Palavras novas e velhas

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Marta e a democracia

A trágica morte de Marta del Castillo une-se a umha longa lista preta de mulheres assassinadas polo terrorismo machista, auspiciado polos poderes fácticos com dinámicas patriarcalistas que se reproduzem como consignas de dia para dia nos meia. Porém, a sociedade só vê o facto pontual, limitada pola espiral de ignoráncia em que vive submetida polo binómio político-militar, e lança-se às ruas reclamando um referendo para estabelecer a cadeia perpetua.
A cadeia perpetua é, para além de anticonstitucional, um atentado contra umha sociedade que se julga a si própria democrática, pois obvia o básico de qualquer sociedade que deseje realmente ser democrática; e por democrática nom se entende a pseudo-democracia da II Restauraçom bourbónica, a democracia de votar e calar. As penas relacionadas com estes repugnantes delitos som elevadas e deveriam conduzir, no plano teórico à reabilitaçom. No entanto, o que deveria exigir a sociedade é que se educara em valores autênticamente democráticos (algo que nom se pode fazer num sistema que lega a educaçom a simples adoutrinamento) desde umha ética de esquerdas que garantisse a igualdade e, portanto, pugera fim ao patriarcalismo das democracias burguesas.
Dá-me no espinhaço, que de seguirem os ataques ao chamado estado do bem-estar e a caída do poder aquisitivo do proletariado e as classes meias (em compreensom e descomposiçom iminente), o Estado espanhol recuperará o debate da cadeia perpetua e instaurará-a nom para os criminais e delinqüentes, pouco ameaçadores para a sua perpetuaçom, mas para aplicar-lhas ao terroristas, ou seja, a todos os presos políticos, que por serem opostos ao sistema, tenham matado ou nom, som terroristas. Isso si, empregando para fazer este recorte dos direitos democráticos o torna-chuvas da existência dos assassinos machistas educados nas suas escolas, que destilam, a partes iguais, um ranço patriarcalismo e um nacionalismo burguês centralista que repete umha e outra vez unidades imaginárias de naçons inventadas após a revoluçom burguesa de 1789.
Destarte, esta seria umha conseqüência lógica ao proceder das democracias burguesas. A Patriotic Art de Bush planejava implantar um chip aos imigrantes, enquanto no Estado espanhol se aplicava a Lei Antiterrorista a operários detidos em concentraçons para defender os seus direitos de classe. A demagogia da seguridade cidadá (em teórico reforço da liberdade) nom vai além de legislaçom para recortar direitos e esmagar qualquer resposta ao sistema. A outro cam com esse osso, mais repressom nom. Os delinqüentes e assassinos devem deter-se na escola, denantes de que matem e nom matá-los ou enterrá-los em vida após o crime, símbolo do fracasso dum modelo social vazio, sem consciência crítica, nem ética real e conseqüente conforme a umha ideologia de livre mercado e livre-pensante, isso si, de cranios ocos. VIVA GALIZA CEIVE, SOCIALISTA e NOM PATRIARCAL!

Na Galiza ocupada a 21 de Fevereiro de 2008, NÓS SÓS!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Que volva dom Manuel!?

«La mayoría de las noticias sobre violencia las proporcionan las autoridades y se refieren a las respuestas gubernamentales a la violencia. Pero rara vez se explican los objectivos subyacentes de la violencia, y casi nunca se justifican. No se discuten los motivos ni las condiciones sociales que los provocan. La información se presenta descontextualizada, esto es, incomprensible», Vicente Romano: La intoxicación lingüística. El uso perverso de la lengua, p. 46.

A vida é um pandeiro já o dim lá onde eu som os que sabem da vida e das suas voltas, reviravoltas e contravoltas. Nunca o pensei, mas tenho-vos que confessar que em vendo o apoio do PP a Galicia bilingüe e as declaraçons de Palmou afirmando que o PPdG deve deixar de ser um apêndice de Madrid, as tramas de espionage, a divisom interna do partido e os escándalos de corrupçom quase se volta em falha ao seu antigo patrom. Com Rajoy e Feijoo nem eloqüência, nem saídas de tono delirantes nem outra cousa, som a versom descafeinada do velho fascista, os cachorros de Aznar e Bush, mas sem chispa nem liderazgo. Já logo se verám cartazes que ponham «esto con Fraga no pasaba», que os da direita sempre fôrom moi nostálgicos e a Franco figérom-lhe e fam-lhos ainda. Todos bons galegos, madia a levamos como naçom (quem lhe dera aos EUA ter a nossa canteira).

