Palavras novas e velhas

quarta-feira, 25 de março de 2009

Defesa da vida


Dizia deus, segundo indica Curros Enriques em O divino sainete aquilo de «se eu figem este mundo que venha o demo e me leve». Corria o ano 1936 e os falangistas enchiam as conetas da Galiza com cadáveres apodrecendo o ar. Fugidos para o monte e exilados para além mar. Torturas e assassínios que ainda aguardam pola condeia. Eram os roxos, os marxistas e os separatistas. Eram a besta, o anticristo o 666 das três pragas das que falava Castelao na revista Nova Galiza: o clericalismo, o militarismo e o capitalismo. Tomás Muñiz Pablos, arcebispo de Compostela, envia umha circular onde lhe pede aos párocos que se abstenham de entregar certificados de boa conduta aos filhos de Satanás, «sin obedecer a consideraciones humanas de ninguna clase»; Santiago y cierra España!

A vida é o mais formoso e por isso ladra o papa contra o preservativo, por enquanto a banca do Vaticano inverte neles, e Rouco Varela contra a exígua reforma da lei de prazos do aborto. Defender a vida em fogueiras onde queimar as bruxas e os roxos. Torquemada é um santo, Durex o demo sem forquita, mas por vezes pom cornos.

Na após-guerra mais obscura o sacrossanto padre Nieto no campo de concentraçom da ilha de Sam Simom, com os seus homónimos em Oseira e Cela Nova, imponhia o inferno na terra enquanto os presos comiam ratas para sobreviver e os piolhos roíam aos «hijos de la Pasionaria». «O teito é de pedra», irmao Ferreiro. Com a pistola ao cinto, moderno crucifixo dador de vida, vociferava e executava aos desafectos, aos ateios, massons, aos hereges e aos bolcheviques. Topara no fundo conhecimento das escrituras umha excepçom ao «Nom matarás» que Iavhé revelou a Moisés no Sinai, a homilia que lembra um preso reza assí grosso modo: «al igual que el labrador arranca los sarmientos de la tierra así esta Cruzada erradicará de España las malas hierbas».

Pois isso, que tamém Rouco Varela, sempre protagonista permanente, defende a morte dumha criança denantes de permitir que seus pais tenham um irmao cujo embriom seja seleccionado previamente. Tamém Ratzinger, ou Bieito XVI para os estudiosos da derradeira monarquia absoluta de Europa, defende a morte de milheiros de angolanos por SIDA, curiosamente na regiom separatista de Cabinda. Milhons morrerám «in nomine dei». Igualmente, os bispos brasileiros, ou quando menos os suficientes como para ter sidos em conta, matam em vida a umha rapariga violada à que excomungam ao decidir seus pais que devia abortar pola sua curtíssima idade (com sérios riscos para ela própria). Qual vida é que vale mais? A dignidade de qualquer esmoleiro ou excluído sobrepassa aos guardadores de rebanhos, mais tétricos certamente ca o Alberto Caeiro de Fernando Pessoa.

Entom, fica em claro que defendem a vida. A sua vida regalada de palácios episcopais e edifícios de mármore, sempre ao carom da caterva reaccionária, dos poderosos, do único deus: o deus dinheiro. Invertido o alvo daquelas palavras do Vicente Risco já entregue ao fascismo «ladran, señal de que cabalgamos». AMEN.

6 comentários:

Carvalhais disse...

Mais umha vez, excelente artigo!

Conferência Episcopal=Organizaçom terrorista

A Conxurada disse...

Os defensores dos fetos non natos póñenme dos nervios....que noxo de xente.

Lingua e Matria hoxe máis que nunca.

Son Unha Xoaniña disse...

Totalmente dacordo co que dis.
Estou cansa xa de toda esta xente e a súa falsa moral ou mellor dito doble moral, pois o que lles gostaría e que as cousas non mudasen, e que para poder abortar houbese que seguir indo a Inglaterra ou Francia... iso os que tuveran recursos (como seguramente a maioría dos que tal defende), os outros pois en lugares lúgubres e clandestinos, esto inda non hai moito que pasaba.
Trátase dunha Ley para regular un problema o mesmo que hai centos de Leys que o que fan é regular a vida do país, se non sería un caos. Pero que haxa unha Ley para regular o aborto, non quere dicir que todos estemos obricados a abortar.
En fin, que temos este País... que lle imos facer.

Rosalía Fernández Rial disse...

...unha manifestación máis da facilidade que ten a igrexa para meterse onde ninguén a chama...e do seu incrible poder sobre esta sociedade (que non ten NADA de laica)...

que viva a hipocresía!, manda carallo...

un saúdO!

Anónimo disse...

Por sorte cada dia esta tropa vai perdendo os seus devotos na nossa terra e tenhem cada vez menos influencia para lhe truncar a vida a gente, como faziam em tempo de curros. O problema é que estes cabróns medram como as malas herbas alí onde mora a miseria, porq lhe vendem a gente desesperada a sua receita magica da salvaçom.

Se há deus, que o demo me leve, serám castigados.

Bardo disse...

Tez toda a razon companheiro esses terroristas pensan estar em poder da "verdade absoluta" e andan a espalhar a sua merda polo mundo adiante ameazando coa condenazon eterna se non fas o que eles din... e o pior e que somos nos quen os subvenciona...