Palavras novas e velhas

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A BATALHA DAS LÍNGUAS NO MUNDO ACTUAL. UMA RECENSãO COM ALGUMAS DICAS DESDE UMA ÓPTICA SOCIALISTA E LIBERTÁRIA DO ARTIGO DE TERESA MOURE



Continuo como um zigano de deus viajando a bordo de um paradoxo. Há trinta anos eu cria que o meu tempo pessoal coincidiria com o meu tempo histórico. Hoje sei que não participarei da colheita, mas estou empenhado em morrer semente
, Frei Betto.

O artigo de Tesesa Moure intitulado "A batalha das línguas no mundo actual. Multilingüismo e antiglobalización" é um texto valente com um posicionamento inequívoco a favor da manutenção da diversidade cultural e linguística da humanidade frente às ameaças derivadas da denominada, aséptica e intesadamente, como "globalização", quer dizer, as dinâmicas etnocidas e homoxeinizadoras que operam dentro do actual sistema-mundo capitalista.

ALGUMAS QUESTÕES SOBRE A TERMINOLOGIA

Vaia por diante, como já sublinhamos desde um primeiro momento, que concordamos, em linhas gerais, com tudo o exposto e argumentado, com dados contundentes fornecidos desde a Linguística Política (vid. infra), pela professora Teresa Moure no seu artigo, aperecido originalmente na revista Grial (nº 160). Dito isto, no entanto, queremos debruzarnos em algumas considerações para o enriquecimento do debate, pois julgamos que este artigo pode ser um grande ponto de partida para uma óptica ecolingüística desenvolvida no ensino, sempre e quando o docente actue como um canalizador das opiniões dos alunos, ou seja, apenas pontoalizando ao remate das argumentações dos alunos, permitindo assim a reflexão sobre os reptos que nos atira o texto.

Em primeiro lugar, queremos começar pelo encabeçamento do artigo. A autora fala de "batalha", o que se contradí, aparentemente quando menos, com a afirmação que faz sobre a cita de Max Weinrich:

En Occidente, os dialectos pasan a considerarse linguas cando os seus falantes teñen poder para garantir o funcionamento dunhas institucións que aseguren a súa unidade e canten tamén as súas particularidades e excelencias. Nunca noutro caso. Por iso, repítese con frecuencia que unha lingua é un dialecto cun exército que o defenda. Esa imaxe militar (por certo, de ben escasa fortuna) é reiterada continuamente porque se lle atribúe certo carácter subersivo que, como veremos non é tal [Moure, 2003:20].

Uma segunda questão que deve centrar a nossa análise desde encabeçamento é o termo "antiglobalização". Globalização na escola anglo-norte-americana ou mundialização da francesa são termos que não podemos apresentar asépticamente, sob pena de adaptarmos acriticamente a linguagem dominante. Ora, a escolha "antiglobalização" é uma escolha errada, já que os movimentos altermundistas, eis uma nova etiqueta a do altermundismo e a alterglobalização, não se opõem à globalização per se, mas à "globalização realmente existente". E cual é esta globalização realmente existente?

Richard Falk oferece para nós umas das chaves interpretativas que superam o lamazal da "antiglobalização", que deixa muito mal parado o discurso da esquerda quando é empregue esta etiqueta, ao distinguir entre a globalização descendente e a globalização ascendente; por outras palavras xebramos de uma banda a globalização realmente existente, a ultraliberal, da globalização desexábel do "um outro mundo possível e necessário" dos FSM e dos movimentos sociais que se estão reorganizando por toda a parte [Falk, 2001 :217-230] (1).

A ESCOLA E O ECOLINGÜISMO

Para Moure [2003: 19] «os dispositivos escolares son ferramentas ideolóxicas poderosas, coas que o poder consegue perpetuarse». Com efeito, muita é a literatura que se tem elaborado sobre este assunto destacando-se habitualmente a Bourdieu, mas nem só ele. A escola é um aparelho ideológico do Estado (AIE), para Louis Althusser, que se junta ao AIE religioso, ao AIE cultural, ao AIE político, ao AIE jurídico, ao AIE da informação e ao AIE familiar. A diferença do Aparelho de Estado (repressivo) os aparelhos ideológicos são plurais, sendo alguns em essência privados e outros públicos. Porém, como Gramsci adverte a distinção entre o público e o privado é uma diferenzação intrínseca ao direito burguês e escapa-se ao domínio do Estado ao estar além desse Direito: o Estado que é o Estado da classe dominante, não é nem público nem privado, é, a contrário, a condição de toda diferenzação entre público e privado.


