Palavras novas e velhas

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Plano de acçom 2010-2011

O Plano de acçom 2010-2011 aprova-se no Reino de Espanha sob um governo do PSOE e fixar os alvos educativos para a década que agora começa. No entanto, difilmente poderá conseguir esse objectivo quando o governo neo-filipista de Rubalcaba e Salgado semelha ter os dias contados após o seu suicídio político aplicando as receitas da direita, que guarda um preocupante silêncio sobre as suas intençons e do ultraliberalismo.

Se reparamos nos objectivos que se marcam no documento poderemos concordar que o texto saiu da caverna platónica com umha dissociaçom total entre o mundo da retórica e das ideias e o plano da realidade, onde nem se ponhem recursos, nem vontade, nem medidas  efectivas para atigir estes alvos.

El éxito educativo de todos los estudiantes
 Esquece-se como no insucesso escolar o contexto sócio-cultural de cada alunado é determinante para o futuro académico das crianças. Em definitiva, que isto passa-lhe a um PSOE que renunciou em Suresnes ao marxismo e a explicar a realidade através da luita de classes. O sucesso educativo é muito mais alto entre os filhos da burguesia e os da classe meia-alta, que serám os próximos membros das elites e portanto ajuda a  reproduzir a escola a dominaçom existente na sociedade.

Equidad y excelencia. La evaluación como factor para mejorar la calidad de la educación
Avaliaçom? Onde? = 0

Flexibilidad del sistema educativo y estudios postobligatorios. Educación a lo largo de la vida.
Flexibilidade na linguagem ultraliberal e de livre mercado = 20 curros ao longo da vida= desemprego= aposentadoria mínima ou inxexistente; cursos, seminários. etc. a preço de ouro e irrelevantes para a formaçom específica as mais das vezes = capital privado 100% €

La formación profesional como instrumento clave para avanzar hacia un nuevo modelo de crecimiento económico.
Aquí cumpre ler "a formación profesional como instrumento chave para avançar no abaratamento da mao-de-obra qualificada freten aos ordenados dos engenheiros universitários para maior lucro das pobres e esforçadas empresas que os tenhem que contratar com umha bolsa da obra social da NoCaGa pagando-lhes 600E.

Nuevas formas de enseñar y aprender. El papel de las TIC.
O das novas formas de ensinar e aprender é na prática auga de castanhas com salas de aulas massificadas, sem recursos, com poucos docentes sobrecarregados de horas, etc. Por enquanto a privada recebe subvençons à esgalha, selecciona o alunado, etc. Tocante às TIC cabe perguntar-se se a incorporaçom de computadores e outros aparelhos nom responde mais ao lucro que Microsoft e outras multinacionais e empresas do sector vam tirar com isto (por nom entrar em como é umha nova forma de alienaçom e controlo social do súbdito-consumidor como o é a televisom)... ou seja, o alunado para as TIC ou as TIC para os alunos.

Plurilingüismo. Impulso al aprendizaje de idiomas.
O que se dá logo é o multilingüismo, quer dizer, múltiplas línguas dispostas hierarquicamente e onde na escola só tenhem cabida os idiomas dos Estados do centro capitalista e do Imperialismo com o inglês, como nom , em cabeça. Quanto às línguas das naçons sem estado sofrem contínuos ataques desde a estratégia glotofáxica e recentralizadora do Reino de Espanha. O árabe nom tem cabida algumha nem a formaçom ecolingüística das crianças. E o português enquanto na Exremadura espanhola está presente em todos os liceus com campanhas do governo para fomentar o seu conhecimento, na Galiza está poscrito... no vaya ser que...

La educación como bien de interes público y derecho de toda la sociedad.
No plano da realidade e nom no mundo das ideias o que vemos é mercantilizaçom, privatizaçom, etc. O estado de bem-estar e assistencial muda-se polo estado penal subsidiário, o estado-beneficiência.

Modernización e internacionalización de las Universidade. Formación, investigación transferencias de conocimiento y responsabilidad social.
O que vam criar, com os recurtes de fundos às universidades públicas e o modelo de especializaçom em áreas de conhecimento muito reduzidas (Campus Vida na USC), som universidades de 1ª, 2ª e 3ª que abriram perspectivas laborais às elites e que adornaram as paredes do piso embargado da maioria dos mortais. Morte da universidade pública e do conhecimento tal e como o entiamos ao rematar com a esfera pública onde este conhecimento se confronta e debate mediante o diálogo para fazer avançar à ciência ao serviço do bem-comum. Morte das Humanidades e fim da cidadania e da lei civil. Volta à condiçom de servos da gleba é a lei familiar do Pater Famílias (privatizaçom do privado e publicitaçom do privado).

