Palavras novas e velhas

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Do 1 de Março ao 25 de Julho: a Galiza e o novo governo




Agora que se aproxima o dia da Naçom galega (para nós pátria remete para patriarcado e nom nos serve, por muito que seja umha palavra comum no vocabulário do nosso nacionalismo emancipador) é o momento de comprometer-se mais que nunca e de expressar a dignidade colectiva dum povo que segue em pé e reclamando os seus direitos. Como expugera Beiras no Faro de Vigo (9-11-1983):

Non incurra no erro tan frecuente entre certas xentes do seu entorno de crer que os galegos son estúpida e sempiternamente dóceis, alleos a calquer conciencia de identidade própria como pobo, e dispostos a ler e asumir sen pestanexar todo o que lles escreban sobre eles mesmos desde fóra, por deleznábel que sexa. Poderia levarse un chasco nada grato.


Com mais de cem dias transcorridos após a vitória do Partido Popular na Galiza e logo de mais de cem dias de governo de Feijó, des-governo em todo caso, vai sendo hora ir fazendo balanço a sério sobre as dimensons desta tragicomédia colectiva que se dá numha Galiza profundamente alienada social, cultural e economicamente; quase nada. A labareda erguida pola campanha suja tornou-se com a chuva do 8 de Fevereiro numha lama demagógica da que agora as capas sociais maioritárias deste povo podem palpar bem os resultados. De aquel bulheiro enganoso esta bosta paralítica institucional.

O PP chegou à Junta em volandas pola acçom espantosa, no sentido galego-português do termo, dos média espanholistas e sem mais programa de governo que a desmantelaçom de todas as políticas, sociais ou nom, do anterior governo. Aquelas promessas de Feijó de dar cabo da “crisi”, com el lhe chama no seu portunhol, ficam ainda invisíveis e mesmo os que depositárom o seu voto na sua candidatura começam a hesitar ao ver como a gratuidade universal dos livros de texto é já história, por citar um dos muitos exemplos, e nom falar dos assessores em política sanitária de Esperanza Aguirre que chegam agora à Galiza.

Seica nom hai um peso, argúem os “populares” - que esquecem que o popular está na base da pirámide social e que o seu apenas é populismo-, enquanto ocultam as cifras de milheiros de euros que custou o inquérito-trampa sobre o galego adjudicado a umha empresa valenciana. Seica nom hai peso dim-lhe aos reitores das três universidades galegas, enquanto umha reforma educativa, nefasta isso si e enquadrada no neoliberalismo, se implanta: o Plano Bolonha. Seica nom hai peso di Pilar Farjas, conselheira de Sanidade, enquanto reduze o gasto na pública e aumenta as ajudas à privada; nom iam acurtar as listas de espera até fazê-las quase desaparecer tamém em cem dias? Eis a única política efectiva do novo governo: o ataque e acosso ao galego e aos direitos colectivos que temos como povo.

O povo galego fazendo caso desse individualismo preconizado polo neoliberalismo capitalista, que tanto favorece às famílias dinásticas da II Restauraçom bourbónica, advogou para sair da crise provocada polo próprio neoliberalismo pola rama mais rançosa dos partidos dinásticos espanhóis: os pupilos de Aznar e os Chicago boys. Mentres o paro aumenta e os ERE's inçam por toda a nossa geografia a conselheira de Trabalho e Bem-estar, Beatriz Mato, afirma , em perfeito espanhol que o galego é língua proletária como Celso Emílio nos lembra, estar «muy preocupada por Manuel Jove, que me consta que lo está pasando muy mal con lo de Caramelo». Será entom que as trabalhadoras afectadas, mais de cem postos de trabalho que perigam polo Expediente de Regulaçom de Emprego (ERE), andam polas romarias, que nestes dias tanto abundam na Galiza, botando fogos-de-luzes.