Os AIE funcionam em massa mediante a ideologia, é dizer, pertencem à instância ideológica, e só secundariamente recorrem à repressão, normalmente por "indicações" desde a sociedade política; por exemplo a repressão secular do galego tão bem estudada por Freitas Juvino [2008: 199-586]. Na teoria gramsciana «a estrutura e a superestrura formam "o bloco histórico", que por sua vez mantêm um vínculo "dialéctivo real". Isto significa que existe unicamente quando a hegemonia da classe dominante transforma os seus interesses sociais em interesses das "classes subalternas" e "auxiliares". Quando alcança o consenso social» [Mezones, 2004: 60]. Isto explica como o sistema escolar reproduz a ideologia dominante perpetuando a dominação existente e explica igualmente que «cando o profesor omite revisar as linguas (...) contribúe de forma significativa á difusión dunha idea errónea: a homoxeneidade do mundo. (...) Os estudantes universitarios son incapaces de dar o nome das vinte linguas máis faladas no mundo» [Moure, 2003: 19] (2) .

Em resumo, a sociedade civil reproduz um desprezo pelo multilingüismo, que realmente opera no seu seio paradoxalmente, inserindo nas tensões dialécticas da sociedade e, a um tempo, reproduzindo a ideologia da sociedade política que para nada tem a bem a defesa do particular ou de visões alternativas do mundo, toda a vez que a globalização ultraliberal descendente parte já da "democracia limitada" de Hayek, do novo totalitarismo in nomine do fascismo financeiro que está parindo um novo fascismo social, cujas consequências são já observábeis na Eurolandia.

Nesta direcção aponta Moure [2003: 20] quando fala da Declaração Universal de Direitos Humanos como monopólio de Ocidente, ou Richar Falk que adverte que, após a queda da URSS e da hegemonia norte-americada absoluta no sistema-mundo capitalista, os Direitos Humanos vêem reduzidos paulatinamente o seu peso político precisamente porque já no seu nascimento:
o progresso dos direitos humanos, sendo peremptoriamente subversivo em relação às pretensões estatais, em certos aspectos chave-, permanecia, em geral compatível com a manutenção de estruturas geopolíticas de autoridade e riqueza mundiais existentes e, como tal, exercia apenas uma influência marginal. As práticas autoritárias, mesmo nos Estados de importáncia secundária, são normalmente, de modo eficaz, imunizadas por pressões externas ligadas aos direitos humanos, quer estas provenham de Estados, do sistema das Nações Unidas ou de forças sociais transnacionais [Falk, 2001: 174-175].

Porém a língua é por excelência «o dominio da democracia e a liberdade e, polo tanto, permitir como expectadores que alguén sexa incitado a cambiar de lingua é exercer unha violencia simbólica atroz, porque é colaborar para que ese individuo cambie a súa relación co mundo; o que é tanto como cambiar (a peor) o mundo mesmo». Aqui podemos trazer a colação as mudanças operadas no alemão durante o nazismo, ainda o periplo do moldavo e o romeno, as deportações de minorias após as duas Grandes Guerras do XX (e ainda hoje na Papua Ocidental por parte do exército indonésio), ou o discurso da "imposición" tão próximo de nós.

A escola é acusada por elementos da sociedade civil reaccionaria, criadores do "sentido comum" grato à sociedade política do Reino da Espanha, como fonte de adoutrinamento, ideoloxização e imposición do nacionalismo emancipador galego, da cultura galega e da língua galega. Mal que bem, não nos escapa que isto deve-se precisamente a uma tentativa de aprofundar na hegemonia e no pensamento único do totalitarismo ultraliberal, desvirtuando conceitos tradicionalmente positivos como democracia, liberdade, plurilingüismo, etc. Goretti Sanmartín Rei propõe como alternativa a isto, algo que entronca com o exposto pela autora do artigo recensionado, e afirma com rotundidade que «o texto das Bases para a elaboración do decreto de plurilingüismo no ensino non universitario de Galicia son unha boa mostra dos novos rostros do imperialismo (lingüístico)» ou que a concepção ultraliberal do sistema educativo como simples recolledor da variedade social sem possibilidade de intervir sobre a realidade «selecciónase, en termos de Bourdieu / Passeron como o lugar onde se reproduce mecanicamente a estrutura das relacións de forza entre as clases e os grupos» [Sanmartín Rei, 2010: 94, 81].