O espanholismo mais selvage e herdeiro directo do nacional-catolicismo recrudesce os seus métodos na santíssima aliança que deitou o passado oito de Fevereiro a Falange Auténtica, Partido Comunista de Unificación Española (tamém a zorra se enganou coa carauta até que comprovou que estava baleira), UPyD e PP na mesma cama preparada por Galicia bilingüe. Glória Lago, Rosa Díez, Corina Porro ou Alfonso Rueda fôrom alguns dos patriotas e bons espanhóis que saírom a fazer-se as vítimas polas ruas enquanto referendavam um etnocídio; como expunha Castelao no seu Sempre em Galiza que diriam os galegos se os políticos aniquilassem o Pórtico da Glória? Pois, o do galego é bem pior por ser «matriz inesgotável de obras de arte». Quando os paxaros se virárom contra as escopetas aginha, desde a metrópole, os meia, fonte permanente do dogma e a cultura após-moderno, apoiárom veementemente o fervor patriótico dos defensores do castelhano, deixando claro que por cima da esquerda e a direita está o espanholismo e o racismo lingüístico por el destilado.

Perto de duas mil pessoas, vidas desde todo o Estado o que dá ideia da escassa capacidade de mobilizaçom real malia o apoio do PP, insultárom à inteligência e fôrom arrastadas pola demagogia às ruas de Compostela, nom para pedir direitos, mas para negá-los. Defendem que um pai poda eleger em que idioma se educa o seu filho, ou seja, excluir o galego definitivamente das cidades e vilas da Galiza e reduzí-lo a pequenas reservas onde a endogámia nos vaia matando. Touro Sentado loitou e os palestinos tamém, ainda que seja com pedras ou com garrafas, mas hai abusos e provocaçons que nom som toleráveis, que temos fama de parvos, mas tanto...

Assassinamos um idioma e umha cultura que nasceu no século VIII e que se escreveu por toda a Península denantes que o espanhol, que andava recluído em glosas (anotaçons ao marge). Um galego que nom se empregava para a guerra, nem para cantar a mercenários coma o Cide, mas para o amor. Eles seguem com a guerra e os seus cantares de gesta e o que é pior, a paciência e o amor tamém se nos esgotou a nós. A seu berro fariseu de liberdade é umha liberdade-bomba. Umha liberdade de mercado que esgana a milhons de pobres cada ano, que precariza o emprego, que assassina desde um andámio a dúzias de trabalhadores cada ano. Outra liberdade-bomba e marginalizar à populaçom galega e voltar a perseguí-la e atacá-la, porque imos falar claro, nom avonda com pisar chao galego para sé-lo. O oito de Fevereiro detivérom-se pessoas tam só por falarem galego em vários pontos de Compostela, suspeitosos de pertencer à kale borroka, a Eta-Batasuna, etc. Isso é o que perseguem para envenenar desde os meia e varrer qualquer oposiçom ao seu Imperialismo nesta democracia de baixa intensidade.

A repressom foi brutal e desmedida, criminal até, o qual acendeu os ánimos e as respostas. Só se bourou por um lado enquanto os supostos mártires berravam fora de si «leña! Leña!». Lenha da árvore caída, pois olho com a labareda nom vaia queimá-los. Quando nom se pode manter a orde denantes dumha manifestaçom deve-se suspender, mas nom defender a um agressores e presentar como terroristas aos que se defendem contra o terror que nom fai tanto enlamou com chapapote as nossas costas e participou na invasom assassina do Iraque e Afganistám.

Desde Madrid fai-se a Lei Antiterrorista e a Lei de Partidos, nom a Lei do Pleno Emprego ou a Lei dumha vivenda digna. Desde Madrid apresenta-se aos defensores do galego como “eta-batasunos” e às moças e moços arredistas como a kale borroka e Jarrai, o demo em pessoa seica. As Galescolas som arsenais onde criar muyahidines para a yihad galaica enquanto o general Armada descansa em Compostela e Tejero na Costa do Sol. Os falantes de castelahno som perseguidos, discriminados e apedrejados em praças públicas por blasfemes e adúlteros. A anarquia reina nos fogares da antiga Gallaecia.