O ataque à língua galega polo espanholismo, que para juntar o 8 de Fevereiro duas mil pessoas tivo que importá-las e que provocou desavenças nos seio do PP como as expressadas por Palmou, Baltar ou o filho de Cuínha, enquadra-se na estratégia espanholista de esborralhar o nosso sinal identitário por excelência, porque eles tamém sabem que «se ainda somos galegos é por obra e graça do idioma» como dizia esse ao que tanto lhe sujam o nome ao pô-lo na sua aborrecível boca os mesmos que o obrigárom a morrer no exílio. Como vam escolher livremente a língua em que querem ser educados se apenas tenhem competência numha, o castelhano? Falem de glotofaxia, nom de bilingüismo por favor, toda vez que o bilingüismo social nom existe, apenas o individual, mas já um nom pretende que compreendam isto, porque isso é pedir-lhe aos bois que arem sós as patacas. O que existe é o conflito lingüístico.

Porém o ataque contra o galego é tamém um ataque contra os seus depositários sociais, contra as classes trabalhadoras deste povo que a mantenhem viva, aos que prometia a demagogia da gaivota um «bilingüismo cordial»: os gandeiros de toda a Galiza na tractorada; os trabalhadores do metal na província de Ponte Vedra luitando polo seu convénio; os trabalhadores de planta de Pascual em Outeiro de Rei contra o ERE, enquanto Feijó se nega a formar um grupo lácteo galego com capital público que tomaria essa planta – seica é intervencionismo na economia e isso é mao e de comunistas-; os de Caramelo com um ERE que ameaça mais de cem postos de trabalho; o quadro de pessoal do Grupo Trevés de Ponte Vedra, que se opom a 133 despedimentos; os trabalhadores da Vidriera del Atlántico em Ginzo... e para rematá-la a revisom do concurso eólico que compromete a criaçom de 8000 postos directos e indirectos e provocará que a Junta da Galiza deixe de ingressar 15 milhons de euros anuais polo seu 14'7% de participaçom (aí está o truco para contentar aos que realmente som depositários das políticas do PP). U-los milheiros de postos de trabalho novos que ia criar em 100 dias o senhor Feijó?

Na greve do metal e na dos gandeiros a estratégia mediática dos aliados do PP e apresentar como delinqüentes aos que luitam por manter um emprego digno e um ordenado que lhes permita sacar adiante as suas famílias, ao tempo que gabam as «fuerzas de seguridad».

Os trabalhadores do metal luitam por um convénio que lhes permita nom ter que trabalhar onze horas diárias com um ordenado irrisório, que lhes proiba aos empresários lucrar-se fazendo dumping social, quer dizer, contratando a estrangeiros aos que exploram ainda mais ao retribuir-lhe pola sua força de trabalho a metade do que cobra um operário galego.

A dignidade do agro corre novamente polas cidades. O preço do leite nom cubre os custos de produçom e a Junta e o governo da metrópole miram para outro lado e pretendem um contrato estrafalário e trapalheiro que nom garante nengum preço fixo e que se guia polo preço de referência francês, de onde venhem os excedentes que arruinam os nossos gandeiros e com uns custos de produçom mui inferiores aos galegos. O Sindicato Labrego Galego (SLG) já advertiu que nom apoiará esta farsa, porque um preço por debaixo dos quarenta cêntimos segue a significar a ruína e o feche de centos exploraçons no nosso país. Feijó demonstra a sua esclerose e paralisia institucional denegando a demanda dum grupo lácteo galego com capital público e por sua vez exige que os gandeiros sejam mais competitivos, ou seja, alia-se com as multinacionais da distribuiçom e fere de morte o que queda da nossa soberania alimentar. A única medida paliativa é adiantar as subvençons europeias, mas endevedamento para as exploraçons, que nom receberám esses 110 milhons de euros de forma directa como ocorre, por exemplo em Asturies.

