Palavras novas e velhas

domingo, 13 de dezembro de 2009

Mocidade e participaçom política. Estado da mocidade nacionalista organizada em Galiza Nova e algumhas chaves para a compreensom do divórcio entre moc


Nota bene: o presente texto é um desenvolvimento dalgumhas questons argüidas por mim na palestra E ti porque passas da política?, organizada pola Mocidade Socialista Galega (MSG) a quinta-feira, dez de Dezembro de 2009 na sala 4 da Faculdade de Medicina com motivo do centenário da licenciatura de Afonso Daniel Rodrigues Castelao.



Em linhas gerais é aplicável à mocidade nacionalista galega o que se lia no artigo “Compremetidos y sobradamente preparados” aparecido semanas atrás no jornal basco Gara com motivo da detençom de moças e moços da esquerda abertxale aos que só podo expressar-lhes desde aqui a minha solidariedade.
Estes detidos eram a ponta de lança das luitas sociais do seu entorno, a maioria cursárom estudos com normalidade e, para além da sua abnegada militáncia política, trabalhavam em diversas associaçons e movimentos sociais.
Estes detidos som os que nom agocham as suas ideias, espalhando-as ao falar freqüentemente de política e com 61'6% da mocidade abertxale integrada nalgumha associaçom, sendo os mais informados e os menos materialistas. Som, portando, os mais perigosos para qualquer sistema que propugne o individualismo e a desinformaçom como garantes da alienaçom.
Estes detidos na Galiza seriamos nós, os arredistas galegos, como fôrom os maiores artífices do tecido social em 1939, inundando as “cunetas” da nossa naçom.

A segunda questom que queria comentar entronca com a dúvida de se devemos desde o nacionalismo emancipador galego fazer umha revisom da situaçom da sociedade galega e nomeadamente da mocidade, assunto que hoje ocupa a nossa atençom como integrantes da organizaçom juvenil Galiza Nova. A resposta de cabeça é sempre, seja qual for o momento, um rotundo si, se queremos que as nossas acçons políticas se adaptem às necessidades da nossa naçom e aos desejos da esquerda social e transformadora da nossa naçom, a Galiza.
Dentro desta análise semelha enquadrar-se, em minha opiniom, o acto de hoje, que projecta no fundo que nom avondou o debate produzido na assembleia de Galiza Nova para reflexionar sobre a situaçom da mocidade. Quiçais seja assi porque a aplicaçom de cronómetros e maiorias-rodilho sobre o confronto e o debate de ideias convertem a elaboraçom duns textos teóricos em simples artifício retórico, sem conseqüências sobre a praxe política... e a cousa vem infelizmente de longe.
Caberia perguntar-se pola produtividade, aliás, deste debate se nom somos capazes de que isto seja um primeiro passo para a elaboraçom dum programa de acordos e mobilizaçons consensuadas, desde umha análise plural e no possível ecléctica para possibilitar uns acordos programáticos que preencham a Galiza Nova dum ar novo. A contrário pode nom passar de simples “auto-bombo” para as posiçons críticas com a direcçom que seguirá aplicando a frialdade aritmética para a implementaçom da acçom e a direcçom políticas da organizaçom.
Em todo caso, a orfandade e a desorientaçom da Galiza Nova actual necessita de actos de reflexom colectiva e urgente, orientados a toda a militáncia e ainda a simpatizantes e a outros colectivos arredistas e da esquerda social, canalizando-os desde as comarcas, para que exista umha verdadeira retroalimentaçom, premissa que exige horizontalidade e nom verticalidade. Umha horizontalidade que deveria situar-nos novamente numha posiçom de força entre a mocidade da Galiza para as vindouras eleiçons municipais.
Os bandaços políticos e a supeditaçom ao BNG-governo de Galiza Nova conduzírom a um divórcio mais ca evidente com grande parte da mocidade, enquanto desde o Olimpo se falava de projectos, projectos e mais projectos e mais projectos para o 2030... sem mobilizaçons contundentes contra a situaçom laboral da mocidade ou o Plano Bolonha, desilusionando à mocidade que acabou em parte escorando-se fora do BNG ou caindo na passividade imposta polo discurso da II Restauraçom bourbónica.

A terceira questom, já adiantada em parte na análise de GN vai encaminhada à configuraçom do sistema político actual, as organizaçons que nel operam e a necessária ruptura com el mediante alavancas horizontais, dinámicas e plurais.
A sociedade galega de hoje fica, na sua maior parte, instalada na desorientaçom e no vazio ideológico, a mercê da política-mercadotécnia e das campanhas goebbelsianas do binómio político-mediático da II Restauraçom bourbónica, sem capacidade nem referentes críticos para reagir.
O processo de convergência dos partidos políticos de corte tradicional acelerou umha espiral de ignoráncia, em que se deturpam cada vez mais os conteúdos para fazê-los assimiláveis, mediante a demagogia e a reiteraçom, para todas as classes sociais, que acabam votando (no caso dos trabalhadores) contra os seus próprios interesses, através da camuflage da perda de prestaçons públicas e liberdades, por meio dum discurso furibundamente individualista, da família nacional-católica e dum nacionalismo estatal ultramontano que pretende acochar a luita de classes valendo-se tamém de think thank como as FAES e ainda de associaçons cívicas orientadas contra o aborto e outros direitos colectivos, entre eles os lingüísticos – Galicia bilingüe-.
O arredismo galego é o único que está em condiçons de oferecer umha alternativa a esta perigosa direitizaçom de Europa. O nosso nacionalismo emancipador contrapom-se ao seu nacionalismo opressor e como expressava o Lenine na sua obra O direito dos povos à autodeterminaçom o nosso particular “povo russo” ibérico nunca será verdadeiramente livre enquanto continue oprimindo sujeitos colectivos de soberania como a Galiza, Asturies, Aragom, os Països Catalans ou Euskal Herria.
A missom é clara, o “todos os políticos som iguais” vai encaminhado a destruir a esperança, desmantelar a política real – a feita na base da sociedade civil, para implementar o “poliqueio” numha democracia apenas formal, que permita ao Imperialismo capitalista, na sua fasquia actual da globalizaçom descendente ultraliberal, atingir todos os seus alvos, ainda a custa do planeta.
Umha poliarquia, em fim, onde a elite económica transnacional dirige e os servos ratificam na democracia de votar e calar ou bem sofrem as conseqüências do “truísmo” ocidental. Este modelo permite que o centro absorva os recursos da periferia até situar o planeta nas postrimérias dumha Idade Média, como as que se dam no colapso das civilizaçons nucleadas por impérios ao longo da história, ou, ainda pior, radicará-nos a toda a humanidade no fim do viver e no início do sobreviver, situaçom que já padece grande parte da populaçom mundial.
De facto, 80% das riquezas e dos recursos naturais som usufructadas por 20% da populaçom. Agora que seica estám de moda os piratas podemos lembrar que a pesca desde 1950 passou de 18 a 100 milhons de toneladas métricas por ano e ¾ dos caladoiros estám esgotados ou em vias de esgotar-se. 50 % é já património de 2% da populaçom no maior genocídio da história com um milhom de vidas em jogo pola fame. A dicotomia é clara: “socialismo ou caos”.
A criaçom dumha esquerda real e transformadora com vontade hegemónica, antissistémica por definiçom e coerente com o seu horizonte revolucionário, exige superar as tentativas que tivo o BNG de converter-se numha força sistémica mais, ainda que local dentro do paradigma espanhol da II Restauraçom bourbónica, tentando absorver a um eleitorado historicamente refractário ao BNG e que, com certeza, o seguirá sendo se nom se mudam os horizontes de expectativas da sociedade.
Pola contra este modelo caught all afastou a esquerda social do BNG e o seguidismo e a supetitaçom de GN como o BNG-governo escorrentou definitivamente à maioria da mocidade galega da nossa organizaçom. É mais, no caso de GN é ainda mais grave do que para o BNG, já que mentres este se segue a ver, entre amplos sectores da populaçom – ainda que a cada passo mais constritos polas razons aduzidas, como um instrumento útil e umha força política genuinamente de esquerda; Galiza Nova semelha ferida pola endogamia, a falta de projecçom social e um distanciamento constatável até com a mocidade nacionalista ou quando menos favorável com o seu discurso. Enquanto isto ocorre, seguimos actuando com os mecanismo que a psicologia descreve de grupaloides, incapazes de partir desde análises internas e externas correctas que permitam voltar ser um referente juvenil.
Galiza Nova só servirá como instrumento de emancipaçom nacional e social se muda completamente o seu esquema de acçom para converter-se na voz das demandas reais da esquerda social e, como veículo desta, fazer convergir a cidadania em fluxos cada vez mais amplos da sociedade civil com consciência de classe, algo muito diferente a procurar apenas “nichos de voto”. Só desde a horizontalidade e a esquerda social podemos, como esquerda política, desenvolver a armadilha em que caia esganado, trepado e botado por terra o espanholismo no alvor dumha Galiza independente e socialista.

A quarta e última questom pretende achegar algumhas reflexons epistemológicas para a análise da situaçom da mocidade e o decisório elemento que a afasta, em minha opiniom, da política: a alienaçom implementada polos média da actual democracia formal.

