Palavras novas e velhas

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

PARTICIPAÇOM SÓCIO-POLÍTICA DA MOCIDADE. O CASO ESTUDANTIL. A RESPOSTA DO NACIONALISMO GALEGO

A Crunha, Janeiro 2010.

É pola própria configuraçom do sistema universitário?

Bem é certo que a configuraçom do sistema universitário impele a inacçom, mas isto seria umha armadilha bem pequena para o estudantado em vendo a activaçom do mesmo durante o tardo-franquismo. Em minha opiniom as raízes do desleixo da mocidade para com a participaçom política passa em primeiro lugar polos próprios avantares históricos da Galiza, sem umha sociedade civil forte e, sobretodo, pola propaganda da passividade operada desde os poderes fácticos e os média do globalizaçom ultraliberal descendente, sem esquecer as formas de vida a ela associada.
Em primeiro lugar cumpre assinalar que a desactivaçom da sociedade civil, isso que Chomsky denomina a segunda super-potência – a da opiniom mundial –, forma parte do desmantelamento e enfraquecimento dos estados, quer dizer, as forças globais de mercado estám manipulando o enquadramento e os mecanismos institucionais disponíveis para a cooperaçom no plano global e local até tal ponto que nem os estados mais fortes som capazes de proteger interesses da maior parte das suas estruturas sociais, especialmente das mais vulneráveis coma os trabalhadores e o lumpem. Nom é por acaso que o Processo de Bolonha forme parte desta estrategia orientada à queda do welfare state no que concerne aos estados europeus.
Para outras partes do planeta o processo é ainda mais dramático e afunda no apartheid global, com situaçons como as do Haití, sustentado todo el noutra discriminaçom, a do apartheid nuclear.
O desinteresse geral pola política acentua-se igualmente pola uniformidade das filiaçons partidárias. As diferenças políticas em todo o Estado espanhol vírom-se minoradas nos últimos tempos dando-se-lhe preferência ao imperativo de integrar preferências globais de mercado independentemente da orientaçom política do governo em questom. Aqui insire-se perfeitamente o affaire das caixas galegas nisso que poderiamos denominar como a “fabricaçom de consenso ultraliberal”.
A uniformidade dos quadros políticos nom convida pois a umha involucraçom no sistema porque a capacidade decisória dos cidadaos reduze-se a votar cada quatro anos num cenário de política-mercadotécnia.
O mercado desregularizado é o que apreixa agora ao estado e a cidadania nom percebe pola esquerda umha força política capaz de transformar este estado de cousas, a contrário a política está a ser definida por umha cultura dominadora e tiránica que nom proporciona aos seus membros um sentido do seu valor próprio tornando-se, por ende, nom só materialista ao nível dos seus apetites mas tamém propícia e incentivadora de várias formas de patologia social – pola ausência dumha sociedade civil com referentes e orientaçons rupturistas pola esquerda – como a xenofobia, os ataques aos direitos reprodutivos da mulher, etc.
O crescimento de ultra-nacionalismos e neo-fascismos coma UPyD e a escassa contestaçom que os think tank, como as FAES, demonstram que sem a acumulaçom de forças necessária, sem formaçom nem sociedade civil as soluçons estruturais políticas apresentam-se como opressivas e no caso espanhol recentralizadoras.
Se a democracia se reduze a votar e calar caímos no “todos som iguais”, no aborrecimento e na indiferença. Rachar, pois, esse “consenso ultraliberal” das forças políticas é vital, polo que cumpre reedificar formas de participaçom a fim de evitar a atrofia sistémica da consciência cívica, vontade dessas “maos invisíveis” que movem os fios da geopolítica.
Por último, sublinhar que o estudantado deve ser um piar da sociedade civil, a alavanca da esquerda social e, portanto, é necessário pôr em marcha novos mecanismos para que a sua involucraçom seja efectiva, do contrário passaremos do estado-social dos cidadaos ao estado-penal dos súbditos.

Polas organizaçons do estudantado que nel operam?

