Palavras novas e velhas
domingo, 3 de abril de 2011
Á REVOLTA ENTRE A MOCIDADE: O darwinismo social militarizado (recunque)
Á REVOLTA ENTRE A MOCIDADE: O darwinismo social militarizado (recunque): " Antom Fente Parada. Este artigo é umha continuaçom dum outro artigo anterior que podedes consultar aqui. Ao meu ver, os 'nazis de are..."
segunda-feira, 28 de março de 2011
O darwinismo social militarizado
Á REVOLTA ENTRE A MOCIDADE: O darwinismo social militarizado: "Antom Fente Parada ... o mundo está aí, com os efeitos imediatamente visíveis da posta em prática da utopia ultraliberal: nom apenas a mis..."
quinta-feira, 24 de março de 2011
"Multiculturalismo" e neolíngua, até quando?
Umha achega interessante sobre o multiculturalismo, que Merkel via fracassado recentemente, vem da mao de Pierre Bourdieu e Loïc Wacquant num artigo intitulado"Una nueva vulgata planetaria: la lengua franca de la revolución neoliberal" e que nos lembra poderosamente à neo-língua orwelliana brilhantemente descrita no romance 1984. O artigo em questom foi escrito no cabo do século XX e começos do século XXI e ainda nom advertia a queda da hegemonia norte-americana e, com ela, a queda da primazia absoluta de Ocidente e a apertura dumha etapa de caos sistémico. Porém nom é disso do que queria falar agora.
Simplesmente a minha vontade é partilhar algum dos aspectos debulhados sobre "pensares" dos autores de A miséria do mundo e de Os cárceres da miséria neste artigo. Duas obras que cito porque lembram a aquela dialéctica entre Marx e Proudhom da Filosofia da miséria e da Miséria da filosofia.
A violência simbólica, tam naturalizada e arraigada que já nom é reconhecida como tal, é segundo Bourdieu umha forma profunda de dominaçom. Lá reside a eficácia da linguagem ultraliberal. Estados Unidos "mundializa" a sua realidade pós-keinesiana, manifesta na ssuas políticas económicas e sociais e também nas suas polémicas universitárias. (...) Umha extranha neolíngua: "mundializaçom" e "flexibilidade"; "governabilidade" e "empregabilidade", "underclass" e "exclussom"; " nova economia" e "toleráncia cero"; "comunitarisomo", "multiculturalismo" e os seus coirmaos "pós-modernos", etnicidade, minoria, identidade, fragmentarizaçom, etc.
Fora de todo isto ficam termos como capitalismo, classe, exploraçom, dominaçom, desigualdade, etc. Estamos, já que logo em presença dum imperialismo simbólico onde em nome da "modernizaçom" se ceifárom desde a década de setenta conquistas sociais e económicas que custaram cem anos de luitas socias. Bourdieu identifica claramente umha forte violência simbólica neste imperialismo cultural baseado na imposiçom dumha comunicaçom forçada através de poderosos altifalantes - os mídia- que imponhem a sua versom dos factos e a dominaçom. Nom é por acaso que se universalizam os particularismos vencelhados com umha experiência histórica singualar, tentando que sejam irreconhecíveis como tais -ou seja etnicamente neutros- e reconhecíveis no entanto como universais.
Para este fim som muito importantes as instáncias de governança global tais como o Banco Mundial, a Comissom europeia, a OCDE, think tanks (como o Manhattan Institute de Nova Iorque, o Adam Smith insititute de Londres, a Foundation Saint-Simon de Paris, a Deutsche Bank Fundation de Francoforte, a FAES de Madrid e assim seguido), fundaçons de filantropia, escolas do poder (London School of Economics em Inglaterra, Harvard Kennedy School of Government nos EUA, Institut d'Etudes Politiques na França...) e, em fim, a grande mídia. Em definitiva, falamos do binómio político-mediático produtor dessa nova língua franca e universal a neolíngua do pensamento totalitário ultraliberal.