Velem-se, senhores fascistas. Dom Manuel, dos vossos, mas algo mais instruído no mundo da alta política, nom quijo criar duas Galizas dum jeito aberto, ainda que só favorecera a sua parte espanhola – Galicia-, vocês si o fam rendidos ao voto imediato e fácil. O que sementa ventos, recolhe antes ou despois tempestades.

Carta a mamai

«Até que nom tenham consciência da sua força, nom se rebelarám, e até despois de ter-se rebelado, nom serám conscientes. Este é o problema», George Orwell, Nineteen Eighty Four.

Hoje pola manhá, quando abrim a janela bateu de imediato como o ruído dos carros da sua rua e umha alfa de calor entrou polo quarto invadindo-o todo, pesada e abafante. Coma umha lousa apoderá-se de mim este tempo seco de intenso recendo a asfalto que me fai perder quase a cordura. Hoje, quando noto que se achega o tempo de procurar no céu o que nom encontro na Terra, dirijo-che estas palavras de despedida para que saibas que, ainda que nunca mais voltemos a ver-nos porque já nom existiremos nem ti e eu despois de hoje, sempre te levarei comigo e aguardo poder finar com o teu nome nos beiços ou, quando menos, mal-dizendo aos que nos hoje, definitivamente, nos erguêrom por novos vieiros de liberdade tutelada.

Lembro, nom sei porque nesta hora me vem à caneta, que distinta era a aldeia da minha infáncia e da tua maternidade desta cidade de estridências. Lá nom se ouvia o martelo das obras nem os carros zoavam umha e outra vez o seu bem compassado e monótono fungar a máquina, a civilizaçom do progresso na costa que já nom é verdescente. Lá, nos lugares da Purreira só entravam por este tempo os aromas a erva misturados com a sequedade da terra que traia reverberaçons olfactivas do obscuro arume arpado dos pinheiros. Disso fazia, quando menos, mas de vinte anos se é que nós, coitados, podemos medir realmente o tempo.

Vinhera para a cidade justo no tránsito entre criança e mulher, um tránsito biológico e trágico. Quando seu pai morrera, pouco tempo após aquelas horas amargas, sua mai tomara a decisom de que só escapando do passado poderiam sandar aquela dor, mas as duas sabiam que o passado sempre volvem e que os cadavéricos rostos dos hereges e dos judeus som agora rostos pretos ou palestinos. Nom, mamai. Nom fora umha vida nova, nem sei se poder dizer que melhor. Nengumha vida se constrói de cero e nengumha se pode viver duas vezes. Um é o melhor que outros lhe deixam ser e nem sempre está contente e conforme quando se olha no espelho da consciência. Por isso, na civilizaçom do progresso a inconsciência fai-nos livres, ou quase-livres já que quase-somos e quase-pensamos. Deveriamos ser livres, coma os paxaros, para podermos ser e saber que somos, mas tam só somos o que as regras do bem-pensar nos deixam ser e as regras, mamá, nunca as determinamos nós, nem papai... nem deus fixa as regras dos homes se é que fixa algo deste o seu alonjado escano azul. Na civilizaçom do progresso e as liberdades, assi, em plural, hai que apor-lhe valados à liberdade para delimitar bem o que som as quase-liberdades. Rematarám argalhando algumha máquina que o faga e alimentaram-na com energias alternativas salvando o home e a natureza. Quiçais, e só quiçais mamai, acabem inventando umha outra, pequena e arteira, para apagar dos nossos cérebros o passado e criar assí vidas novas e bem-pensantes que contribuam para um mundo onde nom haja diferenças entre mal-pensantes e bem-pensantes; apenas entre bem-pensantes grossos e bem-pensantes famintos. Porque na civilizaçom do progresso todos pensaremos o que eles querem e falaremos o seu mesmo idioma. E seremos, definitivamente, o que eles nos deixam, a deus graças (ou melhor nom misturá-lo nisto) ser.