A ausência de forças organizadas na sociedade, independentes dos partidos políticos, motiva que perante o aggiornamento das organizaçons do estudantado a desmobilizaçom seja massiva e nom se artelhe um movimento alternativo pola esquerda que force aos sindicatos a nom poder renegar ou passar por cima de desafios de calado, coma o Processo de Bolonha, umha reconversom industrial aplicada ao ensino sem apenas resposta desde uns Comités centrados em taxas e no mestrado, evitando a pataca quente que supom enfrontar-se a implantaçom deste processo desde o poder .
De facto, o papel dos Comités na desactivaçom e na desmobilizaçom do estudantado perante o processo de Bolonha nom se pode passar por alto, assi como a sua teórica virage após o 1 de Março, embora nom tenha ainda redundado em nengumha conseqüência prática nem tam sequer em desafios paralelos como a implantaçom do novo Máster de Secundária, baseada mais umha vez na impostura e na desorientaçom.
Este aggiornamento trai consigo nom poucas conseqüências de calado perante a ausência de espírito crítico e iniciativa política na mocidade:
a.- Temporais: a reactivaçom do estudantado fai-se mais complexa já que as mensages opostas a Bolonha e críticas, quando som feitas desde entidades minoritárias e mais ou menos marginais chegam com dificuldade ao estudantado ou chegam deformadas polos detentores do status quo. Mas é um arma de duplo gume, porque tampouco será doado para os Comités inçar a sua cada vez mais inane implantaçom real nas diversas faculdades do país.
b.- Metodológicas: a renúncia à pedagogia revolucionária e as etiquetas da esquerda clássica complica a apresentaçom e conformaçom de análises críticas coerentes e coesionadas e, por sua vez, dificulta que, de fazerem-se, haja realmente umha massa de receptores suficientes; quer dizer, que os discursos cambiantes e contraditórios, ou mesmo inexistentes, que caracterizárom a ausência de oposiçom e mobilizaçons serias contra Bolonha fam perder nom só a credibilidade dos Comités, seqüestrados polo BNG – governo através de Galiza Nova, mas a do movimento estudantil mais consciente em geral pola sua incapacidade para organizar alternativas e plantar-lhe cara aos desafios.
A espiral de ignoráncia acentua-se e exige dumha nova metodologia para recuperar os sinais identitários dos movimentos de esquerda enquanto se foca ao estudantado nom coma um conjunto amorfo, mas coma estratos diversos a que discursos e campanhas se tenhem de necessariamente adaptar para chegar a eles e ganhá-los, nom tanto como votantes dum partido ou simples aderentes dum sindicato, mas como células dumha sociedade civil em construçom que recupere o estado para a cidadania e a universidade para o estudantado e para a Galiza.
Por fim, devemos ter claro que sem contra-discurso rigoroso, sem a esculca ajeitada, os agentes que deveriam apoiar-nos passarám a alinhar-se com o discurso oficial que umha e outra vez lhe é transmitido desde os média.

Como analisar a realidade estudantil?

Na universidade nem tam sequer chega a 1% o quantidade de alunos implicados em organizaçons estudantis permanentemente. A análise desta realidade nom é singela, mas podemos enumerar alguns sintomas que cumpriria complementar com aquelas noçons, ou chaves de interpretaçom teórica, que enumerei na anterior palestra centrada na mocidade (noçom de redes e a noçom do horizonte de expectativas).
A degradaçom dos interesses e valores comuns é um alvo do ultraliberalismo que se encaminha ao colapso estrutural, mas que age com impunidade perante a ausência de alternativas promissoras e viáveis. O narcisismo e a passividade em que se instala boa parte da sociedade é o espelho dum baleiro ideológico onde os gritos de desespero da mocidade se identificam através da proliferaçom de grupúsculos espanholistas e xenófobos, a militarizaçom da mocidade, o esquerdismo apenas estético, a adesom às drogas, bandas criminosas...
Para umha boa parte da mocidade do mundo nom hai razons para a própria vida, como para envolver-se na luita pola transformaçom da sociedade em nome desse outro mundo do que se fala nos foros da globalizaçom ascendente. O consumismo como valor supremo assenta-se no vazio e conduze para umha cultura em vias de fracasso e maniqueia, onde o individualismo, ora pessoal em relaçom a sociedade, ora grupal em relaçom a periferia, permite a ofensiva ultraliberal e o agravamento do apartheid global. Umha fugida cara adiante, cara ningures.

Som as organizaçons do estudantado próximas a essa realidade? Existem mais opçons desde a perspectiva nacionalista e de esquerdas para a auto-organizaçom do estudantado? Quê modelo seria o ajeitado?