O racismo linguístico é também outro elemento que latexa no fundo destas ideologias negacionistas da normalização do galego e que falam de bilingüismo perpetuando a relação desigual entre castellano e galego, com a esperança de que o hibridismo consiga o que não deram feito cinco séculos de colonização cultural. Agora, a justificação da "brigada de demolição e limpeza étnica instalada em São Caetano" vem da mão do inglês e o plurilingüismo, mas como recorda Xosé Manuel Sánchez Rei [2009:100] «aprenderen na escola a variedade estándar do inglés poñamos por caso, non ten necesariamente de significar que as nenas e os nenos das Illas Británicas non poidan empregar o seu propio dialecto local do inglés ou de xermánico, nin moito menos, no caso das nacións consideradas celtas, que non poidan utilizar na vida diaria o seu idioma natural».

LINGUÍSTICA POLÍTICA

Anteriormente já advertimos com a cita de Weinrich que o rótulo língua e os seus envolvimentos jurídicos e sociais depende de considerações políticas e não da estrutura interna dessa linguagem. Assim, na China considera-se como uma única língua um feixe de línguas, desde a perspectiva ocidental, que só são intercomunicáveis através de uma escrita comum e não em registos orais. Ao invés, na Índia o Hindi e o Urdu, com pequenas diferenças no seu seio, foram divididas em duas línguas que se associam uma com a religião muçulmana - e a ortografía árabe- e a outra com a religião hindú. Contudo, Mahatma Gandhi, com uma concepção linguística avançadíssima para a sua época dito seja de passagem, considerava-as uma única língua com duas propostas ortográficas, tal e como acontece hoje na Noruega e ainda na Galiza, e desbotaba o inglês por ser a língua da colonização, se bem o Estado indiano manteve-a, embora distanciando-se dela por meio de uma norma própria. Vê-mos como em todos estes casos, uma língua é, antes demais, uma categoria da instância ideológica determinada por decisões políticas e sociais [Gandhi, 2010: 15, 16, 19, 64, 110-111, 119, 122].

Por sua vez, Moreno Cabrera [2008: 13-60] salienta com acerto que o conceito língua é tão arbitrário, acientífico e tem o mesmo carácter social do que o conceito de nação. Assim, Chomsky defende que as línguas comuns ou públicas não são objectos do mundo, apenas abstracções, construções sociais, como o são as comunidades imaginadas às que chamamos nações. Ainda que nom é objecto destas dicas afundar nisto, remetemos-nos a trabalhos como os de Henri Boyer, a ecolingüística vê-se pexada fora de áreas com conflitos linguísticos acesos pelo poder sem contestación que exerce o nacionalismo dos estados-nação:

Todos los grupos, tanto los mayoritarios como los minoritarios, incorporan una dimensión étnica y el no reconocimiento de esa dimensión por parte de los grupos mayoritarios o más poderesos tiene que ver con las diferentes relaciones de poder entre los grupos. La manipulación del grupo dominante consiste en presentar como no étnicos los intereses de este grupo y asignar el sambenito de étnico a los intereses de los grupos dominados o minoritarios. (...) Las actuaciones de los grupos no dominantes a favor de su lengua (...) se tildan de nacionalistas, mientras que las de los grupos dominantes se califican como no nacionalistas. Pero es que las actuaciones de los grupos no nacionalistas también se fundamenta en la defensa y promoción de una lengua, una cultura étnica y un poder político de una nación concreta y, por tanto, son igualmente nacionalistas [Moreno Cabrera, 2008: 193].


Este nacionalismo linguístico acocha uma e outra vez que «na maioría das rexións do mundo os individuos desenvolven as súas vidas mediante o uso de varias linguas». Por outras palavras, o monolingüismo não existe já em nenhum ponto da Europa, fora alguma área rural, por causa das migrações e, aliás, que é uma língua? Se seguimos o razoamento de que as koinés são abstracções e variantes criadas na superestrutura, não é por acaso uma língua de um jovem que vive num bairro marginal de Madrid ou Paris de costas à língua e cultura da RAE e dos campos de poder das elites ainda quando fala "castellano"? Eis a diferença entre língua e comunidade real face a língua e comunidade imaginada. Esta inventio do monolingüismo já vem do liberalismo do XIX que acreditava num modelo jacobino e uniforme de estado, para além de na língua universal, e acrecenta-se a cada hora com a "cocacolonización" do mundo, como diz num seu poema Celso Emilio Ferreiro, que opera na globalização descendente e que aplica o darwinismo social também às línguas.