O conceito do horizonte de expectativas (Erwartungshorizont) foi formulado por Jaus no marco da “Estética da Recepçom” como mecanismo para descrever as distintas concretizaçons dumha obra literária ao longo da sua história. Esta teoria desenvolve-se na década de sessenta com a sua efervescência política e bebe de Gadamer, Hurssel e Heidegger, concretizando-se na epistemologia de Karl Popper e na sociologia de Karl Mannhein.
À hora de analisar a desafeiçom da mocidade pola política nom podemos deixar de lado as novas formas de alienaçom que constringem o horizonte de espectativas vital da sociedade galega e ocidental em geral, pola uniformizaçom produzida pola globalizaçom ultraliberal descendente. Mannhein falava dos princípia média, leis mediante as que se estrutura o pensamento dumha sociedade num tempo e num lugar concretos, mas poderiamos aventurar que os “princípia média” passárom nas sociedades actuais a converter-se num ditado ou ditadura do “pensamento único” difundido polos “principais média”.
Entom, como esculcadores da realidade social, devemos identificar e ponderar sistematicamente estes fenómenos de alienaçom: a militarizaçom da mocidade, a penetraçom do discurso espanholista e neofascista, a desgaleguizaçom galopante, a falta de ética e valores políticos, a recrudescência do patriarcado, a cousificaçom do humano (feito fetiche e mercadoria através da propaganda e a publicidade), a desinformaçom generalizada – ausência de hábito leitor, falta de espírito crítico..., as formas de lazer e as drogas, a precarizaçom e a excessiva dependência do “colchom familiar”, a fabricaçom dumha sociedade-passiva, narcisista e escrava do consumismo como arma de perpetuaçom da II Restauraçom bourbónica... Em resumo, novas e velhas formas de violência sobre a mocidade.
Destarte, para o Mannhein umha sociedade inestável destrui o marco precedente de eventos sociais em que se baseava o comportamento anterior abrindo o horizonte de expectativas dessa colectividade. Em períodos de crise e revoluçom, mais ou menos acusada, dá-se no social o que Thomas Kuhn preconizara para o avanço científico, ainda de escassa fortuna para o paradigma das ciências sociais.
No entanto, a esquerda nom conseguiu penetrar no momento actual entre grandes capas da sociedade e ainda nem tam sequer entre capas permeáveis ao seu discurso, como a mocidade, entre outras cousas pola ausências dumha sistematizaçom e identificaçom desse horizonte de expectativas social, identificando as diferenças que se estabelecem entre classes sociais, ámbitos geográficos e de idade... Isto nom se resolve, naturalmente, com a simples estatística, porque do que se trata é de transformar esse horizonte de expectativas e nom apenas de interpretá-lo.
Porém, é igualmente certo que temos por diante umha boa oportunidade para incrementar a nossa base social já que as crises ideológicas nom som concorrentes sempre com as económicas, quer dizer, retrassam-se por vezes e devemos ser capazes de, com a nossa acçom e ética políticas, abrir umha revoluçom quando menos no horizonte de expectativas social da mocidade galega. Só assi poderemos caminhar para a hegemonia da esquerda arredista.

O conceito de redes da sócio-lingüística é igualmente adaptável e tamém muito interessante para o processo que cumpre consolidar com força na vindoura década e que permitirá o incremento da consciência ideológica e da nossa base social, para além dumha correlaçom de forças entre classes.
A implicaçom da mocidade nacionalista nas diversas associaçons e movimentos sociais é vital para apontalar com garantias a nossa base social hoje exígua para GN e ainda notável para o BNG, para assegurar a presença do nosso discurso no magma social. Isto exige antes de mais umha militáncia múltipla desde GN até associaçons vizinhais sem aparente conteúdo político, mas que fam política em redes densas e fechadas ao terem que enfrentar desafios colectivamente.
Devemos optar, em fim, por tecer e conscienciar redes abertas e dispersas. Abertas porque nom serám sempre próximas a nós, ou seja, nom estarám subalternadas e controladas pola elite-clero dumha formaçom política e, neste sentido, serám a base observante e a alavanca para a nossa esculca e análise da realidade, aliás de constituir-se no melhor garante de que as nossas acçons respondam efectivamente a demandas reais da esquerda social. Dispersas porque a a interacçom com todos os membros dessas redes nom será possível directamente como é em associaçons ou movimentos sociais mais restritos. Quer dizer, o papel da esquerda política nom é dar forma nem dirigir, mas coesionar o tecido social actual espalhando-o em círculos sociais cada vez mais amplos e rachando com a pechaçom e o distanciamento dumha GN que segue na sua bola de cristal sem conectar com o pulso do corpo juvenil.
Estas redes de base coesionadas polo arredismo galego deverám contar com a nossa presença para que exista umha retroalimentaçom mútua que dumha parte condicione a acçom institucional do partido político e da outra amplie cada vez mais estas redes de base ao serem vistas como efectivas ferramentas de participaçom cidadá. Estas deveriam ser apenas as células dumha autêntica democracia participativa, as células da revoluçom que permitirám a mudança do sistema actual com a que alguns sonhamos.

O arredismo galego deve caminhar desde o horizonte do socialismo emancipador sustentando-se na auto-gestom, a auto-organizaçom e para ser auto-centrado. Só assi, em minha opiniom, será possível alcançar essa “alba de glória” que lhe permita aos nossos descendentes caminhar “desde o Courel até Compostela por terras libertadas”. Viva Galiza ceive e socialista!

Compostela, no mês da figadeira de 2009.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Resumo e comentário as palestras de Carlos Taibo em Compostela: II Depoimento

5-11-09

O projecto do depoimento que defende o Carlos Taibo é formal e materialmente anticapitalista, premissa desde a qual é imprescindível partir para entender que nom se trata dum lavado de cara mais do capitalismo, trocando ultraliberal, neoliberal no vocabulário do Império, por neosocial ou neokeinessiano.

A acusaçom a Marx de que no século XIX nom contara com os limites ecológicos serviu-lhes a alguns para tirar pola borda toda a sua obra, o que é certamente um despropósito. Cumpre revisar o que faga falta de Marx, sem cair na ínfima consideraçom do problema ecológico dalgumha esquerda ou na centralizaçom exclussiva deste problema dos verdes europeus, esquecendo que o responsável das agressons ambientais é o próprio capitalismo. Destarte, em Engels já hai anunciadas algumhas destas questons no seu artigo inconcluso "A transformaçom do home em macaco polo trabalho".

Nengum projecto de depoimento é sensato se nom contribui a umha resdistribuiçom radical da riqueça, criando coesom social. Aliás, o crescimento económico nom provoca, necessariamente, coesom social, com tam bem se vê na China e traduze-se no esgotamento de recursos escassos para geraçons vindouras e em violaçons ambientais irreversíveis. Para além disso, cria-se umha mentalidade em que o único importante é trabalhar muitas horas e ganhar muitos quartos para consumir com voracidade.

O gasto por habitante sanitário nos EUA é de 5274 dólares por indivíduo e ano, enquanto em Cuba é de 236 dólares, numha relaçom 20 a 1, colocando ao primeiro no posto 72 mundial e ao sistema sanitário cubano no 36. A alimentaçom e as deficiências no transporte cubanas som grande parte da explicaçom a este enigma para a economia convencional. Aliás, e a pesar de ter medrado a renda per cápita nos EUA desde a II Grande Guerra, o ianqui meio é cada vez menos feliz polo geral, inçando-se as enfermidades e os transtornos psicológicos. A disposiçom de recursos tem a ver com a felicidade nons chanços inferiores do desenvolvimento, mas o hiperconsumo refere antes umha situaçom de vazio e infelicidade geral ca da felicidade geralizada.

O Protocolo de Kioto é um parche que adia em bem pouco o desastre, o necessário é apostar polo depoimento e a mudança do sistema. A pegada ecológica mede a superfície planetária necessária para manter o cenário actual, tendo ultrapassado já a capacidade do planeta e, portanto, privando de recursos às geraçons vindouras. Quanto transcrevo as imprensons sobre esta palestra saia um artigo em que se afirma que a pegada ecológica do Estado espanhol necessita de quatro planetas coma o nosso para manter o nosso nível de vida. [consultar artigo aqui].

A defesa do depoimento passa pola reduçom do consumo e a produçom dumha maneira drástica, muito especialmente no mal chamado primeiro mundo e, portanto, exige umha mudança radical das nossas sociedades: lazer criativo face a lazer alienante; repartiçom do trabalho; a reduçom de muitas administraçons e do transporte; democracia directa e autogestom, a supremácia portanto do local sobre o universal em base a um novo contrato social mundial; a primácia da sociedade civil sobre as dinámicas do mercado...

Hai que revisar a consideraçom eurocéntrica das sociedades tradicionais como "atrasadas" (o exemplo dos missionários -vid. vídeos adjuntos a esta entrada). Laotouche é o principal pensador do depoimento, ideia surgida da sua experiência na África, onde sociedades pobres artelhárom medidas colectivas de ajuda mútua impensáveis no individualismo "opulento" europeu.