Nom por reconfortante é doado estabelecer modelos nem verdades absolutas. Aqui é onde entro a falar da minha experiência como integrante da Assembleia de Filologia, umha dessas experiências que configura um dos “modelos” possíveis de organizaçom do estudantado e que serve, em minha opiniom, de alavanca para a participaçom política logo noutras entidades.
As assembleias de centro som umha tentativa de reactivaçom do estudantado baseada no horizontalismo e encaminhada para o mantemento de posiçons críticas e de esquerdas. Umha modesta alternativa aos sindicatos clássicos desde a que construir na medida do possível esse contra-discurso necessário hoje ausente na acçom sindical maioritariamente. No entanto, nem é umha missom doada nem está livre de fundas e variadas eivas que tentarei expor de seguido.
A assembleia nasce como umha corrente alternativa, na estrategia e no discurso, ao que ofereciam outros sindicatos, entre eles os Comités, com umha aposta pola horizontalidade e a participaçom e com vontade de estruturar-se em entidades maiores como umha Coordenadora de assembleias para a USC. Eis a sua potencialidade, mas tamém as suas debilidades.
A sua potencialidade para a criaçom de contra-discurso e para a acçom combativa passa por estar integrada, na sua maior parte, por militantes nacionalistas e polas camadas do estudantado mais consciente, mas isto de por si é tamém umha eiva porque nem sempre se soubo adaptar e modalizar o discurso para chegar a maiorias mais amplas. Isto trai consigo umha assembleia conformada por pessoas muito activas, mas tamém a escassa capacidade de atrair a novas incorporaçons que verdadeiramente se impliquem no dia-a-dia do projecto.
Contodo, na últimas eleiçons à Junta de Faculdade passamos por vez primeira a ser a primeira força em representaçom inclusive por cima dos Comités, que historicamente tinham em filologia um dos seus feudos. Deu-se até o paradoxo que integrantes activos dos Comités se passárom para a assembleia com um denominador comum: nom desejavam trabalhar e desenvolver campanhas alheias ao tempo que se recusava aceitar as suas próprias desde arriba.
Contodo, os problemas que apresenta esta iniciativa podem ser a sua sentencia de morte se nom hai capacidade para reconduzi-los, e tenho que dizer que provavelmente nom a haja. Um primeiro problema é que nom hai hábito de trabalhar em horizontalidade desde o diálogo e a transparência, quer dizer, sem tentar cooptar essas assembleias como simples instrumentos dum ou outro aparato político e, daquela, atraiçoando o seu espírito integrador e plural.
Um outro problema é que as estruturas verticais, dependentes dum aparato político, som, por natureza, mais perduráveis no tempo, porque os militantes dessa organizaçom asseguram a sua sobrevivência a longo prazo e a estrutura do partido-base oferece ferramentas excelentes desde as que agir e umha ressonáncia das suas vindicaçons teoricamente muito mais elevada.
As estruturas horizontais sem adscriçom som muito mais féveis, nom contam com esses meios engadidos e adelgaçam ou engordam os seus quadros com umha intermitência mais dilatada. Destarte, os confrontos entre as facçons no seu seio som teoricamente muito mais profundas ao responderem a visons muito afastadas dum mesmo problema. Na prática, quando menos em filologia, isto nom tem sido um atranco, como nom o deveria ser a pluralidade da frente a que pertenço, o BNG. De facto, na nossa assembleia nunca houvo umha votaçom, sempre se pacta umha postura que convença a todas e a todos.
Aliás, se num momento se rompe a cadeia e nom hai transmissom geracional a experiência acumulada dos quadros anteriores perde-se e cumpre voltar começar de 0 ou o artefacto fina sem mais. Entom, o modelo das assembleias, mal que vem, é um modelo em precário, enquanto nom haja maiorias estudantis que operem no seu seio com consciência do seu alcance e objectivos bem definidos.
No tocante, a estruturaçom em unidades maiores que lhe dariam coesom e força ao movimento, todas as tentativas se tenhem tornado impossíveis polas distintas famílias que luitavam pola hegemonia na mesma, assi como polo boicote dos sindicatos, que sempre olhárom com reticências este modelo por ficar afora do seu controlo. Um erro estratégico de Galiza Nova, mas vaia por diante que nom o é só desta organizaçom, como despois tentarei desenvolver.
A última tentativa de reunir umha Coordenadora com os restos das assembleias de centros que ainda ficam em Compostela (filologia e políticas principalmente) sofre contínuos atrancos que dilatam umha e outra vez a sua posta efectiva em marcha. Contodo, nom som atrancos distintos dos tira-puxas antes descritos, mas poderiam certificar a sua morte antes tam sequer de ter nascido.

Como fazer o movimento estudantil volte a ser um viveiro de votos e quadros para o BNG?

Aqui é onde entra, ao meu ver, a necessidade dumha mudança na táctica dos Comités, ou doutra nova organizaçom do estudantado da esquerda nacionalista, que permitiria reactivar o movimento estudantil através da horizontalidade e a pluralidade das assembleias de centro, sem menoscabo da implantaçom social dos Comités, a contrário. Explico-me.
Os Comités deveriam ser os primeiros em interessar-se polo sucesso dumha coordenadora de assembleias de centro. Ainda mantendo como é lógico a sua própria organizaçom e actividade, seria um espaço em que os membros dos Comités, a título individual e nom como sindicato, poderiam fornecer os seus pontos de vista e trabalhar com outras sensibilidades e visons num diálogo enriquecedor.
Destarte, possibilitaria que os Comités estiveram em permanente contacto com as vindicaçons do estudantado mais consciente e mesmo poderia ser a melhor ferramenta para incorporar a amplos sectores do estudantado e, por ende, um caladoiro de novos simpatizantes e integrantes, para além dum foro imensurável para a propagaçom desse necessário contra-discurso de que falava. O carácter rotatório das vozeiras e vozeiros das assembleias e a necessidade de retificaçom das propostas da coordenadora nas assembleias de centro poderiam evitar qualquer umha das tentativas de cooptaçom.
No entanto, e já remato, tenho que reconhecer que som céptico. Nom é para menos. A mercantilizaçom do ensino desenhada polo grande capital aterrou na Galiza sem oposiçom e as luitas do estudantado sérias som ecos dum afastado passado. A actuaçom de comparsa dos Comités neste processo tem sido determinante à hora de explicar este fenómeno, assi como a conjuntura política estatal com um PSOE no governo e nom com o PP como em reformas anteriores. Tampouco se percebe na direcçom do nacionalismo maioritário umha vontade de mudar o rumo e ser instrumento e nom clero do nacionalismo galego.
Muito me temo que esta análise e declaraçom de vontades nom seja mais do que um brinde-ao-sol. Polo bem, do estudantado, da Galiza e do próprio nacionalismo aguardo que nom seja assi. Obrigado.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Haiti, umha olhada alternativa da tragédia. Conspiranoia ou novas bases para o apartheid global?

