Palavras novas e velhas

domingo, 4 de abril de 2010

Destruir o templo para sair da incubadora. Tragédia racional.

Imos ver. A pergunta que me fai o meu companheiro parte dumha base falsa polo que tratarei de mostrar a continuaçom.

Em primeiro lugar a ideia de Espanha. Fora Calvo Sotelo quem advertia que preferia umha Espanha roxa a umha Espanha rota. Se acreditamos que Espanha é o único sujeito de soberania, o estado-naçom espanhol, negamos nom só umha Galiza independente, mas tamém a existência da própria naçom galega. Por outras palavras, Espanha é umha criaçom decimonónica da burguesia espanhola feita principalmente sobre a cultura castelhana. Os antagonismos com as outras culturas nom tardárom em exprimir-se e já nesse século irrompem figuras como Sabino Arana. Esses antagonismos imposibilitam, em definitiva, um estado-naçom espanhol sem "inconvenientes" e, portanto, é falso que se podam resolver num estado-naçom unitário quanto este nom seja tamém umha naçom-estado.

Em segundo lugar, negar a existência destes antagonismos e a sua superaçom afora da independência e o federalismo (mas lembremos que para casarnos temos que estas primeiramente solteiros, a nom ser que o Estado espanhol seja um xeque árabe) é negar a essência mesma da sociedade. A luita de classes, onde umha burguesia exprime a ideia de Espanha pro domo sua. Todos somos espanhóis nom é mais do que umha camuflage para obviar que espanhóis som uns poucos e os demais somos súbditos seus. A luita de classes tem, nas naçons sem estado umha fasquia particular motivada precisamente polo colonialismo cultural e pola relaçom dual de dependência a respeito do centro. Por outras palavras, num estado unitário Galiza seguiria sendo periferia (cultural e económica) e os cidadaos galegos ficariam descriminados com respeito ao centro. Planejar a pergunta sem precisar mais qual seria a organizaçom dessa Espanha socialista é demasiado simplista.

Terceira questom. A simboloxia que propós é um oxímorom. Essa bandeira representa o que representa e nom muda por pôr-lhe umha estrela no meio, ou seja, que teria que ser a republicana em todo caso e nem assi conviriamos com ela muitos galegos de naçom. Portanto, essa Espanha espantosa de que falas nom nasceria da livre adesom de cada cidadao nem do mútuo acordo. Se os cidadaos nom somos iguais, se existe a diferença essa Espanha socialista (ou essa Galiza socialista e idependente) nom seriam "todo ventagens" e em rigor seguiriamos sem viver na sociedade, mas na anti-sociedade, todavia superada a fase actual do narcisismo pós-modernista eurocéntrico que descrevo mediante a Teoria da incubadora que agora nom tenho tempo de explicar aqui.

Quarta questom: que é o socialismo? O "socialismo" do PSOE, a socialdemocracia, o marxismo-leninismo ou algumha outra cousa que se nos escapa?

Quinta questom e coda ao dito, por nom extender-me demais. Som eu agora o que fago as perguntas devolvendo o jogo num contraataque que bate contras as bases do pensamento de 99% dos espanhóis e dos galegos e preconiza a morte de deus e do home, a fim do planeta dos símios-marraos e o nascimento em difícil, mas suntuoso parto do SUPERHUMANO que é o HUMANO mesmo quando sai da incubadora que o converte em INFRAHUMANO:

a) é possível umha sociedade perfeita sem umha igualdade entre os membros (base sem a qual a liberdade é umha enteléquia, umha quimeira)? Obviamente conviredes em que nom.

b)Qual é o foco principal da desigualdade? A propriedade responderedes-me com acerto.

c)E qual é o garante e vigilante permanente dessa propriedade? O estado dirám-me já menos pessoas com a faciana desencaixada advertindo o trágico final da tragédia do organigrama social.

d) Qual é portanto a única forma de socialismo científico verdadeiramente tendente à defesa da igualdade e portanto da sociedade (enquanto que os associados tenhem que ser necessariamente iguais para poderem associarem-se em liberdade)? A que bota os mercaderes do templo para intalar-se eles e fundar um novo clero ou a que destrói o templo e qualquer intermediário entre deus e o home? A resposta deixa o auditório baldeiro e um louco Antom fala só com as paredes... o socialismo libertário!!! Berra em vano, ninguém o ouça já. O socialismo libertário chama-se tamém anarquia, porque esta é a forma superior e definitiva de organizaçom social e, em virtude, a única sociedade possível. Nom é a desorde é a orde mesma. Nom é egoismo é o comunismo mesmo.

Consumatum est, e o véu do templo já se rachou em dous enquanto aguardo ter ampliado o horizonte de expectativas de quem tenha lido isto. A perfeiçom nom se escrevem nem com G nem todavia com E. Com A, apenas com A. Alfa e omega, princípio e fim de todas as cousas... Umha pantasma percorre Europa... a Santa Companha de Kropotkin, Proudhon, Marx, Bakunin, Gramsci... a santa companha da Alba de glória vai umha e outra vez do Padornelo a Fisterra, mas a luz nom volta a caduca Ibéria dos filhos de Breogám. Mágoa que os mortos-viventes nom tenham desejo de deixar de sê-lo, de passar de ser súbditos e vasalos para converterem-se em cidadaos. Haverá que ajudar-lhes ponhendo-lhes um olho de vidro e a ver se assi "os cegos vem e os cojos andam". Dixem.

3 comentários:

Paula Verao disse...

Xa o lera no Caralibro e gustoume moito. Xa explicarás máis polo miúdo a teoría da incubadora...

AFP disse...

http://wwwafiador.blogspot.com/2010/04/destruir-o-templo-para-sair-da_05.html

Santo2000 disse...

Hai tempo que lim o texto, mas por umha cousa ou por outra nom che contestei.

É unha resposta mui boa que quase comparto ao cento por cento, mas a minha pergunta ia por um outro sendeiro polo que igual nom soubem guiar à gente. A minha ideia era colocar-vos nessa disjuntiva, que escolherades entre umha das duas opções, mais nada. Nom era intençom deste que escrive formular perguntas trascendetais que marquem a história de Galiza, o futuro do nosso pais. Bem sei que é umha questom mui superficial, mas tampouco nos jogamos nada com essas palavras finalizadas com um interrogante. Ou isso é a minha humilde opiniom.

De todos geitos, aleda-me e agradeço-che muito que te passes polo meu blog e que lhe pugeras tanto empenho para contestar a essa questom. Nom fazia falta, de verdade. Com um decatamento por qualquer das duas opçons ia valer sem que isso periga-se a tua condiçom de irmão desta nossa Terra galega. Embora, obrigado.

Um abraço de agradecimento. Brais.