fagam o que fagam a cidadania nom reagirá perante a globalizaçom/mundializaçom ultraliberal descendente dependendo de se nos atemos à terminologia anglófona ou francófona. A nova reforma laboral entregará-lhe as mútuas a decisom de outorgar baixas por incapacidade laboral absoluta, a Seguridade Social ficará para socializar perdas, coma o Estado no seu conjunto. O trabalhador-consumidor nem sabe nem suspeita que as luitas e conquistas de mais dum século poderiam perder-se em duas décadas. A esquerda segue cega e nega-se a assumir a realidade.

O "consenso ultraliberal" como dogma penetra por igual em todas as forças políticas da II Restauraçom bourbónica. O problema nom foi a especulaçom dos mercados financeiros, desesperada baça por manter um sistema-mundo em descomposiçom social, moral e económica. O problema é dos "despilfarradores" estados sociais da UE. O problema é que os ordenados som mui altos (quando levam desde fai anos medrando por baixo do IPC maiormente) e impedem o processo de acumulaçom do capital que perde de ganhar milhons de euros. Perder de ganhar? Nom perde de ganhar o trabalhador estafado polo capital financeiro com a suba das suas hipotecas? Atafegado polo consumismo que o consome? A mais valia da mais valia, boa mais valia será.

O republicanismo, a defesa da res pública perante o privi legium, é cada vez mais exíguo. O BNG sem temom, nem Norte afunde a cada novo inquérito e parece que a ninguém lhe importa o mais mínimo. As canles de codecisom, participaçom e aproximaçom entre a sociedade civil e a instáncia política estám tam desmanteladas como os centros industriais em que se concentrava o proletariado nos 90. Nom se extinguiu o proletariado combativo e mais facilmente identificável. Simplesmente emigrou. Que lho perguntem ao sindicalismo de Coreia do Sul, as massas proletarias de China, aos países do terceiro mundo que seguem a Terceira Via (ainda que se qualifiquem como socialistas) e tentam retomar o estado para as maiorias sociais.

"Na trastenda destes fenómenos está a operarse un proceso que, de proseguir, conduce á crise da xa referida "correspondencia necesária" entre base económica e superestruturas ideolóxica e política -que, por certo, ten como correlativo fenómeno crítico o percibido polo común como "divorcio" entre a "sociedade civil" e o aparello de poder político. Históricamente, se a correspondencia entre base e superestrutura acada o punto límite da creba, ábrese unha transición sistémica de longa duración, na que se "remudan", digámolo así, as tres instancias das formacións sociais, e non só o modo de produción stricto sensu", Beiras Torrado.

Enquanto todo isto se passa, a esquerda altermundista e anticapitalista do Bloco de Esquerdas, do Die Linke ou a seguidora do Daniel Bensaïd na França segue sem aparecer claramente perante os olhos da cidadania. Seguimos numha cárcere esperando que volva ser o que foi o BNG. Nom volverá, jamais. Som demasiados os vampiros e as lapas que vivem do aparato, que medrárom na sua sombra e que nunca vírom a luz do sol fora del. Convidam ao seu analista e intelectual mais lúcido a marchar. Aqui o único problema é que as caixas tenham sé na Galiza - nom que sirvam ao povo e sejam públicas realmente- e o decretaço do galego. E este discurso que é para os nacionalistas com emprego ou para o comum da ciudadania desempregada?

Um modelo, o do BNG, que se adiantou à recomposiçom da esquerda mundial em mais de duas décadas já só é parte do passado. Um modelo que superava o maximalismo, que tendia posturas na divergência, que integrava movimentos da sociedade civil mais consciente no seu interior. O mismo para o sindicalismo. O fascismo volta camuflado e com subtileça, a ideotizaçom da massa nom tem parangom, o franquismo sem Franco é a democracia realmente existente (cada vez mais: estatut de Catalunya, impossibilidade de condenar o nacional-catolicismo e os seus sicários, a corrupçom como norma...). Isto nom o arranjamos entre todos, isto arrajamo-lo com esquerda real, ou com esquerda real. Muito politiqueio e poucos políticos. Nom avonda com dizer que quando se ameaçam massivamente os postos de trabalho baixa a combatividade dos trabalhadores. Hai que descer a ágora, hai que partilhar a dor e a raiva dos explorados, hai que fazer ver aos cegos e andar aos cojos... hai que, em definitiva, ouvir ao povo que lhe di à esquerda institucionalizada que "com as bragas enjoitas nom se pilham as troitas". Atentos!






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