Haverá-lhe que lembrar aquelas palavras de Engels aparecidas em 1896 na revista Neue Zeit:

O trabalho é a fonte de toda riqueza, afirmam os economistas. Assi é, com efeito, ao lado da natureza, encarregada de fornecer os materiais que el converte em riqueza. O trabalho, porém, é muitíssimo mais do que isso. É a condiçom básica e fundamental de toda a vida humana. E em tal grau, que, até certo ponto, podemos afirmar que o trabalho criou o próprio home.


Ora bem, sempre que este trabalho seja digno, a contrário fará honra ao título do artigo citado: «Sobre o papel do trabalho na transformaçom do home em macaco». Esses macacos que eles desejam manipular, quanta menos cultura e formaçom melhor que melhor para os amigos da democracia e a liberdade, que apresentam a supressom da gratuidade dos livros de texto como umha maravilha, já que só «pagarám os ricos», ou seja, que acabárom crendo que rematárom com a crise, porque a supressom afectará a 78% das famílias. Tanto rico confunde-me, ou acaso pensam que os cidadaos desta naçom galega nom pisam a rua e apenas consomem o tele-lixo que vocês lhes espargem desde a RTVG, formosa “doma y castración” da mesma por certo, Veo TV, Intereconomia, Popular TV e demais família que pedem umha oraçom polo eterno descanso da ética no jornalismo?

Com a naçom galega cruzada de tensons sociais e confronto o novo governo irá passar umhas bem merecidas férias, nas que poderá descansar porque cumpriu com os seus valedores meseteiros. As regressons sociais, económicas e culturais criárom um clima desconhecido na sociedade galega desde os últimos tempos da era Fraga, em que já participara tamém o Núñez Feijó. O PP polariza a sociedade num jogo perigoso em que procura fidelizar aos seus votantes mais ideologizados e aprofundar as suas redes clientelares com o beneplácito dos poderes fácticos meseteiros aliados e com o contínuo trabalho de intoxicaçom mediática de La Voz de Galicia. Avondará-lhe para submeter a este povo?

No seu afám de medrar em Génova, agora que os pesos pesados parecem cair em desgraça com o escandaloso Caso Gürtel, volve a antiga ladainha de que Galiza é umha comunidade pobre e alá vai de esmoleiro petando na porta do governo central. Os altifalantes mediáticos ao seu serviço aprestam-se a explodir esta difamaçom, ainda sabendo que é radicalmente falsa. Em vez de discutir um troco no modelo, em que se descentralize nom só o gasto, mas tamém os ingressos, dedicam-se a umha campanha de catalanofóbia e a manter a nossa naçom num rango mui inferior ao que lhe corresponde constitucionalmente como «nacionalidade histórica». O nosso Estatuto, morto de inaniçom, fica já nom só por baixo do de Euzkadi ou Catalunya, mas tamém é inferior ao do País Valencià ou ao andaluz. Assi nos vai.

As galegas e os galegos devem ter clara umha cousa, que nom existe essa tam manida solidariedade do Estado. É um outro mito do espanholismo. Ainda quando muitas das empresas que exploram os nossos recursos e fiscalizam os seus impostos em Madrid, como Fenosa e Iberdrola, que fam um “cristo” outra vez da Ribeira Sacra com total impunidade e sem contrapartida algumha para os concelhos da zona nem para a Junta, Galiza achega mais ao Estado do que recebe. Segundo a última liquidaçom fiscal disponível a Galiza contribui para o Estado com 12.563 milhons de euros em impostos e recebeu na financiaçom apenas 8129, que agora serám menos pola grande negociaçom popular de Feijó & company com os governos de Asturies e Castela e Leom depositários como se sabe da caixa central de Pepinho de Palas, esse magnate que vai fazer aqui um AVE cujos bilhetes serám com certeza asequíveis aos parados e operários deste país, ao tempo que se desmantela o território e se suprime a oportunidade de investir num comboio-de-proximidades verdadeiramente popular e eficiente (algo que o BNG deveu esquecer ao apoiar tamém desde arriba a este comboio-da-vergonha).