Dimensión social de la educación: becas y ayudas al estudio.
Suba das taxas exponhecialmente quanto se reduze mais e mais o orçamento das universidades públicas que perdem "competitividade" perante as privadas e se devgraddam até torná-las quase inservíveis de cara o mundo laboral e aos olhos da sociedade. A suba das taxas a lo loco como na Inglaterra, em Grécia ou na Itália conduzirá à um novo instrumento financeiro para a nossa sofrida banca: as bolsas-empréstimos, que criarám umha nova servidume por dívidas no funcionariado e incrementarám o déficit público ao responder o Estado subsidiaramente por esses créditos.
Convivência y educación en valores: implicación de la familia, del profesorado y de la sociedad.
Do Banco Santader, de Audi, dos mídia, e os grupos que reproduzem a hegemonia na sociedade civil como o Opus Dei, a FAES ou Galicia bilingüe.


Profesorado: reconocimiento profesional y social del docente.
A tope. O profesorado é o bode expiatório de todos os males sociais, enquanto se aumentam as suas horas de trabalho e se recurtam os recursos disponhíveis e o seu ordenado. Na privada nem sequera tenhem liberdade de cátedra existino ameaças e despidimentos já nos EUA com teorias como a do criacionismo.


Educación inclusiva, diversidad e interculturidad: derecho a la diferencia sin diferencia de derechos.
A tope também. Este ano o prémio Nobel de literatura foi para umha pessoa de etnia zigana e o Príncipe de Asturies para umha filha de marroquinos licenciado em jornalismo.



Em resumo, que tenhem "un plan criminal".





terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Hesitando encol o Encontro Irmandinho: entre o "já nom" e o "ainda nom"

Os hábitos de luta a contra-corrente podem virar para o sectarismo. A desproporçom entre a actividade teórica e a possibilidade de verificaçom prática levam a um exacerbar das disputas doutrinais e ao fetichismo dogmático da letra. Assim como existe um povo do livro, há de facto um comunismo do livro para o qual as divergências tácticas surgem como questons de vida ou de morte. Muitas vezes sem fundamento; às vezes com razom. (...) Umha corrente longamente minoritária impregna-se igualmente apesar de si própria, daquilo a que pretende resistir. (...) É preciso, porém, evitar a ilusom de umha vida política relativamente pacificada pola rotina parlamentarDaniel Bensaïd.
 Foi en Alemaña, aló polo verán de 1974. Regresábamos varios nun microbús dunha reunión da Coferencia Socialista Ibérica en Münster-Eifel, creo que con dirección a Frankfurt, onde nos dispersaríamos. Nas proximidades de Bonn, alguén dixo: "estamos pasando polas aforas de Bad-Bodesberg". Eu ía sentado ao lado de Felipe González, xunto á xanela, e vai Felipe e dime: "Beiras, e pensar que aquí a SPD renunciou ao marxismo", e eu contesteille: "Xa ves o que son as cousas". Iso foi en 1974, e xa vedes o que foron as cousas no PSOE poucos anos despois. Xosé Manuel Beiras Torado.
Toda organización social fai política? Pois iso digo, e se o seu “punto gravitatorio” está na consecución da igualdade social por medio do desenvolvemento dos dereitos civís, entón fai política de esquerdas. Mais non só iso, senón que organizativamente ten que artellarse segundo unha ética de esquerdas: respeito das minorías, non-dominación, xustiza salarial, non-discriminación, etc… Raul Asegurado Pérez.
Un paso adiante i outro atrás, Galiza,
i a tea dos teus sonos non se move.
A espranza nos teus ollos se esperguiza.
Aran os bois e chove. Xosé María Díaz Castro.

http://spb.fotolog.com/photo/59/25/26/rabiscoland/1246888838336_f.jpg

E aqui no encerelho de pensar e repensar agora que chega a III AN do Encontro Irmandinho, ou mais vem do reencontro de reflexons praticamente cotiás, embora se acrescentassem nos dous últimos anos. Nom se trata de reflectir agora opinions sobre o sistema-mundo capitalista nem sobre a a Eurolándia (ainda que recomedo ver estas gráficas), mas sobre o BNG esse partido em que começou a minha militáncia pouco antes das anteriores eleiçons municipais através de Galiza Nova. Desde entom passeninhamente e embora a minha experiência política era escassa naquela altura (e segue-o sendo)  fum-me sentindo cada vez mais orfo e desilusionado com o que eu coidava era A ESQUERDA galega.