Boa parte da esquerda, também no artigo que serve de base a esta postagem, felizmente fala dumha sociedade estadounidense "da era pós-fordista e pós-keinesiana". Também aqui há desorientaçom e impostura intelectual ao confundir-se a sintomatologia do doente com a causa da doença, ou seja, a contrarrevoluçom ultraliberal iniciada nos setenta como fugida para adiante - perante a queda da taxa de ganho e outros factores que agora nom entrarei a analisar- dentro do beco sem saída do longo declínio que conduziu à crise da hegemonia (que Beiras situa em 1973) e ao caos sistémico do sistema-mundo capitalista actual (iniciado com a grande crise de 2008 equivalente a de 1873 que marcou o devalo da hegemonia británica. Para recuperar a taxa de ganho recorre-se a umha financiarizaçom extrema da economia (cujas bolhas produzem depresons profundas, recesons, estagflagçons e, em definitiva, activam um rodopio infernalque se retroalimenta a si próprio); ao desmantelamento do welfare state (educaçom, sanidade, aposentadorias, etc.), que era o pacto entre capital e trabalho estabelecido após 1945 na procura da pax social e a contençom do "comunismo"; hipercrescimento do estado penal - aqui Wacquant sentou cátedra-; esfarelamento do movimento sindical, da negociaçom colectiva e da autoorganizaçom dos trabalhadores (do que se deriva maior desemprego, multiplicaçom da exploraçom, e da autoexploraçom, menores ordenados e maiores desigualdades entre operários) und so weiter.
Nesta cojuntura, Bourdieu e Wacquant identificam dous termos chave para a neolíngua que som bem familiares para qualquer pessoa que decida hoje enfrontar-se à docência. Falamos, como nom, do "multiculturalismo" e da "mundializaçom" ou "globalizaçom" na escola anglo-usamericana.
Quanto ao primeiro:
Este termo foi importado a Europa para designar o pluralismo cultural na esfera cívica [na sociedade civil], em tanto que nos EUA remete para - no mesmo movimento que a oculta- a contínua exclusom dos negros e a crise da mitologia nacional do "american dream" de "oportunidades para todos"; essa crise é correlativa à falência que afecta o sistema de ensinança pública em momento em que a competência polo capital cultural se intensifica [assim como a compotência intercapitalista que trai consigo a queda da taxa de ganho] e as desigualdades de classe aumentam de maneira vertiginosa.
O adjectivo tende um véu sobre essa crise, confinando-a artificiosamente ao microcosmos universitário e exprimindo-a num registo ostensivelmente "étnico"; mas, na realidade, a sua verdadeira cerna nom é o reconhecimento das culturas marginalizadas polos cánones académicos, mas tamém o aceso aos instrumentos de (re)produçom das classes médias e superior - como a universidade- num contexto de retirada activa e massiva do Estado.
O "multiculturalismo" estadounidense nom é nem um conceito, nem umha teoria, nem um movimento social ou político, embora pretenda se todas essas cousas à vez. É um discurso-pantalla (...). É, aliás, um discurso estadounidense - a pesares de que se pensa e se apresenta como universal (...).
Ou seja, que "o multiculturalismo" leva a todos os lugares aonde se exporta esses três vícios do pensamento nacional estadounidense que som: a) o "grupismo", que cousifica as divisons sociais canonizadas pola burocracia estatal como princípio de conhecimento e de vindicaçom política; b) o populismo, que substitue a análise das estruturas e dos mecanismos de dominaçom pola celebraçom da cultura dos dominados e dos seu "ponto de vista", elevado ao rango de proto-teoria fundamental; c) o moralismo, que ao obstaculizar umha análise materialista racional do mundo social e económico, condena a um debate sem fim nem efeitos sobre o necessário "reconhecimento das identidades", quando na triste realidade de todos os dias o problema nom se situa para nada nesse nível. (...) Dúzias de milhares de crianças das classes e etnias dominadas som expulsas das escolas primárias por falha de vagas (25.000 este ano [naquela altura entenda-se] apenas na cidade de Los Ángeles); e só um de cada dez jovens procedentes de moradias com ingresos inferiores a 15.000 dólares anuais accede à universidade, contra 94% dos filhos de famílias cujos ingresos anuais superam os 100.000 dólares.
No tocante à "globalizaçom":
Poderia fazer-se a mesma demonstraçom a respeito da noçom fortemente polesémica de "mundializaçom". O resultado - se nom a funçom- desta noçom é vestir de ecumenismo cultural ou de fatalismo económico os efeitos do imperialismo estadounidense (...).
[...]
(...) a colonizaçom mental que se opera através da difusom destes conceitos apenas pode levar a umha espécie de "consenso de Washington" geralizado e até espontáneo, como se pode ver hoje em matéria de economia, de filantropia ou de gestom da ensinança- Esse duplo discurso baseado na crença remeda a ciência, invistindo o fantasma social dominante com a apariencia de razom (...).
Em definitiva, o imperialismo ultraliberal realiza-se intelectualmente num pensamento único onde emergem duas novas figuras do produtor cultural. A primeira dela som os os think tanks, que elaboram documentos de alto conteúdo técnico [como os que os empresários espanhóis apresentam cada pouco a Zapatero ou a El-rei], redactados na medida do possível em linguagem económica e matemática. Depois venhem os "todólogos", tránsfugas do mundo universitário feliz ao serviço dos dominadores. A missom destes é dar forma académica aos projectos políticos na nova aristocracia financeira do estado e do capital. Toda umha neolíngua que fai que os gendarmes da bancocracia podam viver tranqüilos enquanto alienam os povos de toda a parte. A neolíngua é o Pangloss do poder, ou seja, o Cándido que descrevera em 1759 Voltaire; o cidadao alienado incapaz de render-se às evidências mais indiscutíveis e ainda mais inerte para indignar-se e reagir. Écrasez l'infâme!