Determinados elementos do crescimento europeu poderiam servir bem para o desenvolvimento dum depoimento económico. Hai que reduzir drasticamente ou fechar sectores económicos inteiros: militar, publicidade e propaganda, aviaçom, automóveis... Que fazemos com esses parados? Incentivar sectores relacionados com o bem-estar e o meio ambiente e advogar pola divisom do trabalho. Conseqüência os que ganham mais, ganharám menos; teremos mais tempo livre e finalizará o consumo voraz e seremos mais felizes.

De nom fazê-lo decresceremos à toa e nas cinças do capitalismo. O depoimento é anticapitalista, antipatriarcal e libertário por definiçom, apostando pola autogestom. Todo isto é assi porque as poderosas empresas privadas nom cederám rem e, daquela, o ataque a elas é mui necessário.

Como grande panacea alternativa o capitalismo propom a tecnologia e mais concretamente a energia nuclear, que requeriria multiplicar quando menos por três as centrais atómicas actuais até 1300 no planeta. De fazer-se isto só haveria uránio para 15 ou 17 anos e que fazemos com os resíduos e o custo de produçom ainda subvencionado com fundos públicos? A tecnologia da fusom nuclear em que alguns acreditam requeriria polo menos mais de 70 anos de investigaçom... temos tanto tempo? Para a relaçom entre depoimento e tecnologia podemos apor a metáfora do pater familias diligens, ou seja, que podamos dominar a Lei da Gravidade graças a tecnologia nom convida a fazer edifícios sem escadas nem montacargas. É indespensável gerar mais energia renovável e menos consumo.

A crise de 1929 tem similitudes com a que padecemos em 2009. O ascenso do fascismo naquela crise financeira nom é alheia a esta crise, que som realmente crises: mudança climática, encarecimento de matérias primas, sobre-populaçom, expólio de recursos materiais e humanos dos países pobres... Como responde o poder a isto? Resgates ultraliberais para a grande banca enquanto se recurtam prestaçons sociais; refundaçons apenas nominais do capitalismo, como a proposta de Sarkozy; neokeynessianismo ou ultraliberalismo de rosto amável; ajudas ao automóvel para recuperar a indústria... quem andará polas estradas quando o litro do carburante custe a 5€?

Em Marx já podemos topar enunciado o depoimento, se bem é certo que nom tem a ver com o projecto geral que el tinha. Hai que perfilar para o futuro o horizonte que se abre par aos movimentos sociais e a esquerda real quando os cidadaos se fagam perguntas e a resposta esteja no discurso tradicional dos nomeados "radicais" polo oficialismo. Mas, abre-se tamém o horizonte do fascismo, do "darwinismo social militarizado" visível já em muitas políticas de George Bush, de Obama ou da UE e a sua política de emigraçom. O que fica às claras é que o depoimento ou é paulatino ou será anárquico e resultado final do Imperialismo, um grande caos geral a escala planetária.

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+ O rural: insire-se no eido da primácia local sobre o universo. O rural galego mantivo durante séculos unha convivência sustentável com o meio. A teoria do depoimento é ainda geral e deve concretar-se, por exemplo, mas políticas de género, no rural e na urbe, imigrantes, ámbito sindical, sanidade e educaçom. Isto é mui urgente para levá-lo à frente e no rural deve ter em conta o reparto da densidade da populaçom e a propriedade da terra, o que exige umha rede boa de transporte público e nom um AVE.

+ Público / privado (propriedade): nom vale defender o público se está ao serviço do privado. No rural hai que manter e trabalhar a propriedade social - nom estatalizar como o modelo soviético- e desartelhar todas as estruturas tipo Coren.

+ A Galiza padece um neocolonialismo, mas temos que decrescer igualmente já que os recursos expoliam-se desde a periferia para o centro, mas, afinal, consumem-se igual.

+ Cuba é o país do planeta com menor pegada ecológica, o que nom tapa desastres ambientais como o monocultivo importado da URSS e que hoje estám superando ainda. Tampouco a pegada ecológica deve ser o único critério à hora de avaliar e analisar a fasquia e a satisfacçom dumha sociedade.

+ Melhor ca falar de alterglobalizaçom deveriamos falar de antiglobalizaçom, ou matizando-o mais, antiglobalizaçom descendente, ou seja advogar por umha globalizaçom ascendente, socialista, com a primácia do local sobre o universal.






+ Palestra sobre o depoimento em Irunha, Fevereiro 2009.

















terça-feira, 10 de novembro de 2009

Resumo e comentário as palestras de Carlos Taibo em Compostela: I Tchetchênia

Tchetchênia (Gentalha do Pichel, 5-11-09)

O conceito "conflitos esquecidos" foi criado hai umha série de anos, mas trai consigo um problema que é a ideia de que hai conflitos que nom esquecemos quando sabemos que nom é assi. Neste sentido, o Iraque ou a Palestina som tamém "conflitos esquecidos".

Entre nós o interesse polos conflitos diminue quanto mais cara o Leste e mais para o Sul estes se desenvolvam e, segundo o Carlos, o conflito da Bósnia - a 200 quilómetros da Tchetchênia- foi sentido mais próximo por nós do que a guerra civil tatchica numha ex-república soviética, que se estendeu até 1997 desde a sua independência em 25 de Dezembro de 1991. A dimensom Norte-Sul é ainda mais importante, já que conflitos como os do Congo, Uganda ou Darfur som dificilmente ubicáveis para a maioria dos europeus.

A versom russa afirma que desde 1998 a gerrilha tchetchena está finalizada, mas a guerrilha resiste ainda nas montanhas meridionais com força e assesta golpes nas chairas setentrionais. Contodo, a posiçom russa é mais cómoda do que fai quinze anos.

Desde fai anos o exército russo actua com impunidade, sem observadores internacionais, assassinando, seqüestrando e cometendo todo tipo de atropelos cuja maior gravidade é que ficam no silêncio e no esquecemento para o resto do mundo. A dinastia Kadirov desenvolve um programa pro-russo com umha constituiçom que só reconhece o russo como língua oficial - nom o tchetcheno-, baseando-se num "programa de normalizaçom" das autoridades russas e podendo votar nas eleiçons até as forças de ocupaçom o que dá fé do sentir maioritariamente independentista da populaçom tchtchena.

A autoridade russa desfixo-se dos elementos resistentes mais moderados, reforçando a opçom da luita armada para servir aos interesses autoritários de Putin primeiro e de Dmitri Medvedev agora. O grau de destruiçom alcançado na Tchetchenia só é comparável com o da cidade alemá de Dresden na II Grande Guerra (1939-1945) e após o conflito as 4/5 partes da populaçom local morrêrom ou exilárom-se.

A argumentaçom oficiosa russa é de cariz exclussivamente jurídico, já que em 1991 o parlamento da Tchetchênia declarara unilateralmente a independência e a constituiçom da URSS, e logo da Federaçom Russa, nom reconheciam o direito de autodeterminaçom e, portanto, o castigo e a ocupaçom atroz era legal e "legítima", puro "truísmo" imperialista.

Em 1922 a revoluçom blochevique esqueceu-se do direito de autodeterminaçom da Tchetcênia e logo Estáline acusou aos tchetchenos de colaboracionistas com os nazis, quando estes na verdade nunca lá chegárom. As fronteiras elaboradas por Estáline no Cáucaso fôrom bastante arbitrárias e sem contarem para nada com as etnias da regiom, governadas com mao-de-ferro e divididas quase como a África na Conferência de Berlim entre os anos 1922-1936. Quando cai a URSS as repúblicas reconhecidas como federadas atingírom a sua independência e cumprírom assi as suas demandas de autodeterminaçom, nom assi as restantes entidades sem esse reconhecimento. Porém isto é do ponto de vista das nacionalidades completamente arbitrário. Até 1957 a Carélia desfrutava do reconhecimento de república federada, "privilégio" que Nikita Kruchov lhe tirou, mais um exemplo da arbitrariedade do processo de autodeterminaçom no Leste.

O conflito político da Tchetchênia passa por cima do elemento jurídico com muito e em dous séculos os tchetchenos nom fôrom consultados em nengum referendo de autodeterminaçom. A Comunidade Internacional em 1995, durante a I Guerra russo-tchetchena, deu boa amostra dos seus hipócritas posicionamentos. O embaijador americano em Madrid de visita deixou entrever que nom iam atacar a posiçom russa por terem eles massacrado aos índios no XIX - esquecendo deliberadamente as atrozidades ianquis posteriores-.

Hoje os EUA melhorárom as suas capazidades de influência no Caúcaso, mas para nada lhes interessa um novo estado que nom podam controlar - diferença crucial com Kosovo- e dominado polo islamismo moderado ou radical. O interês americano é o mesmo que explicitava Kissinger para a guerra entre o Iraque e o Irám: "que os dous contendentes saiam derrotados".

Em 1999, meio ano despois dos bombardeios sobre a Sérvia, justificados polo ataque deste país aos albaneses de Kosovo, Javier Solana foi perguntado por quê nom se intervia a prol dos Direitos Humanos em Tchetchênia e respondeu evidenciando a sua nula perspicácia: a Rússia tinha cabeças nucleares e nom podia ser tratada como a Sérbia, aí remata o truísmo ocidental com umha mensage clara para os chefes de estado como os da Coreia do Norte, enquanto tenhades armas nucleares nom vos faremos rem, cometades as atrozidades que cometades.