Devemos apreender aginha as vantages de esquecer-nos de ter que descobrir e configurar quem somos, delegaremos essa fastidiosa e aborrecida tarefa noutros, os bífidos paladinos da liberdade, mas nom cada quatro anos, senom vitaliciamente e, assí todo será moito mais levadeiro. O ar carregado e afumado volverá cheirar-no mais umha vez a flores e teremos liberdade condicional e felicidade perpetua. Todo sob a exígua fiança de nom sermos nós próprios, de ter passado, presente e futuro de nosso. Mamai, quando a hora chegue, mais cedo ca tarde, já nom sentiremos a papai desde a última revolta do caminho da Bargela nem virám nos uns de Março as tuas miradas apenadas ao retrato do avô, porque em nós terá-se apagado o sotaque desta fala do país da Purreira, «esta fala mal-dita que querem tornar maldita», como dizia o evangelista José Saramago. O que noutra hora fora o Reino de Tagen Ata, tam bem descrito polo historiador Ferrim, nom passa hoje dum ermo. Desde que os godos transpassárom a cidade do Corpo Santo, os vizinhos mais umha vez nom acudírom, e colonizárom Vila Santa da Estrela, a cidade de Pedra, e o monte Faro, o monte popular (onde «fui eu madre em romaria» com os corvos e as gaivotas); desde que o derradeiro José Bastida deitou o seu definitivo alento, mais um finíssimo suspiro de quase-independência (em forma de quase-autogoverno baptizada como autonomia ou café para todos) do que um berro forte e colectivo dos antigos séculos, somos os últimos dum passado que devemos esquecer para entrar na civilizaçom do progresso.

Hoje choramos, mamai, e lembramos o avô e a todos os nossos que se fôrom. Os velhos perfumes já nos som impossíveis de evocar no nosso cérebro, porque a televisom e eles dim-nos como devemos ser, mas a televisom ainda é inodora. Talvez com umha máquina ou umha lei Antialgo se consiga que junto a agradável língua goda cheguem o cheiro da fame, da guerra, da morte, da podrémia e das mentiras que fam de colunas dumha orde social perpetua per seculum seculorum.

Mamai, agora que neste caderno deito as últimas palavras desta língua que a história nos deu por ventura primeiro e como maldiçom despois, despido-me dizendo-che que te guardei nos meus beiços até que já nom podia viver mais assí, porque umha nom pode hipotecar-se polo passado quanto o passado nom pode volver desipotecar-te, e na civilizaçom do progresso nom hai sítio para as raízes porque todo vai moi apressa e o sintético nem dá alergia nem hai que plantá-lo coma a árvore de Natal. Lembras o primeiro pinheiro de plástico do lugar que papai trouxera da Terra Ancha? Coma o que usavam os godos. Nom hai já tempo para plantar árvores de Natal. Se acaso eucaliptos. E pergunto-me se até os esquios terám deixado de esparger landras, como nos divirtiamos olhando para eles. A nossa fala foi tamém coma umha belota que inçou e cresceu aos poucos, mas nom valia para o progresso porque nunca entrou no mercado de valores, na língua do país da Purreira nunca se escrevêrom as contribuiçons só faixas e cartazes que o progresso punha a disposiçom dos nossos bárbaros devanceiros, para que deixassem de sê-lo, para que entenderam que devia um ser e para quem e para compreender como teriam de fazer para correr mais a mais polas estradas de tijolo. Tamém para as línguas deve haver livre mercado e nas crises, polo bem nosso, dos deserdados, dos indígenas de Europa, deve haver umha concentraçom do capital cultural numha poucas culturas, para ser mais eficientes e chegar ao número máximo de consumidores no mínimo tempo possível, reconduzindo assí aos mal-pensantes. Destruir para reconstruir. Tamém o etnocídio é umha guerra, mas é surda e os que a padecem até podem nom vê-la porque é incolora, inodora e insípida e, daquela, isso é progresso porque é natural, naturalmente natural, coma a auga que fervia nas fervenças dos rios de antes, mamais, nos que os entregos se submergiam nos séculos passados e que hoje o progresso converteu em formosas piscinas de formigom.

Hoje mamaínha sinto ter tamém que deixar eu de falar a língua da Purreira porque quero ser Goda, compreendê-los e nom odiá-los, e viver sem que me perguntem de onde som, porque falo assí ou directamente me tomem por pampo ou me olhem com lástima. Sinto-o, e coma Boabdil, choraremos como mulheres o que tampouco soubérom defender os homes, se é que na civilizaçom do futuro ainda hai homes e mulheres para além do homo industrialis.