David Crystal coincide com Moure em que a própria Linguística dispensa um trato bem pouco afortunado ao multilingüismo e que ainda é refractaria a assumir transversalmente os postulados do ecolingüismo. Em 'A morte das línguas', o autor galés assinala que é intolerável que se podan rematar os estudos filolóxicos sem noções de Linguística Política (sociolingüística) e sem estudar nenhuma língua minorizada ou minoritária. É por isso que «para a maioría das linguas do mundo a era lingüística aínda non deu comezado» [Moure, 2003: 20].

Assim, a linguística profissional gaba-se de ser «unha ocupación non comprometida, que contempla como cae a auga da billa sen poñer tapón no sumidoiro» e que remete para aquela outra metáfora que Carlos Taibo apresenta para advertir dos limites ecológicos do planeta: temos a torneira da banheira aberta e a casa de banho inundada, mas não a fechamos limitando-nos a estéreis protocolos que retrasan o desastre, tal como se tentáramos achicar a água tirando toallas no chão assolagado.

Para Calvet [1998: 7] a responsabilidade disto recae no estruturalismo, paradigma ainda hoje muito vivo nas universidades galegas. Saussure, Bloomfield, Hjeimslev e ainda Noam Chomsky «ao elaboraren teorías e sistemas de descricións variados, concordaban en delimitar o campo da súa ciencia de xeito restritivo, eliminando das súas preocupacións todo o que non fose a estrutura abstracta que definían como obxecto do seu estudio. (...) O estruturalismo construíuse en lingüística a partir da negativa a ter en conta o que hai de social na lingua». O autor galo retrotae este divórcio entre academia e sociedade, esta consideração do objecto de estudo da linguística como algo alheio à realidade social onde as línguas se empregam na sua função referencial e não só comunicativa, a Antoine Meillet. Meillet definia a língua como como um facto social, na linha do sociólogo Durkheim, mas isso ficou apagado quando Ferdinand de Saussure reduz no seu Cours de linguistique générale a língua a uma abstracção que é necessariamente inexplicábel. Este estado de coisas só irá mudando após a II Guerra Mundial, embora seja de um modo muito paulatino.


Como assinala Moure [2003: 25] «os lingüistas estaban actuando coma se só puidesen adquirir o estatus de científicos a condición de non interviren na realidade. Se cadra por iso, ata hai ben pouco, refugaron intervir en cuestións relativas ás dimensións do feito lingüístico». Esta divisão case neoplatónica é o que Domènech, falando da ciência em geral, tem apresentado como a "ideotização" (3) e "fragmentarização" das ciências, ou seja, a disociação do académico [mundo das ideias] do social [mundo real]. Este "neoplatonismo" ultraliberal, permita-se-me a licença, do "fim da história" e tantas outras asneiras bebe do irracionalismo que caracteriza a degeneração do modernismo e que alguns deram em denominar como pós-modernismo, sobretudo, a partir do pós-estruturalismo de Deleuze, Derridá ou Foucault. Lembre-se que estes autores, representantes do que Edward Said chama postestruturalimo "mundano" e que fã do textualismo um cárcere, reconhecem a sua filiación com Nietzsche, a tal ponto que Foucault chega a afirmar que “son simplemente nietzscheano” [Callinicos, 1995: 121-155].

Não faz nem falha lembrar que Nietzsche foi reconvertido como autoridade máxima para o irracionalismo fascista da década de trinta e que após o insucesso das revoltas de Maio do 68 se converteu em centro do pensamento pós-moderno. Neste sentido, «las doctrinas características de los modernos irracionalistas son ahora, como hemos visto: acento puesto sobre la voluntad, en oposición al pensamiento y al sentimiento; glorificación del poder; creencia en el intuitivo “postular” proposicionanes, en oposición a la prueba inductiva y a la observación» [Russel, 2010: 68].