Só os pequenos secredos tenhem que ser protegidos.

Os grandes mantenhem-se ocultos pola incredulidade pública”, Marshall McCluhan

Despois da guerra do Iraque e doutras andainas, em que o Imperialismo tem maquilhado os seus alvos através da venda dum “truísmo humanitário”, nom é de estranhar que me fora forçoso tentar aproximar-me ao desastre a situaçom actual do país desde outras fontes. Nom hai nada original portanto neste artigo, apenas um exercício de cortar e pegar.



Manoel Santos manifestou que “mentres Haití chora, albíscanse demasiados intereses, como indicaba Klein, de quen ve nos desastres da xente oportunidades de negocio. Haití non precisa de máis ocupación milital, como propuxo Zapatero, senón unha verdadeira misión de solidariedade”. Nesse mesmo artigo lembrava-se-nos o declarado por Naomi Klein no programa Democracy Now! de Amy Goodman: “Devemos ter totalmente claro que esta tragédia – que é em parte natural e em parte nom – nom deve, baixo nengumha circunstancia, empregar-se para: um, endividar ainda mais ao Haiti, e dous, impulsar políticas corporativistas impopulares em favor das nossas empresas. Nom é umha teoria da conspiraçom. Figérom-no umha e outra vez”1.

Esta tragédia natural em princípio foi aproveitada como um negócio mais e os próprios bancos ocidentais cobravam comissons nas contas de ajuda apoiadas pola sociedade civil. Porém, desenvolvem-se outras teorias, quiçais conspiratórias em parte, quiçais nom, que acho que quando menos deveriam conhecer-se.

Aparecêrom algumhas suspeitas que mesmo chegam a assinalar que o terramoto que matou a quando menos 100.000 pessoas pudo ser provocado artificialmente por um programa de investigaçom da Força Aérea dos EUA. Todo parece ciência ficçom, mas alguém deveria aclarar até que ponto as suspeitas som infundadas e até onde certas.



Os argumentos que se apresentam som algumhas evidências físicas achegadas por espertos na matéria. Estes aduzem que foi um terramoto atípico já que as ondas nom destruírom as edificaçons, senom que chegárom em verticalmente por isso as edificaçons fôrom emplastadas. A estas suspeitas une-se o feito de que atitude das potências imperialistas, com EUA a frente, que aproveitárom a desgraça para actuar de pescadores em rio atoldado e invadir literalmente o país em nome do “truísmo humanitário”. Mike Mullen, chefe do Estado Maior Conjunto, declarou que “os EUA enviarám nos próximos dias novas dotaçons militares a Haiti, entre estas vários buques de guerra e helicópteros”, o que trai consigo que se multiplique a sua presença militar de 1.000 a 10.000 soldados em parte para evitar qualquer processo social que nom garanta a Ocidente o espólio do Haiti.

Como indicam alguns comentaristas críticos resulta suspeitosos que umha intervençom militar de mais de 10.000 efectivos poda planejar-se em quatro dias. De facto, em Outubro deste novo ano estava previsto que rematara a MINUSTAH (Missom da ONU para a Estabilizaçom do Haiti), após ter sido já adiado o seu cumprimento em numerosas ocasions. Como é previsível após o desastre já hai um bom motivo para ficar outra tempadinha mais numha zona dum valor estratégico elevadíssimo para controlar o seu “celeiro”, o continente americano.

Porém como é que pode ser possível criar umha tragédia? Michel Chussodovsky aponta as suas suspeitas para o HAARP. O HAARP (Progama de Investigaçom da Aurora Activa de Alta Freqüência) é um projecto para o desenvolvimento de “armas do clima”, armas de destruiçom maciça electromagnéticas. Tanto os EUA como a Rússia tenhem manifestado a sua capacidade de modificar o meio ambiente durante o passado século. John von Neumann, matemático estadounidense associado ao Departamento da Defesa , começou a sua investigaçom sobre a modificaçom do clima a finais da década de quarenta e previu “formas de guerra climática ainda nom imaginadas”.

A primeira acçom bélica onde se usárom reconhecidamente estas armas foi a do Vietname onde os EUA bombeárom nuvens desde 1967 (Projecto Papeie) com o galho de alongar a estaçom monzónica e bloquear rotas de subministro aos seguidores de Ho Chi Minh. O actual HAARP liga-se com a “Guerra das Galaxias” (Iniciativa de Defesa Estratégica) e tem capacidade para desde a atmosfera exterior desestabilizar sistemas agrícolas e ecológicos em todo o mundo. O Objectivo destas actuaçom é, coma sempre, desinteressada e truísta. As suas potencialidades (inundaçons, furacans, sequias e terramotos) som para combater o terrorismo e os inimigos da democracia.