Nom será umha nova vida, a que quando finou papai quigemos sonhar poder começar afogando a memória em ruído e em futuro. Sabes que nom será para mim, a genuinamente derradeira, umha nova vida, porque «nunca haverá ninguém coma nós», tam só um ponto e seguido na história do progresso e o ponto final dumha traiçom colectivo ao passado e à memória, mas decatei-me de que nom podo deixar de ser o que eles querem que sejam. E melhor crer-se igual aos demais ainda que saibas que nom o és, que nunca o foches e que quiçais e que talvez nunca deveras sê-lo. Porém Ser, descobrir-se a um mesmo, custa moito esforço e quiçais seja tempo perdido na civilizaçom do progresso aquilo do quem somos, de onde vimos e para onde imos. Porque na civilizaçom nom se pode perder o tempo, como moito matá-lo com máquinas. Porque o tempo som denários, os trinta denários da nossa traiçom que remataremos volvendo com juros. Mamai, tinhas razom. O tempo nom se perde, perde-se a dignidade e a humanidade e nós, mamai, sempre vivemos com as orelhas gachas e rindo as troças e brincadeiras dos godos. Nom serve de nada fazer-se a vítima quando todos queremos ser verdugo. Colher um saltom e arrincar-lhe as pernas e í-lo diseccionando com meticulosidade é singelo ou era-o quando ainda havia saltons. Pissar umha formiga ou deixar morrer de fame e inaniçom umha cultura tamém. Moito mais singelo que renunciar as nossas comodidades, todas necessárias até que umhas novas as substituam. Moito mais do que botar-nos às costas umha tonelada ou pegar um tiro a um gigante coma os davices que loitárom contra os filisteus, os que logo vinhérom para A Purreira metidos no pelelho de maragatos.

O progresso, mamai, é subtil e até parece inodoro, incoloro e insípido, coma os porcos que andam de pé, porque o ruído fai cega a pituitária e nom deixa palpar o fedor a carniça e a carniçaria. A civilizaçom do progresso tem sumidoiros, jerarquia, pulcreça, orde... e, sobretodo, liberdades. As palavras formosas devem fixar-se em sloganes para já que nom existem ao menos nom esquecê-las e guardá-las coma os lobos e as rás dos pretéritos séculos em museus fóssis. A favor das Liberdades e contra o terrorismo na sociedade do progresso. Liberdade, liberdade de mercado, liberdade de expressom, liberdade de passo, liberdade para morrer de fame, liberdade para torturar, democracia orgánica, inorgánica e desorgánica, insípida, estúpida, hipócrita ou enferma. É o que tenhem os sloganes, mamai Purreira, que combinam com qualquer cousa, agá radical, terrorismo e violência e traje, page e garage.

Nom é o mesmo a violência livre, que defende a liberdade lembrando-nos que pequena é, o que os nossos avôs arredistas chamavam terrorismo de estado. A violência livre pode matar ou deixar morrer, é boa porque é progresso, futuro, em definitiva FREEDOM; o terrorismo da violência verbal radical é mau, porque é molesto ouvir os terroríficos radicais na nossa gastada e incompreensível língua, face a doçura metálica do falar da civilizaçom do futuro e os godos, sob a sua concha, agocham as suas gadoupas assassinas protegendo-nos de ter que Ser, oferecendo-nos ser como é devido para assí melhor viver na Terra Ancha em paz, porque «a guerra é a paz; a liberdade a escravitude e a ignoráncia a força». Só se pode servir à liberdade servindo ao progresso e a liberdade duns poucos, mamai, exige liberdade condicional para os moitos, que determina dia-a-dia a infalível, bem-pensante e grossa lei da oferta e da demanda. E os godos reclamam já a Purreira umha vez chegárom a Vila Santa da Estrela e de ali ao Faro, assí no-lo fam saber amavelmente desde os seus púlpitos quadrados de cores, a fábrica de autómatos bem-pensantes. O verdadeiro destino é o progresso e ti bem sabias, mamai, que quando nos mudamos nom esqueceriamos de todo, mas cumpririamos com o destino e o nosso destino e o viver das toupas, cegas por vontade consetuidinária e secular para melhor ser, porque as toupas nom queriam que lhes chamassem ratas e renunciando ao que eram ceivárom ao vento a peste de ser ratas e morárom na terra, onde fôrom chamadas ratas de terra. Nessa Terra em que durme papai Sebastião que nunca voltará de Alcaçar-Quívir porque umha mesma guerra nom pode delegar-se noutros coma o nosso governo, como moito deixar que os pobres loitem para os ricos; umha mesma guerra nom se deve perder duas vezes se é que é possível perder umha guerra duas vezes como lhe aconteceu a Napoleom, ganhá-la perdendo como lhe aconteceu ao NSDAP, ou perdê-la ganhando como lhe aconteceu ao proletariado russo e chino.