Despois dos atentados de 2001 a situaçom ainda se agravau porque já nom só se olha para outro lado, mas anima-se ao presidente russo para que continue com a repressom e partilhe com os EUA a segunda guerra ao "terrorismo" (a primeira desatárom-na Reagan e Bush).

A Tchetchênia nom conta nem com cabeças nucleares nem com os recursos energéticos da Rússia, eis a balança da política exterior da UE, a que pouco lhe interessam os Direitos Humanos, como demonstram dia-a-dia com Israel e atacando estados indefensos na África, sempre que nom se preguem as directrizes assassinas do FMI.

Em determinados campos da esquerda, por sua vez, nom hai simpatia por Anna Politkovskaia, porque Rússia ainda se se segue vendo com umha baliça perante os EUA, mais um deve estar sempre onde a opresom é manifesta. A jornalista russa rejeitou abandonar o Estado para ganhar mais e salvar a vida, um exemplo de dignidade e de corage. Os seus artigos apareciam num jornal que aparecia apenas nas segundas e nas quintas, com escasso eco no conjunto do Estado russo e os seus livros eram dificilmente adquiríveis nas livrarias.

Um livro hipercrítico pode publicar-se na Rússia, nom hai censura prévia já que logo, mas margina-se e evita-se que chegue a amplas camadas da populaçom. O editor que acceda a publicar um destes livros pom em risco a sua vida a maos de forças paramilitares sob o controlo do Governo.

Em 2008 produze-se a crise de Ossétia do Sul dentro do Estado da Geórgia e que lhe custou ao Carlos Taibo deixar de colaborar em El País. A política interna russa é mui criticável, mas a externa vem dada em parte polas pressons e agressons americanas. A aparente agressividade russa em Ossétia do Sul era umha resposta a real agressom ianqui, segundo expressou por entom Taibo no "medio permanentemente entusiasta del Imperialismo" como tem descrito Henri Kamen ao jornal El País quando fala do mito espanholista dumha língua universal.

O discurso neoconservador americano de que o único que cumpre aniquilar é o "terrorismo" islamista organizado calhou tamém entre muitos, demasiados, sectores da nossa sociedade. Umha explicaçom mágica, chamada Al-Quaeda, que dá conta de todos os problemas sem parar-nos a pensar na fasquia de cada conflito: Palestina, Colômbia, Saara Ocidental, Somália, etc. Outra conseqüência perversa deste pensamento e que contra o "terrorismo" todo vale,(encubrindo como tem advertido Noam Chomsky o terrorismo de estado usamericano); e umha terceira conseqüência é o desenvolvimento dumha dupla moral com os poderosos e com os débeis, já nom apenas é umha dicotomia entre amigos e inimigos. Se os comandos tchetchenos som "terroristas" essa mesma etiqueta deveria preservar-se para as acóns do exército russo na Tchetchenia e bem sabemos que isto nom é assi, como tampouco o é no Afganistám. A quinta e derradeira conseqüência deste discurso neoconservador é a falta de responsabilidade do Ocidente nos maiores problemas do mundo, como se as acçons de expólio no mundo árabe e o apoio a governos impresentáveis nunca existiram.

Anna fixo todo o possível para entender o conflito da Tchetchênia e indicou quanto falta por fazer em solidariedade com os povos oprimidos. A concentraçom mais numerosa que se registou em Madrid só juntou a 300 pessoas assi que mesmamente nós diferenciamos entre conflitos de primeira e de segunda. Para além disto, do centenar de palestras que o Taibo tem impartido sobre a Tchetcênia 93 transcorrêrom em Euskal Herria, nos Països Catalans ou na Galiza, algo que de por si já nem sequer merecer ser comentado.

______________Bate-pafo___________
+ O governo de Barack Obama nom mudará rem na Tchetcênia, porque ao longo de dez meses apenas fixo nada salientável em política exterior. O Iraque segue nas mesmas e o Afeganistám está pior, nengumha mudança na Palestina e mais bases militares para a Colômbia, por nom falar das cárceres flotantes ianquis. A paralizassom do escudo anti-mísseis é para Taibo conjuntural e guarda relaçom com a crise. Os EUA som o império e o seu gasto militar erradicaria a fame no mundo, algo loge do programa de Obama que levava como medida no tocande às prevendas fiscais para "rendas baixas" a consideraçom de que estas eram até 40 milhons anuais.

+ Os tchetchenos som sunnies maioritariamente e tradicionalmente moderados oque se mantivo até meados da década de noventa. Desde 1996 vai irrumpindo o islam radical da mao das próprias autoridades russas, modelo pairido polos EUA em Afeganistám com os Talibáns e logo alimentado por Israel com os yihaidistas e Hamás. Portanto, a religiom parece que nom jogou o mesmo papel ca o desenvolvido na guerra de Jugoslávia.

+ Umha boa mostra da interligaçom entre língua e identidade dá-no-la Guillem de Fac, na década de 60 e 70, que foi um cantautor preto das Illes Balears, tendo as suas origes na Guinê espanhola. Achegou-se a um balcom dum bar e pediu um café em catalám ao que o chefe do bar respondeu: "menos mal, pensamos que você era preto".

+ Entre a primeira e a segunda guerra da Tchetcênia hai umha diferença substancial: o papel jogado polos mídia na Rússia. Na primeira guerra da Tchetchênia (1995) houvo pluralidade informativa e umha maioria reduzida do povo russo era contrário ao ataque imperialista do seu governo. Na segunda Putin tomou boa nota e controlou totalmente isto, atafegando a pluralidade e, já que logo, a abraiante maioria dos russos nom som conscientes do que acontece na Tchetcênia, polo que a cidadania nom pressiona ao governo imperialista russo. A ocupaçom em 2002 dum teatro por um comando tchetcheno de 5o integrantes resolveu-se com umha massacre de civis, mas a popularidade de Putin subiu. Nom aconteceu o mesmo em Beslám na escola tomada em que morrêrom muitos cativos, fazendo baixar a sua popularidade. Semelha que algo vai mudando, sobretodo, pola incidência da crise que os média nom podem agochar ao russo meio. Contodo, a contestaçom séria ao modelo ultraliberal russo dificilmente poderá vir desde pressons populares. Putin é por sua vez um refém dos oligarcas locais.

+ A visualizaçom do conflito de Tchetchênia é complicada nas nossas sociedades. Nom é doado artelhar um projecto nesta direcçom, e, de facto, a nossa solidariedade é bem fraca com o Iraque e, especialmente, com o Afeganistám.

+ O ultranacionalismo russo necessita manter aberto o conflito da Tchetchênia porque o seu projecto autoritário é dificilmente assimilável por grande parte da sua própria populaçom. As próprias autoridades russas colocárom bombas em território russo - agentes dos serviços secretos russos fôrom detidos em Ryazám- para liquidar a simpatia dos cidadaos russos com a autodeterminaçom da Tchetchênia, o elemento fundamental para que Putin poda desenvolver o seu projecto autoritário, até ganhar com maiorias tragicamente abraiantes (e manipulando as eleiçons em parte todo seja dito). Se continua com a estratégia e que teme ainda as reacçons da populaçom ao seu projecto.

+ O único que podemos fazer é apoiar aos grupos que resistem lá sob um brutal acoso policial e jogando-se a vida. Isto para além da pressom sobre os nossos governantes. Umha terceira possibilidade é regatar "conflitos esquecidos" como o da Tchetchênia.

+ Informaçom

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

I. Patriarcalismo político e lingüístico na Galiza: história dumha dupla subordinaçom

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τις ۥεπέσσεται (alguém sobreviverá), Odisseia IV, 756


Sólo creía en aquello que tocaba, salvo la libertad que nunca la tocó, pero creyó, sin embargo, en ella mucho tiempo. Leopoldo Alas “Clarín”: La Regenta.



Ao longo da história negada da Galiza, ao longo das seculares aldrages que padeceu o nosso povo, ao longo da recua de discriminaçons que galegas e galegos padecemos por mor da nossa língua, fôrom várias as vezes em que se vencelhárom ao longo do tempo o futuro do nosso idioma galego–português ao autogoverno da Galiza.

Logicamente, um poder político autónomo e próprio pode reagir perante as betesgas do centralismo, mal que bem, e, de facto, na Galiza existe hoje mais consciência nacional ca nunca, ainda que seja preciso indicar que para alcançar o monolingüismo social em galego é quase totalmente imprescindível exigir o cumprimento total do nosso direito à autodeterminaçom como povo e após umha desalheaçom social, umha catarse colectiva e ordenada ,desde a luita e a memória dos devanceiros à instauraçom normalizada da língua e da República Socialista da Galiza.