O programa emprega antenas de alta potência que transmitem através de ondas de alta freqüência para lançar ingente energia à ionosfera (a capa superior da atmosfera). O programa até conta com um espaço em rede próprio www.haarp.alaska.edu , onde se recolhe que o HAARP pode empregar-se para “induzir um pequeno troco localizado na temperatura ionosférica para que podam estudar-se reacçons físicas mediante outros instrumentos ubicados em ou perto das instalaçons da HAARP. No entanto, documentos militares revelam que é algo mais ca um inocente programa de investigaçom científica e sobarda-a porque tem objectivos de “arma do clima” e controlo de comunicaçons e desestabilizaçom de radares, ou seja, a máquina Enigma do século XXI.

Funciona a partir do ataque à ionosfera com ondas de alta freqüência com a potência de 1GW, lançadas a partir dum complexo de antenas instaladas na Alasca. Algumhas fontes indicam que os EUA conseguírom já reproduzir artificialmente umha aurora boreal, mediante o emprego de energia que está presente afora do espaço terrestre e reconduzindo-a para gerar quedas no clima.

Estes “modestos” alvos som, contodo, atacados por figuras como Rosalie Bertell, presidenta do Instituto Internacional de Assuntos de Saúde Pública, já que o HAARP é “umha gigantesca estufa que pode causar importantes alteraçons na ionosfera,criando nom apenas buracos, mas tamém longas incisons na capa protectora que impede que a radiaçom letal bombardeie o planeta”. Segundo o físico Bernard Eastlund é “a maior estufa ionosférica jamais contruída”. Um informe na Duma Estatal Russa alerta tamém sobre os perigos do HAARP.

Segundo Roger Searle, professor de geofísica na Universidade de Dirham do Reino Unido o terramoto do Haiti foi trinta e cinco vezes mais potente que a bomba de Hiroshima e a sua energia é equivalente a explosom de meio milhom de toneladas de TNT. No entanto, este mesmo investigador aclara que a força deste terramoto é a centésima parte da que estourou no grande tsunami do Sul de Ásia.

Para os EUA a sua supremacia mundial já nom fica garantida no militar polo apartheid nuclear como na Guerra Fria porque no clube nuclear tenhem entrado já numerosos países. Agora a manipulaçom climática apresenta-se como a arma preventiva por excelência podendo-a dirigir contra os inimigos sem que tam sequer cheguem a decatar-se e arruinando o seu ecossistema e a sua agricultura, com o que se força a depender a regions inteiras da ajuda alimentar e dos graus importados desde Ocidente.

As patentes da HAARP pertencem a Raytheon Corporation [http://www.raytheon.com/ ] e o projecto iniciou-se em 1992 da mao de Advanced Power Technologis, Inc. (APTI) [http://www.aptinc.net/], subsidiária da Atlantic Richfield Corporation (ARCO). ARCO [http://www.britannica.com/EBchecked/topic/41234/Atlantic-Richfield-Company] vendou a APTI, incluindo as patentes do HAARP, a E-Systems INC em 1994 que foi a que desenvolveu um contrato com a CIA e o Departamento de Defesa dos EUA.. No entanto, logo adquiriu-na a Raytheon Corporation e a instalaçom de 132 transistores de alta freqüência foi encarregada a BAE Systems INC [http://www.baesystems.com/] sob um contrato com a Oficina de Investigaçom Naval de 2004.

Nom conhecemos, portanto, demasiado sobre o HAARP, mas parece demonstrado que quando menos existe e se dedica a manipulaçom do clima. Na resoluçom do 28 de Janeiro de 1999 sobre o meio ambiente, seguridade e política exterior (A4-0005/1999)2 o Parlamento europeu assinalava que o programa HAARP manipulava o meio com fins militares e, por ende, solicitava um convénio internacional que proibira o desenvolvimento desta tecnologias sem que chegar a ser nunca ratificado.

Um dos pioneiros na investigaçom sobre o Haarp foi Nick Begich. Segundo as suas pescudas as conexons entre as patentes reservadas e de carácter segredo do Governo e as das empresas relacionadas continham algumhas que faziam referência a “como fazer explossons de tipo nuclear sem radiaçom” e outros recursos da Guerra das Galaxias.

Destarte, os hipocampos do HAARP nom tenhem apenas capacidade para gerar devastaçom, mas tamém pode afectar a padrons da conduta humana. Nick Begich expujo no seu estudo Controling The human Mind, the Technologies of Political Control or Tools for Peak Performance. Todo parece um romance orwelliano, como reçava umha pintada em Ferrol estes dias “feliz 1984”. Segundo este investigador um dos objectivos manifestos do HAARP é o controlo da populaçom e a sua conduta, assi como a gestom do comportamento grupal, alterando individualmente a conduta, mediante o uso de hipocampos de freqüências de rádio: “In the close of disclosing the HAARP Program we touched on the potential implications of technologies wich could interfere with or override, the mind and counsciousness of people”.

Polo visto, mediante ressonáncias electromagnéticas e pulsos de rádio-freqüência é possível interactuar com condutas do ser humano provocando a subida dos ciclos cerebrais, gerando condutas impulsivas de irascibilidade, insatisfacçom, afresividade e, finalmente, perda do controlo sobre si próprio (sempre e quando haja as circunstáncias apropriadas)3.