Nom sei mamai, hoje, quando vejo desde a janela em que che escrevo este parque de Vila Santa da Estrela em que me topo, longe da Purreira, perto do campo das estrelas (com a derradeira chantada sobre a minha língua) semelha-me já mesmo que ti já nom és mais do que querem que sejas é que todos os nomes e vozes do passado som ecos apagados dum sonho, formoso, mais sonho ao fim e ao cabo. Aqui cheira a rosa, a rosa díez de vivar, e já me parece que na civilizaçom do futuro, a goda ou a requeté, será possível adivinhar o olor da liberdade e cheirando-a trabalharemos contentes coidando que todos pertencemos a umha mesma grande família onde as ovelhas brancas trabalham para as negras e onde os quijotes e sanchos, os pedrinhos e ranholas podam descansar em paz no nom lugar. Na u-topia. En la Purrera Goda y monolingüe.

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terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Welcome mister capitalism to Galiza, a wonderfull country!


2/2/09



«Debemos desarrollar un nuevo marco social que sustituya al estado del bienestar o lo redifina», Rodrigo Rato.



«Seja como for o esquema que domine, a maioria do Sul – no sentido económico- nom poderá emular ao Norte em propriedade. Produzirá-se um aumento considerável da fochanca sócio-económica e demográfica entre o Norte e o Sul. Continuará o enorme fluxo migratório até o trio de cabeça, a pesar de todas as leis que se adoptem para frená-lo. Existirá entom em Ocidente umha enorme populaçom sem direitos económicos nem sociais e numha má posiçom económica. Assistiremos, pois, à reproduçom da situaçom económica que conhecêrom os países industriais ao longo da primeira metade do século XIX. Acho provável que, perante esta situaçom, os países liberais afundirám-se e viverám umha espécie de guerra civil. Já nom fará falha defender apenas os direitos em Somália, mas tamém na França e nos EUA. Os próximos trinta anos serám caóticos. Após o caos virá a orde, e é impossível prever a sua natureza», Inmanuel Wallerstein (El País, 10-2-1994).

Quando em 1989 cai o muro de Berlim, Francis Fukuyama anuncia a sua teoria do fim da história. Segundo esta, com a defenestraçom do bloco soviético nascia umha nova orde mundial livre de conflitos e onde o livre mercado tam só trairia progresso e prosperidade. O absurdo desta teoria vê-se bem em 2009, hoje som mais os muros ca fai dez anos, ainda que nom se fale deles. Entre México e EUA um. Em Palestina outro que converte a Gaza e a Cisjordánia em ghettos de Varsóvia do século XXI. Em Ceuta e Melilha senlhos, etc. Outros muros nom se vem, mas como as meigas «haver hai-nos» e dividem a sociedade em classes irreconciliáveis ao ser opostos os seus interesses pola própria natureza do sistema. Vivemos numha época de convulsons que só fam aumentar mais a cada passo e o esgotamento efectivo do sistema no desenvolvimento das forças produtivas é um facto consumado. Se analisamos o presente e o passado, o capitalismo só pode regenerar-se com cíclicos episódios de destruiçom dessas forças mediante repressom, guerras e estados de excepçom permanentes; todo isto para além da destruiçom do meio natural, o seja, o caos.

2009. O ano em que provavelmente alcancemos o número 1000 milhons de pessoas afectadas pola fame crónica no mundo. Os nossos descendentes verám-nos coma umha geraçom obscura da verdadeira alta Idade Obscura, que começa com a I Guerra Mundial e a consolidaçom do Imperialismo. Em 2002 as sete pessoas mais ricas do mundo contavam com moitos mais activos do que o PIB dos 49 países menos desenvolvidos em que vivem 650 milhons de pessoas. Em 2004 o Banco Mundial publicou que 2800 milhons de pessoas vivem com menos de 2 dólares diários. Isto é o pior genocídio da história e deve-se ao capitalismo, na fase neoliberal do Imperialismo, genocidas com acólitos coma o FMI, o Banco Mundial, a OMC, os EUA, Japom e a UE; etc. Mas, a contrário do que Hitler, Estaline ou Pinochet nom sai nos livros, dessa história que Fukuyama cria morta, como um ser vil e desapreciável. Nom. É o tio Sam, o deus que nos agarima nas nossas vidas regaladas e nas nossas despensas cheias. Por isso aqui, na Galiza, que dorme tranqüilamente no seu berço e no colo doutra genocida (Espanha), o queremos tanto.