Ainda hoje a sociolingüística fica em excesso reduzida a escassos âmbitos, quase todos académicos, se bem vai espalhando a sua receptibilidade social, felizmente, especialmente após o impulso que Aracil e Ninyoles lhe dão no Estado espanhol. Concordamos com Calvet em que «non hai razón para facer distincións entre unha lingüística xeral que estudiaría as linguas e unha sociolingüística que tería en conta o aspecto social destas linguas: noutras palabras, a sociolingüística é lingüística» [1998: 21]. É por isto que, em minha opinião, seria muito útil a adopção de uma outra etiqueta, a de Linguística Política, na linha da Economia Política, a Filosofia Política, etc. e que até impulsionaria necessariamente esta disciplina a novos campos do saber e a uma maior interdisciplinariedade. Mal que bem, é hora da superar a concepção pós-moderna e nada cándida de "apoliticismo" e advogar por uma (re)politización geral, já não só da sociedade, mas do mundo académico no seu conjunto; uma repolitização que não deve perceber-se como servilismo a uma estrutura partidista, mas como a volta ao antropocentrismo ou ao que Mike Davis chama antropoceno, sem esquecermos a relação simbiótica, o mutualismo, entre sociedades, culturas, línguas... e entre a humanidade e a natureza (4).

NOTAS

(1) Por uma questão de espaço e para não desviar-nos em excesso do foco do artigo não podemos deter-nos mais nas considerações de Falk e outros muitos autores que dariam para um extenso ensaio. Porém, não nos resistimos a deixar aqui o enlace de uma entrevista muito lúcida sobre a situação actual da esquerda política e da esquerda social (toda esquerda é política, mas para nos entender) concedida pelo vice-presidente de Bolívia García Linera:
http://revoltairmandinha.blogspot.com/2010/10/precisamos-de-uma-internacional-de.html

(2) Este ocultamento ou desprezo do que se ignora, tão caro ao Ocidente, reproduz-se também das discriminações que se operam no seio das sociedades ocidentais. Quando Teresa Moure [2003: 19] afirma que «cando non se mencionan nas aulas os nomes das linguas do mundo, constrúese un silencio semellante ao sixilo con que se pasa na clase de xeografía polos países de África coa disculpa fácil (“é que como sempre están cambiando de capital...”) para agochar a verdade (“¿a quen lle interesa África?”)» vêem-se-nos rapidamente um argumento parello empregado contra o galego: “es que el gallego está cambiando siempre de normativa” quando realmente o que querem dizer é que não têm o mais mínimo interesse pelo galego.

(3)No sentido etimológico (em um dos seus sentidos etimológicos em rigor): "sem ideias".

(4) Num artigo recente tenho debruzado algumas noções relacionadas a raiz do Decreto para o galego aprovado pelo PP: http://www.altermundo.org/content/view/3237/402/

BIBLIOGRAFIA

ALTHUSSER, Louis (1970), “Ideología y Aparatos Ideológicos de Estado. Notas para una investigación” em a revista La Pensée.

CALLINICOS, Alex (1995), Contra o Post-modernismo, Laiovento, Compostela.

CALVET, Louis-Jean (1998), A (Socio)lingüística, Laiovento, Compostela.

FALK, Richard (2001), Globalização Predatória. Uma crítica, Instituto Piaget, Lisboa.

FREITAS JUVINO, María Pilar (2008), A represión lingüística en Galiza no século XX. Aproximación cualitativa á situación sociolingüística de Galiza, Xerais, Vigo.

GHANDHI, Mahatma (2010), Política de la no violencia, Pensamiento Crítico-Público, Barcelona.

MEZONES, Carlos (2004), Educaçom e cultura em Gramsci, Pensamento Crítico, Vic.

MORENO CABRERA, Juan Carlos (2008), El nacionalismo lingüístico. Una ideología destructiva, Península, Barcelona.

MOURE, Teresa (2003), “A batalla das linguas no mundo actual. Multilingüismo e antiglobalización”, em Henrique Monteagudo (coord.) 'O desafío da diversidade lingüística', Grial, nº 160, pp. 19-29.

RUSSEL, Bertand (2010), “La ascendencia del fascismo” em Elogio a la ociosidad, Público-Banc Sabadell, Barcelona, pp. 57-73.

SÁNCHEZ REI, Xosé Manuel (2009), “As voltas co significado da estandarización” en Mª Pilar García Negro (ed.) Sobre o racismo lingüístico, Laiovento, Ames, pp. 95-121.

SANMARTÍN REI, Goretti (2010), Lingua e futuro, Laiovento, Ames.