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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Plano de acçom 2010-2011
O Plano de acçom 2010-2011 aprova-se no Reino de Espanha sob um governo do PSOE e fixar os alvos educativos para a década que agora começa. No entanto, difilmente poderá conseguir esse objectivo quando o governo neo-filipista de Rubalcaba e Salgado semelha ter os dias contados após o seu suicídio político aplicando as receitas da direita, que guarda um preocupante silêncio sobre as suas intençons e do ultraliberalismo.
Se reparamos nos objectivos que se marcam no documento poderemos concordar que o texto saiu da caverna platónica com umha dissociaçom total entre o mundo da retórica e das ideias e o plano da realidade, onde nem se ponhem recursos, nem vontade, nem medidas efectivas para atigir estes alvos.
El éxito educativo de todos los estudiantes
Esquece-se como no insucesso escolar o contexto sócio-cultural de cada alunado é determinante para o futuro académico das crianças. Em definitiva, que isto passa-lhe a um PSOE que renunciou em Suresnes ao marxismo e a explicar a realidade através da luita de classes. O sucesso educativo é muito mais alto entre os filhos da burguesia e os da classe meia-alta, que serám os próximos membros das elites e portanto ajuda a reproduzir a escola a dominaçom existente na sociedade.
Equidad y excelencia. La evaluación como factor para mejorar la calidad de la educación
Avaliaçom? Onde? = 0
Flexibilidad del sistema educativo y estudios postobligatorios. Educación a lo largo de la vida.
Flexibilidade na linguagem ultraliberal e de livre mercado = 20 curros ao longo da vida= desemprego= aposentadoria mínima ou inxexistente; cursos, seminários. etc. a preço de ouro e irrelevantes para a formaçom específica as mais das vezes = capital privado 100% €
La formación profesional como instrumento clave para avanzar hacia un nuevo modelo de crecimiento económico.
Aquí cumpre ler "a formación profesional como instrumento chave para avançar no abaratamento da mao-de-obra qualificada freten aos ordenados dos engenheiros universitários para maior lucro das pobres e esforçadas empresas que os tenhem que contratar com umha bolsa da obra social da NoCaGa pagando-lhes 600E.
Nuevas formas de enseñar y aprender. El papel de las TIC.
O das novas formas de ensinar e aprender é na prática auga de castanhas com salas de aulas massificadas, sem recursos, com poucos docentes sobrecarregados de horas, etc. Por enquanto a privada recebe subvençons à esgalha, selecciona o alunado, etc. Tocante às TIC cabe perguntar-se se a incorporaçom de computadores e outros aparelhos nom responde mais ao lucro que Microsoft e outras multinacionais e empresas do sector vam tirar com isto (por nom entrar em como é umha nova forma de alienaçom e controlo social do súbdito-consumidor como o é a televisom)... ou seja, o alunado para as TIC ou as TIC para os alunos.
Plurilingüismo. Impulso al aprendizaje de idiomas.
O que se dá logo é o multilingüismo, quer dizer, múltiplas línguas dispostas hierarquicamente e onde na escola só tenhem cabida os idiomas dos Estados do centro capitalista e do Imperialismo com o inglês, como nom , em cabeça. Quanto às línguas das naçons sem estado sofrem contínuos ataques desde a estratégia glotofáxica e recentralizadora do Reino de Espanha. O árabe nom tem cabida algumha nem a formaçom ecolingüística das crianças. E o português enquanto na Exremadura espanhola está presente em todos os liceus com campanhas do governo para fomentar o seu conhecimento, na Galiza está poscrito... no vaya ser que...
La educación como bien de interes público y derecho de toda la sociedad.
No plano da realidade e nom no mundo das ideias o que vemos é mercantilizaçom, privatizaçom, etc. O estado de bem-estar e assistencial muda-se polo estado penal subsidiário, o estado-beneficiência.
Modernización e internacionalización de las Universidade. Formación, investigación transferencias de conocimiento y responsabilidad social.