Tem-se calculado que com 80000 milhons de dólares anuais eliminaria-se em dez anos a carência de serviços básicos, auga potável e educaçom de qualidade em todo o globo. Umha bagatela ao pé dos bilions que se «injectárom» à banca para evitar o colapso do sistema e um desesperado intento de perpetuá-lo ao preço que seja. Nom fum a Tengo una pregunta para usted, mas senhor ZP, porque nom tira o disfarce de «progre» e lhe saca o que a política económica da pseudo-esquerda e da direita coincidem com o manual neoliberal da administraçom Bush ao cento por cento. A democracia burguesa é umha fraude e agocha a terrível tirania do deus-dinheiro e das multinacionais, as que realmente mandam.






O actual sistema económico é umha tolearia indigestível, fonte de atrocidades e guerras permanentes. Para que uns poucos vivam coma deuses os demais nom podem viver, pois como dizia o génio: «a morte é mais universal do que a vida. Todos morremos, mas nom todo o mundo pode viver» ou aquel provérbio italiano que di: «rematada a partida o rei e o peom voltam para a mesma caixa», embora em Ocidente o reduzamos com a frialdade dos fariseus e nos encolhamos de ombreiras afirmando com Estaline: «umha morte é umha tragédia. Um milhom de mortes estatística».

No entanto, no novo cenário de crise, umha ciclogénese social explosiva, avizinha-se nos próximos nos próximos anos e padecerám-se fortes convulsons sociais que de nom triunfarem serám esmagadas pola oligarquia e a burguesia com repressom respaldada ora pola Patriotic Act, ora pola Lei Antiterrorista, ora pola santíssima Constituiçom de 1978. Por enquanto, a classe obreira de Ocidente começa já a colher a cor vermelha que perdera polo tinte azul do estado do bem-estar, em descomposiçom, o que quer dizer que volta aos poucos a consciência de classe, como se viu na Hélade, porém ainda está verde o processo.






EUA tem hoje mais de 40 milhons de pobres, com a taxa de deficit e endevedamento mais elevada e com a fractura sócio-económica mais brutal dos últimos anos, onde se chegárom a vender casas por 1 dólar! Deles alimenta-se a extrema direita, o integresismo religioso e o imperialismo, quer dizer, «mister Danger», o mesmo que deixou morrer a centos de pessoas quando o furacam Katrina polo delito de serem pobres. «Laisse passe, laisse faire» e «a banda anunciava outra tocata», como acaba Risco o seu O porco de pé de 1928.

Entom, a soberania nacional em quem é que reside? No povo ou numha oligarquia abastada à que semelha nom importar-lhe nem a morte de milheiros de compatriotas em guerras imperialistas nem as desigualdes sociais que venhem dadas polos seus depreciáveis interesses de classe. E aqui colhem tamém outras naçons, eis a Galiza sob a tirania do supercherismo do parlamentarismo burguês do Estado espanhol regido polo conselho administrativo dumha poucas empresas. O nacionalismo espanhol, o espanholismo de UpyD, PP, PSOE e companhia é o que é, um simples mecanismo de controlo da classe obreira, alienando-a confrontando-a com os seus irmaos bascos, cataláns e galegos. Podemos viver todos os povos do mundo juntos, mas para isso cumpre respeitar o seu direito a decidir o futuro livremente, de independizar-se ou de associar-se com quem quigessem pola sua vontade, mas sem imposiçons nem demagogia parida polos 'mass meia' para esganar a Galiza, Euskal Herria e Catalunya, alienando à sua populaçom, atacando à sua cultura autóctone e negando-lhe os seus direitos colectivos como naçons com séculos de existência.