Inquietante é tamém que sobre este projecto tenha escrito Zbiniew Brzenzinski4, assessor de seguridade de Jimmy Carter e agora ligado a Barack Obama. Segundo Brzenzinski o programa é necessário, já que malia os problemas que podia gerar o uso de tecnologias como a do HAARP era inevitável para a segurança mundial. Porém, como é que o Haiti ameaça aos EUA e a sua segurança? Evidentemente, o Haiti nom ameaça aos EUA, mas a sua posiçom geográfica no Caribe, no contexto dum celeiro onde hai maças podres como Venezuela, Cuba, Bolívia ou Equador fai de Haiti um teatro de operaçons estratégico imensurável e um bom alvo de experimentaçom num país com um estado fracassado e abandonado a sua sorte.

O 17 de Janeiro de 2010 um informe da Flota Russa do Norte informava que o terramoto que devastou Haiti foi o “resultado” dumha prova da Marinha usamericana por meio dumha das suas “armas de terramotos”. Para os russos a tecnologia empregada seria a de Pulso, Plasma e Sónico Electromagnético Tesla junto com “bombas de ondas de choque”. Segundo o informe russo o desenvolvimento desta tecnologia iria encaminhada a sua acçom sobre o Irám para pôr fim ao regime muçulmano, algo coincidente com o apoio a “Revoluçom Verde” dos EUA que reconheceu Hilari Clinton5.

Manuel Freytas tamém tem publicado um interessante artigo sobre a questom e a inclusom da “invasom humanitária” de Haiti num projecto geopolítico muito mais amplo6. Em conclusom, fica claro que o desastre humanitário foi aproveitado polo capitalismo como umha forma mais para a acumulaçom de ganhos importando-se pouco com a retórica humanitária que tanto se estila em Ocidente. Desconheço qual é o alcance do HAARP e das tecnologias militares e até onde as suspeitas e os estudos e artigos ao respeito. Em todo caso é bom reservar-nos o direito de duvidar do Imperialismo e estar atentes a novas informaçons ao respeito.








Para saber mais:




1http://www.altermundo.org/content/view/2952/1/

2http://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?pubRef=-//EP//TEXT+REPORT+A4-1999-0005+0+DOC+XML+V0//PT

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Nacionalismo, constitucionalismo e outras misérias da celtibéria


Nom som poucos os todólogos, esses que opinam como espertos sobre qualquer tema nos mass média e nom entendem realmente de nada – para além do que lhe ditam os poderes fácticos aos que servem–, que declaram com veemência que eles nom som “nacionalistas” que som “constitucionalistas”. Certamente, algum alienígena talvez poda acreditar que um produto social, como é um texto político-jurídico, é feito por homes-bons adscritos à naçom do universo e da fraternidade, sem comenências nacionais nem de classe. Mulheres e homes nobres, esterilizadas e pasteurizadas capazes de elaborar umha “carta magna” sem responder ao interesse nem a ideologia de nengum país. Constitucionalistas, já. O resto somos parvos ou que? Constitucionalismo feito em 1975, quando havia pouco que a espichara o marrao de tromboflebite. Com o exército tutelando que se cumprira a derradeira vontade do tirano “que todo quede atado y bien atado”, como reflecte o artigo oitavo, tam do gosto de Manuel Fraga Iribarne:

ARTÍCULO 8.- 1.- Las Fuerzas Armadas, constituidas por el Ejército de Tierra, la Armada y el Ejército del Aire, tienen como misión garantizar la soberanía e independencia de España, defender su integridad territorial y el ordenamiento constitucional[1].

Poderia pensar-se que este artigo responde apenas a defesa perante um ataque exterior mas semelha claro que, coma no 36, o inimigo, o estrangeiro, o anti-espanhol, nom vem de fora senom de dentro, ou seja, que como dizia Aznar “no andan en montañas muy remotas, ni en desiertos muy lejanos”:

ARTÍCULO 1.- 1.- España se constituye en un Estado social y democrático de derecho, que propugna como valores superiores de su ordenamiento jurídico la libertad, la justicia, la igualdad y el pluralismo político. 2.- La soberanía nacional reside en el pueblo español, del que emanan los poderes del Estado. 3.- La forma política del Estado español es la monarquía parlamentaria.

ARTÍCULO 2.- La Constitución se fundamenta en la indisoluble unidad de la nación española, patria común e indivisible de todos los españoles, y reconoce y garantiza el derecho a la autonomía de las nacionalidades y regiones que la integran y la solidaridad entre todas ellas.

ARTÍCULO 3.- 1.- El castellano es la lengua oficial del Estado. Todos los españoles tienen el deber de conocerla y el derecho de usarla. 2.- Las demás lenguas españolas serán también oficiales en las respectivas Comunidades Autónomas de acuerdo con sus estatutos. 3.- La riqueza de las distintas modalidades lingüísticas de España es un patrimonio cultural que será objecto de especial respecto y protección.