Ao mesmo tempo o PSOE propom relançar a negociaçom do Estatuto de Autonomia com a esperança de que seja um estatuto forjado em Madrid, coma o da UCD de 1981. O PP nom tem presa, porque é-lhe mais urgente reformar a Lei do Menor, que por certo aprovárom eles em 2000, e assi reprimir e nom educar aos menores de 14 anos aproveitando as feridas sociais abertas polos meios de incomunicaçom nestes dias na sua política de “todo vale” para aterrar na Moncloa. Imos aviados, e a nossa naçom este 25 de Julho terá como pano de fundo o poema «Penélope» de Dias Castro, crónica lírica da história dum colonialismo interior secular: «un paso adiante e outro atrás, Galiza,/ e a tea dos teus soños non se move./ A espranza nos teus ollos se esperguiza. / Aras os bois, e chove».

Os bois, a massa, segue com o jugo, o povo em pé, com dignidade, afouteza de espírito e um eco unánime neste Dia da Naçom Galega: Nós Sós!

Antom Fente Parada, Julho 2009

segunda-feira, 13 de julho de 2009

A ciência nom é neutra porque os homes nom o som tampouco



Rooíbos


Na África do Sul medra um raiz conhecida como rooíbos, que popularizárom desde 1904 em Ocidente. O primeiro ocidental que descobriu aquela infusom era um comerciante russo, que viu como um grupo de nativos elaborava com as folhas e o talo dum arbusto umha brebage mui apreciada por aqueles habitantes das montanhas de Cedar. O russo arriscou-se a provar aquela bebida e aginha ficou fascinado polo seu aroma e o seu lene sabor, que rem envejava ao té que contribuira ao expólio do mundo para que os ricos e pobres da Inglaterra nom perderam o privilégio de disfrutar dumha cup of tea. Aí os operários ingleses eram uns previlegiados, e queriam seguí-lo sendo por muita escravatura que houvera no mundo dos seus irmaos.

Nacionalistas

Os espanhóis dim que os nacionalistas, eles nunca o som nem o fôrom -porque sempre som os diferentes os maos e ruins-, o som porque nom viajam e pensam que o melhor é o deles. Mas, segundo os espanhóis, os galegos, os estremenhos, os murcianos, os madrilenos e os bascos somos todos iguais. Ainda os franceses e os alemáns. Que maravilha! Porém, um que vê os feitos e ouve as palavras pergunta-se: quando Colombo chegou a América após tam longa viaje, adoptou as costumes locais? O emigrante que viaja desde Senegal até Canárias é acolhido coma um mais entre os canários coma se for o turista inglês que chega a Gran Canária em British Airlines?




A liberdade lingüística

Os defensores da comunicaçom universal, que dim que as línguas som para que se entenda a gente e que a liberdade de eleiçom é primordial, som livres quando nascem de escolher a língua que querem falar? Som livres as crianças da Índia de trabalhar fabricando tijolos? Som livres as nenas tailandesas penetradas polos papéis numerados de Ocidentais sem remorsos? Eram livres as crianças galegas de ser inoculadas durante séculos no auto-ódio a sua cultura, enquanto florecia em Portugal? Eram livres os índios, os nativos do Brasil de receber o instrumento de progresso que era a língua galega? Era-no quiçais os quéchuas que ainda conservam a sua ancestral fala após anos de barbárie imperialista castelhana primeiro e logo criolha? A comunicaçom universal, quantas menos línguas e culturas melhor, melhor será o mundo. O mundo dos poderosos que através da sua caixa de resonáncia, a tele, Internet, etc., inventam a história, a visom do mundo, a linguage e, em definitiva desenham um pensamento único: o nom-pensamento.
Humbolt achava que as línguas forneciam as pessoas dumha maneira de ver o mundo, por isso cumpria conservá-las... eu discrepo. As línguas europeias dam umha maneira atroz de ver o mundo e quiçais fora melhor abandoná-las. Calvet no seu livro Lingüística e colonialismo ou David Crystal em A morte das línguas afundam no ecolingüismo e demonstram com o pensamento o que as FAES e Rosa Díez negam com a barbárie. Para estes todos devemos latir coma os cans do mesmo jeito e, para bem ser, ir da sua correia progressista. O progresso dalgúns é umha carreira a nengumha parte.