No Estado espanhol, a pseudo-esquerda, os burgueses reformistas do PSOE, aplicam calaças e remendos, cataplasmas decalcadas da direita mais reaccionária: a administraçom Bush. Milhons para Citroën e a automoçom, enquanto os seus obreiros passam a engrossar a lista do paro. Porque é mais espanhola umha multinacional com sé em Paris e sucursal em Madrid do que um tipo de Téis, Mos e Redondela. Este é o verdadeiro nacionalismo do chovinismo espanholista. Enquanto, o BSCH, o BBVA e a puta madre que os botou ao mundo a todos iam bem davam-nos pisos aos moços, viajes a Cuba aos velhos e férias em Marina d'Or aos obreiros. Normal, pois, que agora a classe obreira lhes ajude através do Estado, porque eles som o verdadeiro estado, os que movem o cotarro. A democracia parlamentar burguesa a cada nova campanha eleitoral arremeda mais a titiritada mediática dos EUA, porque a ignoráncia das massas é o salvo-conduto do sistema burguês. Tal o dixo Castelao em 1944, que algo mais ca o agente O09 e ca Tourinho devia saber: «o povo só se salvará quando deixe de ser massa». Socialismo ou caos é a dicotomia presente e já nom «socialismo ou caos» como defendia Rosa Luxemburgo, já que o tempo esgota-se, pois o planeta cansou de tanta irresponsabilidade humana desde o século XIX com a Revoluçom Industrial.

Perante isto, o cámbio climático ceva-se com os mais pobres, com os que menos culpa tenhem, porque deus é justo e misericordioso. Por eles reza o Vaticano, a Conferência Episcopal e o Foro de Érmua. Jesus comia com publicanos e pecadores, visitava aos necessitados... Loitou pola independência de Palestina face o imperialismo romano que torturava, explorava e assassinava. Quanta progressom para a humanidade desde entom! Inventamos as ladainhas e as pregarias para dormir bem e que os pobres de solenidade morram de inaniçom. Vivemos, certamente, no melhor dos mundos possíveis, só hai que premer o interruptor da luz e deixar arder a lámpada enquanto olhamos a maravilhosa programaçom televisada do primeiro mundo com telenovelas, reallity shows e demais canalhada alienante. Nom sei ainda como nom vomitamos ao olhar-nos no espelho. Como dizia Manuel Maria em «Berro pola liberdade do home»: «o home é umha máquina de fazer esterco».

O PSOE governa para os grandes empresários e banqueiros espanhóis. A UE troca a legislaçom laboral a gosto da patronal e aprova cartas outorgadas de costas ao povo com o objectivo de recortar o gasto social para que a classe trabalhadora pague a crise. Acho, portanto, que a RAG deveria pôr democrata como sinónimo de delinqüente.

O nível cultural do Estado espanhol e dos melhores do mundo como o revelam os informes educativos e como comprovo cada vez que boto para à rua e procuro manter umha conversa inteligente, que nom se baseie no trinómio desporto-coraçom-moda, piares da alienaçom capitalista. O nível cultural vejo-o nas massivas concentraçons do estudantado defendendo um ensino público, galego e universal perante o Plano Bolonha. Vejo-o na altíssima afiliaçom da mocidade a grupos políticos, sindicatos ou movimentos sociais. Palpo-a no 90% do Nom à «constituiçom europeia», carta outorgada do livre mercado e da precarizaçom do emprego, que se registou no Estado espanhol, quando na França tam só atingiu 55% e em Holanda 61%. Corroboro-o no sentimento estendidíssimo de consciência nacional com mais de 60% do Hórreo ocupado por forças nacionalistas e independentistas galegas, e no repúdio do uso do 11-S, o 11-M e as vítimas de ETA para recortar os direitos dos cidadaos sob a excusa da seguridade frente o terrorismo instaurando um Estado de excepçom permanente onde as trabalhadoras e os trabalhadores som os verdadeiros terroristas, junto aos movimentos sociais, que cumpre vigiar e se molestam moito erradicar. O nível cultural, em fim, demonstra-se na greve geral que começou no Estado contra a ilegalizaçom de D3M e Askatasuna amparando-se o aparelho repressor na retrógrada Lei de Partidos. Vejo Vigo, vejo Cangas, tamém vejo Redondela; fora-me melhor ser cego para nom morrer de pena. Para os que naçam no 2009: wellcome to hell.

Terra a Nossa! Viva Galiza ceive, socialista e nom patriarcal! Nós Sós!