As estruturas patriarcais continuam a ser o elemento dominador nas sociedades capitalistas ocidentais. Em todo o mundo 70% dos pobres e dous terços dos analfabetos[1] som mulheres, sem falar já das vítimas de violaçons, guerras, ablaçons, etc. Destarte, a pesar de constituir umha força de trabalho enorme apenas som donas de 1% da terra. Na Galiza, nom som poucas as mulheres titulares ou co-titulares dumha exploraçom gandeira, mas sem possuírem a propriedade da terra, e, portanto, a mulher galega sofre umha tripla discriminaçom: a de ser mulher, a de pertencer a umha naçom oprimida e a de género.

A taxa de desemprego feminina supera com muito a masculina e a diferença nos ordenados (salários) continua viva. A precaridade, a temporalidade e a economia submergida som realidades infelizmente associadas a grande parte das mulheres trabalhadoras da Galiza, que seguem ocupando-se das tarefas domésticas e do cuidado dos filhos e das pessoas dependentes sem o reconhecimento social pertinente, embora só seja polo que poupa a administraçom em prestaçons socias.

Os meios de incomunicaçom, aliados do patriarcado e da glotofaxia espanholista, seguem discriminando à mulher e ampliando os estereotipos e as desigualdades, já desde a infáncia, por exemplo através de joguetes “de chicos” (umha bola, umha pistola de joguete, cromos de futebol...) e joguetes “de chicas” (Barbye, cozinhas, jogo de pinturas e maquilhage...). O aborto e a sua despenalizaçom até as doze semanas foi o último exemplo de campanha criminalizadora da mulher e o feminismo, já que os “guardiáns” da boa moral oponhem-se ao «nós parimos, nós decidimos» in nomine dei. Coma nos bons tempos, «Santiago, y cierra España»[2].

Francisco Rodrigues Sanches num artigo de 1992 intitulado «Conflito cultural e idiomático na Galiza» analisa desde umha óptica marxista a dupla prostraçom, da língua e do povo, que se dá na nossa naçom, a qual pertence a periferia, a «outra Europa» de que já falava Lenine no seu livro O imperialismo: fase superior do capitalismo.

Para o ferrolano [1998: 180] «queren convencer-nos de que non existe problema, porque agora xa existe liberdade individual para expresar-se no que a cada un lle pete. Desta forma, o que é un problema social e colectivo, da estrutura de poder, deixa-se cinicamente a que os indivíduos que están inseridos nesa estrutura de poder, ousen só por propria vontade trastocar. Non se cambian as regras de xogo. Se un non xoga desta maneira é simplesmente porque libremente non quer. Pero, nesta, como en tantas outras problemáticas, nos existe a liberdade individual». Tamém nos querem convencer de que a mulher já tem atingido a igualdade e que as luitas feministas estám fora de lugar no actual “sistema de liberdades” da “democracia espanhola”. «Que todo quede atado y bien atado» deixou dito o ditador antes de morrer.

O histórico dirigente da UPG assiná-la que a diglossia reformulou-se, assi como o machismo se tem disfarçado através de atitudes compensatórias que, no entanto, em nada mudam o status quo do espanhol e do home respectivamente, assi como as esmolas das ONG's e dos estados ricos nom mudam a correlaçom Norte-Sul porque nom se lhes devolve a propriedade sobre os meios de produçom nem sobre os recursos naturais:

A sociedade galega necesita, hoxe máis que nunca, armar-se contra unha ideoloxia dominante empeñada en que aceitemos como única via para o noso país un papel subordinado, case inexistente: sermos agradecidos, porque non pasamos fame e temos a sorte de pertencer a un mundo que se considera o centro previlexiado. Pero sabemos que non existimos, como tal, especificamente, con direitos próprios, dentro da expansión cultural eurocéntrica. Todo o máis, no campo cultural; velai a grande tarefa encomendada á Xunta, crermos que a apariéncia – libros, Tv, rádio, festas..., teórica e limitadamente en galego– son a realidade. Mentres, os demais, outros, deben opinar por nós. A estrutura vai por unha banda, e a superestrutura cultural, e con ela a língua e cultura próprias que subsisten sen o esforzo por unha pragmática próprias, en todos os campos: o económico, o político, o cultural, o informativo, o educativo... A resignación como único mundo posíbel é a aceitación dunha esquizofrénia que nos manterá nunha contradición constante entre o desánimo, e a política de ilusións, de fantasias. Non pode existir nada máis triste nen perigoso para os povos asoballados que acreditar na política de ilusións, moito máis, cando son imperiais, externas, ditadas con total desprezo polos nosos direitos e os da maioria da Humanidade [Rodríguez Sánchez, 1998: 183].

Castelao no Sempre em Galiza (1944) advogava igualmente pola necessidade de junguir arredismo e nacionalismo lingüístico e defende a liberdade para todas as pátrias como o fai Ramom Vilar Ponte em «O sentimento nacionalista e o internacionalismo» (1926). Em todo caso, acreditamos que na Galiza o «etnocídio», de que falava o Beiras[3], ou o «crime de lesa cultura», de que falava Castelao, sobrevive do mesmo modo que o patriarcado se mantém ainda que sob umhas aparências remoçadas e com tácticas anovadas. O mesmo cam com distinto colar. Nom se proibe a língua fora do fogar, onde devia estar junto à mulher no franquismo, mas agora defende-se o “bilingüismo” e quando se ponhem em teia de juízo os privilégios do home ou do castelhano entom lançam-se os “cides” e os “santiagos mata-mouros”, os mercenários e sipaios do espanholismo, a falar de imposiçom, quando o único que se pode registar som séculos de opressom de género, nacional e lingüística galega. Os novos movimentos fascistas, o neo-fascismo, fam do espanholismo a sua firme e enérgica bandeira, negando-lhe ao galego, à mulher e ao operário que som sujeitos com direitos colectivos e mesmo na esquerda espanhola esta nacionalismo tem vigorado desde a II República soterrando definitivamente o federalismo pimargalliano embora neste o único referente nacional – ao menos numha etapa inicial- fosse Espanha:

Resulta lastimoso que se fale de imposición cando se trata de restaurar (só simbolicamente) o rostro real do país, desfigurado por unha imposición secular [Rodríguez Sánchez, 1998: 166].

Para pôr fim a isto é imprescindível exigir umha dupla independência que só se pode acadar desde a desalienaçom popular, quer dizer, fazendo realidade aquela máxima de Castelao de que «o povo só se salvará quando deixe de ser massa». Dumha banda Galiza deve-se arredar do Estado burguês espanhol da II Restauraçom bourbónica e caminhar ceive e dona de si, para balizar a sua língua e regenerá-la achegando-a todo quanto for possível, sem perder os traços de seu, ao português com o galho de alcançar a unidade primigénia e histórica galego–portuguesa; doutra banda, um novo sistema sócio–económico deve trair a fim dos preconceitos lingüísticos e machistas que vigoram na sociedade patriarcal de Ocidente. Quando definimos capitalismo “imperialista” e “patriarcal” som adjectivos inerentes assi como a alienaçom e o fetichismo da mercadoria é umha característica intrínseca das sociedades capitalistas:

Existe um grave problema, e eu penso que o povo nom tem muito que dizer ao respeito. E vou pôr vários exemplos: democraticamente nom se pode chegar à conclussom de que 2+2=6, por muito que o diga a maioria. O facto de que umha maioria apoie um feito, nom quer dizer que seja científico nem verdade. Na Galiza: se se lhe perguntar a um camponês ou se lhe di que escreva em galego “MINHO” el escrevera com “ñ”, pois tem sido alfabetizado em espanhol. Por isso na Galiza o problema [da planificaçom lingüística] é muito mais complexo do que parece.

[...]

O que define a situaçom da Galiza é umha alienaçom e para o poder é fácil agir sobre esta esquizofrenia histórica, impondo os interesses económicos, que manipula o sentir dos galegos, que dificulta a descolonizaçom dos espíritos e que manipula até o sentimento lingüístico dos falantes [Peeters, 1991: 88-9].

1.2. Paralelismos entre a discriminaçom lingüística e feminina na naçom galega. Exemplos literários.

Desejamos começar este ponto botando mao dum texto literário que ilustre qual é que era a situaçom da mulher durante boa parte do século XX, sobrevivendo ainda em muitos países e mesmo em Ocidente, e como fôrom as próprias mulheres desde a sua luita abnegada as que conseguírom, aos poucos, ir revertendo a situaçom[4]:

Dérom-me umha folha torpemente impressa em que se olhava umha mulher espida imitando a posse dumha estatua grega. Na contra-capa lia-se:

“O home pobre e trabalhador acha-se oprimido polo que é rico e nom trabalha; mas a este home fica-lhe ainda o recurso, bem triste por certo, de vingar-se da opressom que sofre, oprimindo por sua vez a fêmea que lhe tocou em sorte; a esta fêmea nom lhe fica já nengum meio de desafogo, e tem que resignar-se a padecer a fame, o frio e a miséria que origina a exploraçom burguesa e, como se isto fosse pouco, a sofrer a dominaçom bestial, inconsiderada e ofensiva do macho. E estas som as mais felizes, as privilegiadas, as filhas mimadas da Natureza, porque existe trinta ou quarenta por cento de mulheres que som muito mais infelizes ainda, já que a nossa organizaçom social, até lhes proibe o direito a ter sexo, a ser tais fêmeas, ou, o que é o mesmo, a demonstrar que o som.