Dariam muito de que falar estes artigos, por nom mentar já outros que se incumprem sistematicamente e que respondêrom a conflituosidade operária daqueles anos, começando polo “pluralismo político” que passa por ser bem pequeno nesta II Restauraçom bourbónica por mor dumha alternáncia PSOE-PP, agora com um acicate ideológico e criador de “sentido comum reaccionário” chamado UPyD e que representa a melhor versom do neo-falangismo canhi. Um “pluralismo político” que é bom sempre que encaixe dentro dos interesses da burguesia e do capital espanhóis, que aceita o autonomismo tépido e “sam” de CiU ou do PNV, mas nom o da esquerda arredista: a anti-espanha.

A anti-espanha que justifica umha caça de bruxas e um estado de excepçom permanente em Euskal Herria contra a esquerda abertxale e um regime de incomunicaçom e dispersom de presos políticos denunciado por diversos organismos internacionais. A anti-espanha que justificou preencher os caminhos da nossa naçom de cadáveres, cadáveres das mulheres e dos homes que sustentavam o daquela incipiente tecido social da Galiza. Entom, coma hoje, o tecido social e as luitas da classe operária eram molestas para os interesses e objectivos da burguesia e de grandes capas sociais. A maior eiva daquel tempo foi precisamente isso a castraçom da sociedade: a inoculaçom da auto-xenreira no povo galego, o esborralhamento da imaginaçom e da nossa cultura nacional.

Noutras palavras, fazer-nos acreditar aos galegos que Galiza, que a naçom galega, é umha elucubraçom de radicais visionários, ou seja, que só existe Galicia, apêndice de Espanha. Esta condiçom de apêndice é perfeitamente visível quando analisamos o que o discurso central afirma sobre a nossa História e a nossa língua, os piares mais visíveis de qualquer naçom.

Comecemos pola língua. Castelao, que morreu longe da Galiza escapando das gadoupas da morte, defendia no seu Sempre em Galiza que o galego era umha língua internacional. Porém com o franquismo o paradigma da lingüística moveu-se no espanholismo canhi e hiperideológico de Menéndez Pidal, que defendia que o castelhano e Castela som um destino no universal que se remonta aos povos pré-romanos, enquanto o catalám, o eúskara e o astur-llionês som acidentes ou anedotas de uso doméstico, como accidente foi a “ocupaçom” árabe que durou 700 anos no que eles chamam “reconquista”. Vaites, vaites. Daquela, o galego é umha língua distinta do português que apenas serve para “andar por casa” e que se começou a escrever fai dous dias, como se a Idade Média jamais tivera existido. Daquela, o máximo traço identitário da Galiza nom passa de ser algo específico, mas quase pitoresco ou regional, negando-se-nos poder formar parte dumha língua internacional.

A reconstruçom do galego fixo-se dentro do paradigma da universidade franquista, do centro madrileno desde logo, com um esquema ideológico onde o limite som as fronteiras do indivisível Estado espanhol e a historia oficial de Espanha, em resumo: umha “fala de andar por casa” e dependente do espanhol que deve, portanto, escrever-se com a ortografia nacional espanhola: com a “ñ” como máximo símbolo da dependência, insígnia do Instituto Cervantes.

Sigamos agora pola história. Semelha que a catedral mais grande do románico e um dos grandes centros de perigrinaçom da cristandade se estabeleceu na periferia, dependendo do reino de Asturies primeiro e logo de Castela. Qualquer pessoa que estude com um mínimo de rigor a história de qualquer território irradiador de cultura, poder económico e poder político sabe que esse território é centro e nom periferia, é soberano e nom dependente.

Polo visto todos esses reis que falavam galego passam a ser “leoneses”, “cristaos”, “asturianos”... eufemismos de “castelhanos” para entender-nos. O que nas crónicas europeias e árabes aparece como Galiza traduze-se na historiografia oficial como Reino de Leom ou de Asturies, o que nom vai além de fabricar mitologia espanholista. No entanto, esta historiografia espanholista ataca com veemência os mitos da naçom galega e da historiografia na hipócrita defesa de que “todos los nacionalismos son mito y literatura”. Aqui entra a “desceltizaçom”, premissa básica de qualquer faculdade de história da universidade espanhola na Galiza.

Enquanto se agocha que em Tolosa estivo a capital do Reino visigodo, para eles já Espanha, afirma-se que na Gallaecia romana só existiam os “castrejos”. Nom se trata aqui de cair no celtismo decimonónico de Murguia ou de Vicetto, apenas de afirmar que essa cultura diversa, mas com traços comuns a que em toda a Europa se denomina celta, na Galiza se denomina castreja porque Ibéria já era como Espanha “una grande y libre”. Pola contra, nom se duvida da homogeneidade dos “íberos” que coabitárom com fenícios, gregos, mas nom se misturárom e defende-se sem base científica algumha que esses povoadores chegárom de África e conformárom umha cultura única e comum. O certo é que, como demostram as cidades-estado de Tartessos e outros territórios nom existiu tal unidade, eram povos diversos com um fundo cultural comum – o mesmo fundo cultural comum que se lhe nega a Galiza a respeito do resto do Ocidente europeu.