A Terra é umha chaira, Ocidente umha montanha

Um monge polaco, com nome Copérnico, ousou pensar e dizer que a Terra era redonda muito antes de que Magalhanes e Sebastián deram a volta ao mundo. Galileo Galilei safou-se das lapas e da labareda do bom-pensamento e da verdadeira fé renegando desse mesmo postulado: "eppure si muove" deixou-nos a história escrito. Quando por fim o mundo dos bem-pensantes aceitou aquilo lançamo-nos desesperados desde a Ocidente a que Terra fora redonda, si, mas que estivera redondamente ao nosso serviço. Já Fernao Mendes Pinto se decatara de que a cultura dos chineses era bem superior em muitos aspeitos a dos conquistadores portugueses, que violavam, saqueiavam e matavam in nomine dei. El já intuira tamém vendo aos homes que a terra era redonda, e assi o deixou escrito na sua Perigrinaçao. Mas, em Ocidente, a Terra seguiu sendo chá e Europa a meseta, o Olimpo, desde onde os deuses vem o mundo, e as formiguinhas pretas que alô no Sul buscam entre o lixo um copo de auga e um prato de arroz... eles tampouco sabem que a Terra é redonda.




Maçás para os alienados

Um tal Newton elaborou a teoria da gravitaçom universal quando umha maçá lhe caiu na cabeça, segundo nos conta essa história que elaboram os poderosos para crianças-velhas. Anos despois Marx elaborou essa mesma teoria da gravitaçom universal, mas nom no eido da física, mas do social, e daí nasceu o concepçom da história como umha luita de classes. É umha mágoa que no mundo nom haja maças suficientes para bater nas cabeças de todos os operários e explorados.




Umha raça mui falsa

Darwin na sua viage descubriu as ilhas Galápagos e acabou por confirmar a sua teoria evolutiva das espécies. O génio foi ridiculizado pola avançada sociedade europeia, e faziam troça del caricaturizando com a face dum mono. Ainda hoje nos avançadíssimos EUA seguem os criacionistas a dizer que Darwin era um tolo.
No entanto, alguns compatriotas de Darwin vírom que aquilo levava sentido e aginha o aplicárom aos seus santos e nobres interesses. O branco era superior porque se adaptara melhor ao meior e, portanto, confirmava-se aquilo de que devia levar os evangelhos e a civilizaçom polo mundo. Hoje abominam de Hitler os que logo com a boca fechada dim que os pretos , os romaneses ou os sudacas venhem roubar-nos o trabalho. Di-no tamém galegos, os que iam fazer turismo no XIX e no XX por América e Europa.



O fim da história

Os neoliberais, criárom a um Fukuyama que anunciava o fim da história após a queda do sistema soviético. Acabariam-se as guerras, a fame no mundo... todo seria um remanso de paz e a harmonia e os livros de história seriam enchidos por paisages com flores e múltiplas cores debujadas por crianças... Infelizmente, as crianças de hoje levam fusís para combater forçados na defesa dos interesses das multinacionais, enquanto as crianças brancas, árias e boas debujam a papai com o pelo teso ao carom dumha mamai mui pequena e encrencada... e de fundo umha fábrica bota um fumo mui preto e umha adolescente olha-se gordíssima no espelho da anoréxia, enquando um deserdado do mundo caminha namais com a pele e os ossos baixo um sol de injustiça humana.