>> OU, A MULHER! Eis a verdadeira vítima das infámias sociais; eis o verdadeiro objecto da missom dos apóstolos generosos [Mendoza, 1975: 410-11].

A génese da exploraçom da mulher e do patriarcado é descrito, desde umha óptica marxista, por Iñaki Gil de San Vicente [2009: 4]:

La obtención de energía requiere en la especie humana de un trabajo consciente que no tiene otro sentido que el de reducir el esfuerzo, reducir en lo posible el tiempo necesario para obtener dicha energía mediante el desarrollo de herramientas y de técnicas adecuadas, en suma, de fuerzas productivas. En la medida en que aumentaba la población y se agotaban los recursos meteriales, los grupos humanos desarrollaron, como mínimo, cuatro alternativas: emigrar a otros espacios, aumentar su productividad con mejores herramientas, aumentar el tiempo de trabajo total del grupo y robar los recursos de otros grupos. Las formas más simples y rudimentarias de violencia surgen en este largo período, y son las mujeres las que primero sufren las consecuencias, pasando do ser un sexo-género clave que aporta la mayoría de las energías y que produce la mayoría del conocimiento, a ser el primer grupo humano explotado por otros grupos humanos.

Em Ab urbe condita, Tito Lívio dá-nos umha amostra perfeita do nascimento da escravatura em Roma. A opressom sobre a mulher e a orige dos escravos em mulheres doutros povos vê-se com nitidez no conhecido como «rapto das sabinas». Logo, a escravatura passaria à infáncia e, finalmente, a homes e anciaos. Ainda hoje a mulher segue a ser a principal geradora de energias, sofrendo a opressom de género e ainda a exploraçom sexual, a escravatura sexual por milhons. Como indicava Plauto «homo homini lupus», mas, sobretodo, o home é um lobo para a mulher, já desde a civilizaçom greco-romana «base de la civilización occidental, se cimentó sobre el más inhumano terrorismo masivo aplicado gracias a una aplastante superioridad militar» [Gil de San Vicente, 2009: 5].

A alienaçom e o fetichismo som violências invisíveis aplicadas sobre a mulher e a língua – preconceitos. A cultura e o ser humano passam a ser no capitalismo simples realidades mercantilizadas, e a humanidade anula-se convertendo-a em força de trabalho, umha mercadoria, como a natureza, que se compra e se vende no desejo de converter o máximo valor de cámbio possível e inçar assi a acumulaçom de capital. Nem que dizer tem que quando os explorados se safam da alienaçom entom a violência do estado burguês actua para reprimir e manter o status quo de cada classe social.

Durante a II República a educaçom polira-se e promocionara-se. Aliás, a Constituiçom de 1931 contemplava um ensino gratuito, laico e universal – obrigatório–, que contemplava já a ensinança mista sob os princípios pedagógicos achegados, essencialmente, pola Instituiçom de Livre Ensinança[5] e com a criaçom de numerosas bibliotecas no rural galego. Porém este modelo vai sucumbir desde 1936 com a depuraçom de mestres e livros e com a valoraçom da ensinança mista e os valores pedagógicos republicanos como próprios da anarquia e a libertinage.

A co-educaçom suprime-se porque havia que formar umha mulher para deus, a pátria e o fogar e «esta nova muller debía de servir de correa de transmisión do ideario do nacional-catolicismo ás novas xeracións» [Freitas Juvino, 2008: 485]. Daquela, a submissom ao home e à sociedade eram as ideias–chave da educaçom feminina e socialmente as mulheres eram quase invisíveis. As primeiras mulheres ligadas com a cultura galega irrompem nos anos cinqüenta (Maria Marinho, Pura Vásquez, Mª do Carme Kruckenberg, Luz Poço Garça, Joana Torres, Maria José Queizám...).

A repressom da língua galega foi tamém com muito maior na mulher. Árias Lopes no número 29 de Grial confirma que o abandono do galego é superior entre as mulheres, assi como os preconceitos, pois isso reflectia o inquérito que realizara naquela altura e em que eram mais as mulheres opostas ao ensino do galego:

As actitudes de receo pra a língua galega no insino – e mesmo fora do insino–, dentro de Galicia, son moito máis abondosas e afogueiradas nas mulleres que nos homes. Nen penso que debamos esixir responsabilidades ás donas galegas polo seu anoxamento da nosa língua. Mais ben, entendo que elas son víctimas [Freitas Juvino, 2008: 487].

Atinadamente, Jesus Alonso Montero [1973: 125] atribui este maior abandono do galego na mulher a sua condiçom de género oprimido, quer dizer, à tripla discriminaçom de que já falamos: como mulher, como galega e como trabalhadora. A alienaçom é, portanto, maior e o fetichismo tamém:

Cualquiera que sea la clase social, quien más se entrega a los valores externos, a los valores suntuarios y de apariencia, es la mujer, y ello se debe a su condición de ser enajenado, de ser más alienado que el hombre.

A alienaçom e o fetichismo da mercadoria som, na teoria marxista, aquelas situaçons em que o oprimido acredita ser livre e, aliás, acha que as mercadorias tenhem qualidades humanas, enquanto as pessoas reduzem-se a simples objectos, mercadorias, por exemplo na prostituiçom. Mas, a alienaçom e o fetichismo rematam por reduzir ao próprio indivíduo, nos seus esquemas mentais, a umha mercadoria sem valor, a “cousificaçom extrema”, quer dizer, as causas som vistas como os efeitos e os efeitos como as causas, de modo que a submissom ao sistema é total, máximo porque estamos perante umha violência psicológica e nom física, a fórmula preferida do terrorismo burguês. Em efeito, a guerra de género é a primeira fase da guerra social que nas “democracias” aplica a classe burguesa para o controlo da classe trabalhadora e para a perpetuaçom do sistema.

Desde umha perspectiva feminista tem exposto a discriminaçom correlativa mulher–galego Mª José Queizám dumha forma espantosamente castigada. Segundo a escritora a mulher e a língua sofrérom e sofrem um processo paralelo de desvalorizaçom e submetimento como recolhe em «A lingua galega e a muller», artigo que se recolhe no livro de 1977 A muller en Galicia: análise estrutural de dos feitos represivos. Neste volume bosquesage um paralelismo nídio entre a repressom sofrida polo galego e a padecida pola mulher: «Estamos no ambiente do racismo e a opresión». Freitas Juvino [2008: 489-490] explica assi as achegas de Queizám:

Parte da situación de convivencia diglósica na que se atopa o galego no seu propio país (...) dunha maneira similar ao que ocorre coa muller que, na dicotomía muller/home, sempre se atopa nunha posición xerárquica inferior. Unha lingua, o castelán posúe prestixio social e o galego non; igualmente, o home posúe dentro da sociedade un status superior, o que lle confire prestixio en contraposición á muller, que carece del; así, os homes son máis valorados polo poder e o prestixio que posúen e as mulleres polos seus valores persoais.

Os preconceitos, maiores nas mulheres pola maior opressom a que estám submetidas, relacionam-se com a alienaçom ou, em palavras de Queizám, com o assobalhamento ideológico. A mulher tenta emular as normas e critérios do bando masculino o que reforça a tendência dos galegos, froito do auto-ódio, a emular a língua do opressor:

Non se analizan as circunstancias históricas que provocaron unha e outra situación, simplemente acéptase e dáse por feito que ten que ser así. O galego é unha língua “inferior” debido ás súas características intrínsecas, e o mesmo lle ocorre á muller, que é inferior ao home porque a natureza o quixo así [Freitas Juvino, 2008: 490].

Aliás, o castelhano associa-se com a épica, a valentia e a agressividade –coma os “machos”- e as línguas periféricas, nomeadamente o galego, com a lírica, a beleza, a doçura, o intimismo... A primeira é a língua dos conquistadores a segunda «un patrimonio cultural que será objecto de especial respecto y protección» como recolhe a Constituiçom de 1978, ou seja, retórica burguesa barata made in Spain como outros tantos artigos como o 17, o 20, o 22, o 27, o 31 ou o 35, apenas por citar alguns que se violam sistematicamente. Logicamente, «todos los españoles tienen el deber de conocerla y el derecho a usarla», enquanto que o conhecimento do galego é acessório, secundário ou “complementário” como o é a mulher desde a Génese bíblica [2; 21-24], feita Eva a partir da costela de Adám:

Entonces Yahvé Dios hizo caer un profundo sueño sobre el hombre, que se durmió. Y le quitó una de las costillas, rellenando el vacío con carne. De la costilla que Yavhé Dios había tomado del hombre formó una mujer y la llevó ante el hombre. Entonces éste exclamó:

“Esta vez sí que es hueso de mis huesos y carne de mi carne. Ésta será llamada mujer, porque del varón ha sido tomada”.

Por eso deja el hombre a su padre y a sua madre y se une a su mujer, y se hacen una sola carne[6].