Tenhamos claro que a história de Vicetto e Murguia era umha construçom de identidade, umha afirmaçom da naçom galega sem base científica, como tampouco o tinha a história do liberalismo decimonónico espanhol, essa que da existência dum “Principado de Asturies” fabricou um reino em que enquadrar a molesta Galiza, essa historiografia que segue a ser a mesma de hoje ainda que com diferentes manhas: umha história apologética ao serviço do estado-naçom. Daquela, esses historiadores que tanto atacam os mitos da história galega e afirmam ser científicos som logo os máximos exponentes da fabricaçom de mitos que conheço.

Desde a Constituiçom de 1812, a “Pepa”, começa a configurar-se, embora com imperfecçons, retardos e contestaçons desde a periferia, a revoluçom democrático-burguesa espanhola que exige, mal que bem, a conformaçom dum estado-naçom. O Estado converte-se entom num tecido de estradas e de vias férreas, de escolas e jornais, de telégrafos e outros muitos poderes fácticos que som fórmulas de expasom ideológica. Simultaneamente, começa a advogar-se com renovados fôlegos pola promoçom do espanhol, com a intençom de fazer prevalecer a língua nacional, na linha de criar um Estado que seja já nacional e nom apenas nacionalitário – se bem no caso espanhol isto ainda nom se atingiu no século XXI, envolvendo na pesada massa dumha identidade comum toda umha naçom que fecha em si própria classes sociais e contém eventuais minorias tidas por estrangeiras, entre elas os galegos que vindicamos os nossos direitos nacionais, entre estes o exercício da livre determinaçom.

Estas som as misérias da celtibéria, do nacionalismo espanhol agora denominado constitucionalismo. Porém conviria nom esquecer que a colonizaçom é apenas um aspecto da dominaçom que o centro exerce, ou seja, que ainda que a Galiza nom esteja hoje em dia sob umha colonizaçom clássica segue submetida a um centro externo, política, cultural e economicamente falando. De facto, em qualquer processo colonizador, a acumulaçom de capital nom tarda em tecer novas ligaçons propriamente imperialistas, de que a banca e as bolsas, os mestres e os jornalistas, o clero e a burocracia autóctone som os agentes, muito mais discretos que a polícia e os exércitos. O pior é que as misérias da Galiza som as mesmas porque grande parte dos seus povoadores odeiam a sua cultura e a dos seus devanceiros, ou seja, pola ausência dumha classe dirigente autóctone. Nom hai umha burguesia galega, apenas burgueses espanhóis (nados ou nom na Galiza) radicados aqui ou de passo:

Os senhoritos, esses pailáns acomplexados que coidam que Madrid é umha grande metrópole simplesmente porque som ignorantes e desconhecem o mundo, e que se viajam levam, como os burrinhos, as orelheiras madrilenas postas. E por debaixo dos senhoritos estám ainda os senhoritinhos, que som os seus servidores. Gente que nom som amos, mas que querem servir os amos, o seu sol, e desprezam os vizinhos do país, “esos gallegos”. Essa tropa é o chanço mais baixo da pailanada, a sua ignoráncia e a sua auto-xenreira cai já na caricatura, som a caricatura choqueira dos seus amos, que já som umha caricatura.

(...) Que pensar da inteligência, cultura, maneiras dum alcaide que logo de escuitar o Rei falar em galego, de escuitar o Presidente estrangeiro dum organismo internacional dizer palavras nossas com cortesia impecável, nada mais sabe dizer palavras castelhanas? Pode ser que tenha vergonha de ser alcaide de Vigo, tam só, e suspire secretamente por ser alcaide de Burgos, Segóvia, Madrid, Guadalajara, Ayacucho, Guanajuato, Ávila... Pode ser isso, que nom esteja orgulhoso de ser alcaide da maior cidade galega.

Ou bem na sua cabeça só tem lugar para um idioma, e esse idioma tem que ser concretamente de todos os idiomas do mundo o castelhano. Pobre se viaja a Lisboa, Brasília, Londres, Paris..., ali a pobre gente sabe mui pouco castelhano. Pobre, e como pedirá de comer num restaurante? Por gestos, claro[2].

A estes senhoritos e senhoritinhos de caldo à merenda já vo-los apresentei noutra ocasiom: som os analfabetos e os hanalfabetos e entre os dous somem a Galiza na desilusom e matam a esperança dumha sociedade verdadeiramente nacional e livre, o que exige umha Galiza formada, conhecedora do seu passado e capaz de tracejar o horizonte colectivo do seu porvir. Essa Galiza será umha Galiza plural, porque existem tantos nacionalismos como pessoas, será umha Galiza fachendosa do seu passado e do seu presente e, já que logo, será umha Galiza celtista e regeneracionista; ibérica e europeia; dos galegos e do mundo. Galiza, célula de universalidade. Pobres dos paifocos de siso afumado e vontade sumida no circuito esperpéntico e chocalheiro do madrilenismo, esses mais lhes vale emigrar com Glória Lago, Feijoo e a máfia de Pescanova à frente. Dixem.


Outeiro, Santa Cruz de Viana, XVI séculos despois da constituiçom do Reino Suevo.



[1] O sublinhado é nosso.

[2] De Toro, Suso (2008), Outra Galiza, Xerais, Vigo: 26-27.