Eu pergunto-me se, efectivamente, nom estaremos preto do fim da história, da história da misérrima raça humana. E umha velha tartaruga assente pensativa com a testa, testemunha de séculos de tolicie bípeda.



terça-feira, 7 de julho de 2009

Sam Joám: um ano despois por volta mais umha vez do lume purificador

Fai hoje um ano que colhia a caneta tamém para escrever, com esta mágoa e saudade que sempre me percorre, esta vontade de nom ser ninguém para seguir sendo eu próprio. Entre “Pálpitos Partilhados” entom, entre latejos partilhados ainda hoje.
Agora olho para o meu corpo nu por ver se topo algo daquel tempo, mas o tempo nom deixa na pele mais senhas que as da idade. O que eu procurava devia estar no coraçom... «abaixo e a esquerda», mas o coraçom só é um músculo, vital, mas apenas isso. Estaria zangado comigo mesmo? O cérebro, a memória, «sinais de fogo» e a lumieira de Sam Joám ardendo enquanto as músicas da orquestra penetram no meu quarto. Espido, despindo-me com palavras polos tempos idos, som saudades ou é que apenas se trata de recordos já quase caducos?
Pobre de mim, poeta sem fortuna e «os homes se despedem», despedem-se com um riso todas as «Señoras do pasado» e olho à lua coma o Cibrám de A Esmorga na procura de dó e libertaçom. Latejos partilhados em beijos dos que perdim o rasto e o perfume. Procuro despir-me em silêncio, que ninguém ouça a minha dor, enfeitando-a com palavras próprias e alheias. E a covardia fecha as portas que os beijos e os alouminhos tantas vezes abriram, o medo a partilhar com os demais esse sentimento que «nom é alegria esta dor que me consome». Acuso aos poetas covardes por inventar mundos e fugir do nosso, acuso-me quando me surpreendo riscando versos em papéis, eu que nunca fum poeta e jamais quigem sê-lo; eu que nunca quigem ser Eu, «pai, afasta de mim este cálice».



Pai afasta de mim este cálice

Saudade das cacharelas / e as Senhoras do passado
purificadoras de Sam Joám, / olham a umha lua que está
abaixo e à esquerda / despindo-se em silêncio
Sinais de fogo / os homes se despedem
exaustos e tranqüilos / destas cinzas frias

e olhando para os beijos / nom é alegria nem dor
esta dor que me consome
: / covardia, poesia e eu?
Esse comboio de corda ao que chamam coraçom!


segunda-feira, 6 de julho de 2009

Honduras



Em Honduras a dignidade viaja sob as asas dum humano paxaro de ferro. Em Honduras os pequenos som grandes e preenchem as ruas jogando-se face os fusís o único que tenhem: a sua vida.

Em Honduras os lobos querem calar a razom com cuitelos e pistolas, mas da sangue dos justos nasce a raiva e a dignidade dos indígenas.



E quem som os indígenas? Som os peruanos, os hondurenhos, os venezolanos, os bolovianos... quéchuas, zapatistas, aimaras... todos os povos que berrárom basta face o capital...

E nom somos nós, a nossa maneira, tamém os indígenas da Europa? Nom iremos tomando consciência de que somos umha ilha mais do Imperialismo? Nom teremos de erguer tamém as nossas vozes contra esse monstruo de lama, violência e miséria chamado capitalismo?

Eu tamém som indígena. Eu tamém som oprimido. Eu tamém quero que Zelaya volte, por muito que Zelaya nom seja a soluçom a todos os problemas dum povo esnaquiçado pola doutrina Monroe e as suas conseqüências.

Agora si, Federico Trillo, e nom daquela, agora si "Viva Honduras". O seu povo rebelde e combativo som esses "Irmaus" dos que Celso Emílio Ferreiro falava.

NÓS SÓS!


http://www.youtube.com/watch?v=AzZRRBB9DZ4