A esse BNG cheguei pola sua hegemonia entre a juventude; por ser a  alternativa NOSSA ao fraguismo -docificado polo Habichuela, o que som as cousas-; por figuras como Beiras,   polo que o meu respeito e admiraçom intelectual só fixo inçar-se com os anos. E foi assim como me tornei militante do Encontro Irmandinho na sua assembleia fundacional, nom há tanto na verdade, mas a deriva dos últimos anos parece que mesmo fora um "fenómeno" (ou um "noúmeno" quem sabe) de há décadas. Hoje aquele BNG em que eu acreditei está morto. E recalco a primeira pessoa porque estas palavras som tam só minhas, numha expressom de sentimentos urbi et orbe tam necessária para os que gostamos da poesia e da escrita, embora nom fagamos bem nem umha nem outra cousa.

Hoje, quando restam apenas uns dias para o primeiro plenário da III Assembleia Nacional do Encontro Irmandinho hesito sobre qual coido eu que deveria ser o lugar do Encontro Irmandinho no quadro da situaçom do nacionalismo, da sociedade galega, e no quadro  da frente em que se integra: o BNG. E todo isto desde umha visom que, em minha opiniom, poderia trascender o EI e ser aplicável a outras realidades e contextos com as oportunas correcçons espaço-temporais.


Existe o perigo nas pequenas organizaçons de dividir-se sobre divergências tácticas passageiras (o quando?, o como?) e nom sobre questons de princípio. E para mim umha questom de princípio é a irregenerabilidade do BNG, ou por outras palavras a imposibilidade de parar o relógio da história e retroceder na burocratizaçom do BNG para a "Arcádia" longínqua de 1982 ou de 1997. Nom podem voltar os do PCE à Transiçom e a olhar o eurocomunismo e os "pecados" onde ainda estám imersos. Nom pode voltar o PSOE a "Suresnes" nem repetir-se a cena de Bonn. As cousas fôrom o que fôrom e som, infelizmente, o que som.



Este "perigo" entre divergências tácticas e as questons de princípio é real porque cada componente está submetido à tentaçom de colocar em prática as suas ideias sem temor de perder grande cousa com isso. Porém umha cousa é considerar-nos partícipes dumhas esquerda libertária e da teoria republicana da nom-dominaçom e umha outra bem diferente umha militáncia atomizada que atenta, antes de mais, contra a fraternidade da organizaçom, mas que, sobretodo, lhe resta força como projecto coerente, coesionado e com possiblidade dumha praxe efectiva que crie as condiçons para artelharmos, nom na utopia mas no "realmente existente", umha unidade de acçom do nacionalismo entre a sociedade civil mais consciente e combativa e a esquerda transformadora nom resignada, única baliza perante a "terra queimada" a que nos conduze o aparato burocrático UPG-+GZ que pilota hoje a organizaçom hegemónica do nacionalismo organizado na instáncia política.


Quando em organizaçons "populares" se produzem degeneraçons contínuas e pola burocratizaçom do partido e a subordinaçom das bases ao aparato (passou  com o PSOE, com o PCE-IU e agora passa no BNG) surgem diferenças antagónicas onde som forçasamente minoritárias as que se mantenhem numha firmeza transformadora fiel ao projecto original e nom na contínua capitulaçom para perpetuar as prevendas de liberados e possibilitar a releiçom de cargos na superestrutura jurídico-política do Estado espanhol. E som-no porque o aparato passa a ser "okupado" por umha caste sacerdotal depositária do dogma e do poder em nome da realpolitik e vai confinando ao local e as bases - na base é onde opera sempre a vanguarda nom está de mais lembrá-lo- os "revoltosos" ao tempo que muitos som excluídos (delegados, manipulaçom dos censos, incumprimento dos estatutos na convocatória da AN Ordinária do BNG, etc.) ou se autoexcluem (polos mesmos motivos). Estes fenómenos que constituem na prática processos de auténticas "purgas internas" (tam documentadas infelizmente na história da esquerda de todos os tempos)  insirem-se na exasperante degeneraçom dessas organizaçons políticas: quando os parasitas do aparelho procuram antes esmagar o "inimigo interno" do que fazer fronte aos verdadeiros reptos do nacionalismo que está na sociedade (civil) e nom apenas nos parlamentos e nas declaraçons institucionais e partidistas.