A associaçom da Galiza e da sua língua nacional com o feminismo é mui antiga. Miguel de Unamuno no seu ensaio Por tierras de Portugal y de España (1903) expom numha descriçom sua tipicamente barroca:

Las esquinosas sierras, tal como surgen de las roturas y levantamientos, se han ido hundiendo y desmoronando en montes terrosos y chatos, de contornos ondulantes y sinuosos, como de senos y caderas mujeriles, a la vez que han ido rellenando los valles y vagüeras. (...) Y luego la frondosa cabellera de castaños, pinos, robles, olmos y cien otras castas de àboles, abriendo aquellas redondeces y turgencias, dan al paisaje un marcado carácter feminino (...). Es un país feminino [Freitas Juvino, 2008: 490-1].

Esta descriçom da Galiza e as suas virtudes femininas opom-se às virtudes de Euskal Herria, masculinas por suposto, de onde Unamuno era nativo e para reforçar a necessidade de englobar Euskal Herria no Estado espanhol de acordo com a sua ideologia espanholista:

¿Que és eso de ser invasores? ¿No lo somos nosotros? Si no queréis ser invadidos, invadid; sino queréis que os absorban, absorbed; todo menos cerrar las válvulas y permanecer aislados. No guardéis una absoluta virginidad de raza que nos prive de la maternidad, de la paternidad más bien. Padres, sí; que en este inivitable y fecundo encuentro de pueblos seamos el varón y no la la hembra [Freitas Juvino, 2008: 491].

O trecho é indubitavelmente ilustrativo de por si só. Assi, hai povos e línguas “machos”, conquistadores, imperialistas e povos “fêmea” que só estám para ser fecundados, para a funçom reprodutiva, e ainda agradecer pouco menos que haja tam “nobres” impérios que os colonizem e oprimam. Castelao no Sempre em Galiza critica estes preconceitos sem tapulhos:

Afetá que a paisaxe galega é femia porque ten formas redondeadas! (...) Isto é debido á dureza granítica do chan, mais a pesar de todo Galiza é un país moi sério e moi redondo, como é o mundo; sen arquitecturas de escaiola e sen ceos de añil barato.

Xusto é que lle chamemos Nai â nosa Terra (tódalas Terras son Nais); e admitiríamos que Castela fose “macho” - tal arelan os casteláns– se non estivéramos vendo a súa estraordinaria fecundidade; pero non creemos que un pobo sexa mais macho que outro polo feito de volver dunha guerra e amostrar o seu coiro cheo de cicatrices[7].

E quase no começo do seu emblemático livro afirma que Galiza é antes de mais mátria, concretamente afirma que «para nós, os galegos, a Terra (así, con maúscula) é Galiza. O que nos xunta n-unha comunidade espritual é, principalmente, o amor â Terra. E cando decimos “a nosa Terra” queremos decir “a nosa Nación”. A Terra é a Matria» [Castelao, 1944: 40]. Maria José Queizám fala com acerto de «duplicidade compensatoria», a qual consiste numha falsa idealizaçom da língua galega ou da mulher que se opom à denigraçom do home e do castelhano, «pero esta é unha condena hipócrita, porque tanto o castelán como o home seguen simbolizando o poder e o prestixio. Este último é o idioma dos que dirixen a sociedade e o home segue acaparando e mandando na política, na cultura e na economía. (...) A idealización compensadora: a fermosura, o lirismo, o sentimento. Igualmente, as mulleres compensan a súa situación de subordinación ao home adxudicándolles calidades como a intuición, a comprensión, a paciencia etc.» [Fretias Juvino, 2008: 492-493]. Assi, o galego é umha língua preciosa e formosa, como a mulher, doce e que soa bem. O castelhano abonda-lhe com o seu prestígio social e a sua masculinidade.

Tamém existe a idealizaçom da pureza. O castelhano enriquece-se com empréstimos, o galego deturpa-se, porque o galego deve ser 'puro', casto como a mulher, e deixar a promiscuidade para o castelhano. Isto é especialmente significativo quando se ataca a regeneraçom do galego através do português enquanto se gaba a unidade do espanhol argentino e peninsular e a mestiçage do conquistador com o conquistado.

Pilar Garcia Negro falará de «técnina home-opática», segundo a qual é permitido um mínimo de toleráncia com os direitos da mulher e do galego para manter o status quo do home e do castelhano, quer dizer, voltar à máxima de Carlos III e do absolutismo “ilustrado”: mudar algo para que rem troque. Esta técnica engloba tamém a auto-xenreira, causa fulcral do processo de substituiçom lingüística supostamente mais visível entre as mulheres, já que a pretendida igualdade de línguas é igual que a fictícia igualdade de sexos. Noutras palavras, nega-se o conflito lingüístico mediante um falso e inexistente bilingüismo (social) que actua de “unisexo”, como se fai ao atacar à mulher na publicidade e a televisom sob o escudo de que tamém empregam a homes, ou seja, igualdade “unisexo” na denigraçom das pessoas e na image dumha mulher que deve ser perfeita, jovem, parva e entregada ao sexo – ou a satisfaçom do outro sexo mais bem–, a mulher-floreiro.

A mulher abandona a língua como quando tratam de imitar os homes por avergonhar-se de pertencer a um sexo “inferior”. Neutralizam o conflito fugindo del e da responsabilidade de defender os seus direitos e os das demais mulheres. Pilar Garcia Negro fai um resumo genial da analogia entre o patriarcalismo político e o lingüístico [Freitas Juvino, 2008: 495-496]:

a.- As duas fôrom reduzidas a um papel secundário e subalterno, embora houvesse umha evoluçom desde negar a existência de alma nas mulheres até o reconhecimento idealizado de valores da mulher e o galego (intuiçom, formosura...).

b.- Os sectores assimilistas e sexistas, como Galicia bilingüe, empregam recursos variados para perpetuar a discriminaçom, mas aparentando que se fomenta a igualdade e a defesa dos discriminados.

c.- A táctica homeopática, da que já falamos. Outorgam-se direitos com tal que nom se exerçam e quando estes podem finalmente exercer-se lançam-se campanhas demonizadoras, como a que se opunha a despenalizaçom do aborto ou a que atacava a suposta “imposiçom” do galego. E encobre-se com “discriminaçom possitiva” a falha absoluta de actuaçons para alcançar a tam arelada igualdade.

d.- O “complexo de embaixada”. Umha das principais arelas de qualquer ideologia discriminadora e colonizadora é conseguir a internalizaçom da segregaçom por parte dos próprios afectados. Expressou-no verazmente Chomsky em numerosas ocasions ao referir-se ao controlo da opiniom pública para fazer das eleiçons simples farsas na democracia burguesa.

e.- A “síndrome de Estocolmo”. As pessoas reprimidas sentem-se atraídas, hipnotizadas, polos seus opressores.

f.- Espaço privado / espaço público. O galego é umha língua oral, familiar e rural, o castelhano pola contra é língua oficial e dos ámbitos públicos. A mulher para as tarefas do fogar e os homes na cantina, a guerra e os prostíbulos.

No entanto, a língua galega foi ganhando terreno na vida pública assi como a mulher se fai inserindo na vida laboral. Porém nom é menos certo que o castelhano segue a ser a língua de mais prestígio, urbana, de profissons liberais e associada com o poder e o dinheiro. Tamém os directivos adoitam ser homes e os ordenados femininos som 30% inferiores aos masculinos, para além de que se ouve amiúdo o de nom se pode contratar umha mulher pola baixa por maternidade. Para umha e para outra receita-se discriminaçom possitivo, eufemismo que encobre à perfeiçom a existência mesma da desigualdade e camufla de bondadosos e dadivosos aos que em realidade som em exclussiva verdugos. Nom hai discriminaçom possitiva que vala, apenas umha luita entre os opresores e os oprimidos o resto é fumo de palhas.

1.3. Coda

Como conclui Freitas Juvino [2008, 498] a língua galega só se salvará se assi o decidem as galegas e os galegos adoptando atitudes de luita e compromisso lingüístico. O mesmo é aplicável à mulher, que deve assumir a sua valia em pé de igualdade com o home, exercendo a sua plena “autodeterminaçom”, já que ao igual que nom hai rem na estrutura interna que faga umha língua superior a outra, tampouco hai nada no ser humano chamado home que o faga superior ao ser humano chamado mulher, a contrário, o patriarcalismo fai dos homes os máximos responsáveis das atrocidades e barbáries cometidas ao longo da história.

A cultura heterocéntrica e patriarcal nom deve deixar de ser revisada em todo momento e atacada sem piedade. O falocentrismo, que nom deixou de aumentar nos últimos decénios, é ao tempo a expressom da debilidade masculina, polos complexos inúmeros que o cánon do ideal criou. Agora tem chegado à mulher umha versom ainda mais deturpada deste feito. O porno é o modelo que criar cánon em inúmeros jovens com o conseguinte trastorno e distorçom da realidade: se nos 90 causavam furor as tetas de plástico de Jena Jameson e Nacho Vidal era o referente masculino, no XXI causam furor as operaçons vaginais na procura da cona “perfeita”. A alienaçom sexual está a chegar no primeiro mundo a limites até fai umha décadas insuspeitados e enfermidades como a anorexia e a bulímia dam igualmente fé disto, quanto ao cánon estético.

O culto ao corpo perfeito e a mocidade era umha das máximas do nazismo, polo que nom é por acaso que parelho a estas aberrraçons ince a genofóbia e a discriminaçom, embora nalguns casos tenha um rosto novo.