Por todo isto, é sabido que as rupturas parciais nunca estám à altura da grande fractura esperada, mas objectivamente praticamente quimérica, ou, por outras palavras, relativamente aos ganhos, as oportunidades imediatas parecem sempre prematuras e os resultados decepcionantes. A questom da saída torna-se assim na minoria num ponto devastador e a dilaçom no tempo continuada dumha tomada de posiçom coerente com a sua diagnose conduze a:
- umha perda constante de militantes desancantados (entre o "já nom" e o "ainda nom") ou a cissons;
- o debilitamento da força política motriz, a cada passo mais degenerada e com menos implantaçom social (ou tendo-a como o PSOE nom representa os interesses das classes trabalhadoras e subalternas, para além de certa retórica e ar populista flutuante no tempo).

- a inoperáncia organizativa ou a aussência de praxe na minoria fével e xebrada já que logo - por defeito e nom excesso- da sociedade civil.


Em resumo, é a morte por inaniçom da própria minoria que deseja lançar um novo referente ético-político que permita a continuaçom do projecto transformador original e é o campo para que essa esquerda nacional entre numha dicotomia entre burocratismo degenerado que entrega a hegemonia social à direita (e no nosso caso sermos naçom oprimida isto acentua a sua gravidade) e esquerdismo (e/ou seitarismo) fragmentário que nom crie as condiçons tampouco para umha nova reorganizaçom da esquerda face os embites da direita, neste caso as forças dinásticas da II Restauraçom bourbónica impulsoras do programa da utopia reaccionária ultraliberal e da fascificaçom e da conversom do estado (naçom) social em estado (cosmopolita) penal... por su seguridad... É o ermo e a renúncia, e, portanto, a esquerda que se coidava nom resignada torna-se na mais resignada das esquerdas, encerrada no seu lar enquanto os restos da antiga esquerda revolucionária traída e da social-democracia degenerada vam passando-se silandeira mas implacavelmente para o social-liberalismo e o TINA tatcheriano.


Continuar a ficçom, ao cabo converte-se num fetiche, da "direcçom traidora" e das "bases traídas" (como se grande parte nom remataram por apoiar essa direcçom quanto detentora da hegemonia  no aparato e no eido ideológico e como se nom se alimentara da seiva de novas facçons de classe conformes com o projecto social-liberal e o poder associado a esse aparato), gera nos militantes da minoria conceber a política como procuraçom, quer dizer, em vez de defender o que é necessário fazer na relaçom de forças realmente existente imaginam-se o que devia fazer a direcçom do seu grande partido (inexistente já na realidade) se fosse efectivamente revolucionária. É a dissociaçom esquizofrénica entre a realidade e o mundo das ideias, ou mais bem o mundo dos desejos (ou dos sonhos) pessoais. E assim decai a própria cultura organizativa, instaura-se o derrotismo passivo e, ao cabo, recusa-se umha e outra vez (ainda quando a degeneraçom do aparato longe de recuar inça) a construçom dumha pequena organizaçom independente face a cómoda pertença a umha corrente oposicionista interna. O Komitern, o eurocomunismo, a Terceira Via... som inúmeros os exemplos que deixárom em agua de castanhas a emancipaçom da Humanidade fechando os olhos perante direcçons que pouco ou nada tinham a ver com essas arelas de liberdade.


O nacionalismo é um fenómeno sócio-político, que nasce e se alimenta na sociedade, e, portanto, nem começa nem acaba em nengum grupo ou partido político. Umha minoria pode e deve navegar em "mar aberto" quando as condiçons objectivas, e até as subjectivas, da história assim lho marcam procurando umha nova "unidade de acçom" desse nacionalismo emancipador na construçom obstinada de novas redes de alianças das que saia um outro referente político que permita continuar polo vieiro da verdadeira emancipaçom social e nacional, nom resignado nem entregue a nengumha casta, pronto nom apenas para resistir, mas para avançar e para dar-lhe a volta a actual relaçom de classes dominantes e classes subalternas. Por isso, é possível rematar com um bocado de "optimismo da vontade" (e da razom): um povo disposto a mudar as suas condiçons de existência pode fazê-lo contando apenas com as próprias forças, porque como dizia Mao as "forças pequenas tornarám-se grandes". Isto mesmo num mundo conotado polo Imperialismo (agora sob o nome de "globalizaçom") se esse povo é capaz de dotar-se dumha teoria política coerente. 

Viva a  Galiza irmandinha, ceive e socialista!