Por último, lembrar que tamém os homes somos vítimas do patriarcado e das suas estruturas. Neste sentido, o feminismo “exclusivista” que se cinge só à mulher e impede a participaçom do home evita que os homes mais conscienciados com a causa da igualdade podam “despatriarcalizar-se” corectamente, respondendo a necessidades inconscientes criadas polas técnicas grupaloides, adoito exploradas na publicidade e a propaganda política. O apoio do home é vital para lograr a vitória na guerra dos sexos, já que nom som poucas as mulheres afectadas pola “síndrome de Estocolmo” e a táctica homeopática de que antes falavamos. Vós, as mulheres devedes encaminhar a luita pola igualdade em cada umha das frentes sociais em que actuades, fazê-lo fechando-se em pequenos grupúsculos e de costas ao mundo tem sentido em determinados processos históricos, mas acho que nom é mais que firmar a acta de perpetuidade do patriarcado na actualidade. Coerência, consciência, formaçom, constáncia e incidência social som as chaves da vitória, tanto para a mulher como para a língua.

Antom Fente Parada, Santa Cruz de Viana, 2009.

BIBLIOGRAFIA

ALONSO MONTERO, Xesús (1973), Informe – dramático– sobre la lengua gallega, Akal: Madrid.

CASTELAO, Afonso Daniel Rodríguez (1944), Sempre en Galiza, Akal: Madrid, 4ª ediçom, 1994.

FREITAS JUVINO, María Pilar (2008), A represión lingüística en Galiza no século XX. Aproximación cualitativa á situación sociolingüística de Galiza, Xerais: Vigo.

GIL DE SAN VICENTE, Iñaki (2009), La violencia y lo militar en Marx. La combinación de todas las formas de lucha, Euskal Herria, http://www.lahaine.org

KAMEN, Henry (2006), Del imperio a la decadencia. Los mitos que forjaron la España moderna, Temas de Hoy: Madrid.

MENDOZA, Eduardo (1975), La verdad sobre el caso Savolta, Six Barral: Barcelona.

PEETERS, Yvo JD (1991), editor, Poder, ideologia e língua, Associaçom Galega da Língua: A Crunha.

RODRÍGUEZ SÁNCHEZ (1998), Conflito lingüístico e ideoloxia na Galiza, Laiovento: Compostela.


[1] Aqui nom se contam, por suposto, os analfabetos funcionais que som inúmeros no “mundo civilizado”. Na Galiza seis de cada dez galegos afirma nom ler NUNCA e muitos som incapazes de desenvolver as técnicas de leito-escritura com correcçom, já nom entrando na interpretaçom do sentido dum texto onde o número se inça até cifras estremecedoras. Isto todo em espanhol, naturalmente. Para o galego o número de analfabetos funcionais quiçais supere 60% da populaçom. Isto naturalmente convém a quem detecta o poder, pois de pouco serve a “liberdade de imprensa” se as mensages nom som compreendidas nem apreendidas pola massa submetida.

[2] Esta citaçom, com umha ilustre prosápia, é um bom exemplo da manipulaçom histórica do espanholismo. Autores como Pérez-Reverte, por exemplo em Las aventuras del capitán Alatriste, apresentam-na pouco menos que como umha afirmaçom da naçom espanhola já na Idade Média (quando o conceito de naçom tal como o entendemos hoje data do século XIX e das revoluçons burguesas). Na realidade nem existiu no imperial Reino das Espanhas como umha única arenga nem sequer se vencelhava com a naçom no sentido moderno, mas apenas com a procedência geográfica e no caso dos estrangeiros com a coroa a que serviam:

«Durante las guerras italianas, alrededor del año 1500, todos los soldados al servicio de los tercios estaban obligados a utilizar el grito de guerra “Santiago, España”. Los cronistas castellanos narraron que, en la batalla, los soldados cantaban “¡España, España!” y “España, Santiago” a medida que se lanzaban contra sus enemigos. Puede ser que ni siquiera hayan conocido el significado de esas palabras, pero era una frase que los ayudaba a concentrar su ferocidad.

Durante los siguientes cincuenta años, el grito de guerra “¡Santiago, España!” comenzó a escucharse en toda Europa. Lo utilizaban todos los soldados que peleaban en nombre de España, ya fueran castellanos, italianos, alemanes o flamencos. Vale la pena hacer hincapié en este punto, debido al malentido generalizado de que las tropas gritaban por España por el hecho de estar compuestas por españoles. Dada la composición internacional de los ejércitos de España, la verdad es que la mayoría de las veces no eran españoles los que la aclamaban. Los gritos de guerra “¡Santiago!” o “¡Cierra España!” no eran prueba de que las tropas tuvieran sentimiento alguno por la nación española. En la batalla de Mühlberg, en Alemania, en 1547, la deslumbrante caballería húngara del ejército imperial tuvo que elegir entre los gritos de guerra oficiales alemanes y españoles, y en vistas de su antipatía por Alemania, no dudaron en elegir gritar “¡España!” al arremeter contra sus enemigos en la batalla» [Kamen, 2006 : 50-51].

Lembre-se igualmente que até o século XVII Espanha era sinónimo de Península Ibérica porque ainda guardava o sentido do Hispánia romano.

[3] Em vários dos seus artigos indica isto, nós remarcamos o recolhido no discurso sobre o estado da naçom galega de 5 de Novembro de 2004, intitulado «15 anos de goberno do PP, 15 anos perdidos».

[4] Na II República, por exemplo, atingiu-se o Sufrágio Universal com a incorporaçom da mulher nas eleiçons de 1933, jogando um papel crucial na sua aprovaçom as deputadas Victoria Kent, Margarita Nelken e Clara Campoamor. Antecedentes tinham-nos nos postulados do federalismo burguês mais radical do XIX, embora fosse um sufrágio que exigia um nível de estudos que mui poucas mulheres tinham na altura – o que nom se lhe exigia aos homes curiosamente, ou nem tanto-. A traduçom do trecho literário é nossa.

[5] Trata-se dum instituto criado na metrópole, Madrid, segundo o estipulado polo real decreto de 16 de Agosto de 1876 e orientado, num princípio, a ensinança secundária. Os seus estatutos aprovam-se a 31 de Maio de 1876 pola acçom de professores e intelectuais apartados da ensinança polo Decreto Orovio de 1875. Entre os seus integrantes topavam-se Francisco Giner de los Ríos, Nicolás Salmerón, Azorín, Antonio e Manuel Machado, etc., que logo seriam os predecessores do krausismo. Quanto instituiçom, ensaiou a aplicaçom do neutralismo religioso e ideológico, a coeducaçom e os métodos pestalozzianos e froebelianos, que conduzírom à renovaçom da ensinança meia e superior influindo na reforma escolar republicana e na organizaçom e posta em marcha da Residência de estudante de Madrid, em que coincidiriam Buñuel, Dalí ou Lorca. Logicamente, a Guerra Civil esborralhou todas estas experiências.

[6] A cultura judia, e portanto tamém a cristá nada dela, é fortemente patriarcal como tem retratado Saramago no seu Evangelho segundo Jesus Cristo. Hai muitas passages bíblicas lesivas para com a mulher que se explicam polo contexto social em que esses textos fôrom produzidos e o Deuteronómio é um autêntico código legislativo da época onde se recolhem herdanças doutras civilizaçons como a mesopotámica: «vida por vida, ojo por ojo, diente por diente, mano por mano, pie por pie» (19; 21). Umha destas passages di «si un hombre toma una mujer y se casa con ella, y resulta que esta mujer no halla en gracia a sus ojos, porque descubre en ella algo que le desagrada, le escribirá un acta de divorcio, se la pondrá en su mano y la despedirá de casa. Si después que ella ha salido y se ha marchado de casa de éste se casa con otro hombre, y luego este segundo hombre la aborrece, le escribe el acta de divorcio, se la pone en su mano y la despide de su casa; o si se muere este otro hombre que se ha casado con ella; el primer marido que la repudió no podrá volver a tomarla por esposa después de haberse hecho ella impura. Pues sería una abominación a los ojos de Yavhé, y tú no debes hacer pecar a la tierra que Yavhé tu Diós te da en herencia» (24; 1-4).

[7] Citado por Freitas Juvino [2008: 491-2].Noutras passages nom parece tam afortunada a sua escolha léxica – compreensível polo contexto histórico-. Por exemplo no capítulo XXIV do livro terceiro recolhe-se:

«Hoxe o irrintzi vasco, o renchillido montañés, o ijujú astur, o aturuxo galego e o apupo português están vencidos pol-o afeminado olé... Pois ben; os galegos (...) somos a antítesis da golferancia e do señoritismo, da gitanería e do toureirismo. Que resucite a Castela asesiñada en Villalar. Que Castela deixe de ser o que Antonio Machado lle botou en cara: “Castilla miserable, ayer dominadora, envuelta en sus andrajos, desprecia cuanto ignora”. Entón Castela sería cicáis unha Hespaña, e con ela nos entenderíamos. Cos golfos e os señoritos non» [Castelao, 1944: 367].