O que vam criar, com os recurtes de fundos às universidades públicas e o modelo de especializaçom em áreas de conhecimento muito reduzidas (Campus Vida na USC), som universidades de 1ª, 2ª e 3ª que abriram perspectivas laborais às elites e que adornaram as paredes do piso embargado da maioria dos mortais. Morte da universidade pública e do conhecimento tal e como o entiamos ao rematar com a esfera pública onde este conhecimento se confronta e debate mediante o diálogo para fazer avançar à ciência ao serviço do bem-comum. Morte das Humanidades e fim da cidadania e da lei civil. Volta à condiçom de servos da gleba é a lei familiar do Pater Famílias (privatizaçom do privado e publicitaçom do privado).
Dimensión social de la educación: becas y ayudas al estudio.
Suba das taxas exponhecialmente quanto se reduze mais e mais o orçamento das universidades públicas que perdem "competitividade" perante as privadas e se devgraddam até torná-las quase inservíveis de cara o mundo laboral e aos olhos da sociedade. A suba das taxas a lo loco como na Inglaterra, em Grécia ou na Itália conduzirá à um novo instrumento financeiro para a nossa sofrida banca: as bolsas-empréstimos, que criarám umha nova servidume por dívidas no funcionariado e incrementarám o déficit público ao responder o Estado subsidiaramente por esses créditos.
Convivência y educación en valores: implicación de la familia, del profesorado y de la sociedad.
Do Banco Santader, de Audi, dos mídia, e os grupos que reproduzem a hegemonia na sociedade civil como o Opus Dei, a FAES ou Galicia bilingüe.
Profesorado: reconocimiento profesional y social del docente.
A tope. O profesorado é o bode expiatório de todos os males sociais, enquanto se aumentam as suas horas de trabalho e se recurtam os recursos disponhíveis e o seu ordenado. Na privada nem sequera tenhem liberdade de cátedra existino ameaças e despidimentos já nos EUA com teorias como a do criacionismo.
Educación inclusiva, diversidad e interculturidad: derecho a la diferencia sin diferencia de derechos.
A tope também. Este ano o prémio Nobel de literatura foi para umha pessoa de etnia zigana e o Príncipe de Asturies para umha filha de marroquinos licenciado em jornalismo.
Profesorado: reconocimiento profesional y social del docente.
A tope. O profesorado é o bode expiatório de todos os males sociais, enquanto se aumentam as suas horas de trabalho e se recurtam os recursos disponhíveis e o seu ordenado. Na privada nem sequera tenhem liberdade de cátedra existino ameaças e despidimentos já nos EUA com teorias como a do criacionismo.
Educación inclusiva, diversidad e interculturidad: derecho a la diferencia sin diferencia de derechos.
A tope também. Este ano o prémio Nobel de literatura foi para umha pessoa de etnia zigana e o Príncipe de Asturies para umha filha de marroquinos licenciado em jornalismo.
Em resumo, que tenhem "un plan criminal".
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Hesitando encol o Encontro Irmandinho: entre o "já nom" e o "ainda nom"
Os hábitos de luta a contra-corrente podem virar para o sectarismo. A desproporçom entre a actividade teórica e a possibilidade de verificaçom prática levam a um exacerbar das disputas doutrinais e ao fetichismo dogmático da letra. Assim como existe um povo do livro, há de facto um comunismo do livro para o qual as divergências tácticas surgem como questons de vida ou de morte. Muitas vezes sem fundamento; às vezes com razom. (...) Umha corrente longamente minoritária impregna-se igualmente apesar de si própria, daquilo a que pretende resistir. (...) É preciso, porém, evitar a ilusom de umha vida política relativamente pacificada pola rotina parlamentar. Daniel Bensaïd.
Foi en Alemaña, aló polo verán de 1974. Regresábamos varios nun microbús dunha reunión da Coferencia Socialista Ibérica en Münster-Eifel, creo que con dirección a Frankfurt, onde nos dispersaríamos. Nas proximidades de Bonn, alguén dixo: "estamos pasando polas aforas de Bad-Bodesberg". Eu ía sentado ao lado de Felipe González, xunto á xanela, e vai Felipe e dime: "Beiras, e pensar que aquí a SPD renunciou ao marxismo", e eu contesteille: "Xa ves o que son as cousas". Iso foi en 1974, e xa vedes o que foron as cousas no PSOE poucos anos despois. Xosé Manuel Beiras Torado.
Toda organización social fai política? Pois iso digo, e se o seu “punto gravitatorio” está na consecución da igualdade social por medio do desenvolvemento dos dereitos civís, entón fai política de esquerdas. Mais non só iso, senón que organizativamente ten que artellarse segundo unha ética de esquerdas: respeito das minorías, non-dominación, xustiza salarial, non-discriminación, etc… Raul Asegurado Pérez.
Un paso adiante i outro atrás, Galiza,
i a tea dos teus sonos non se move.
A espranza nos teus ollos se esperguiza.
Aran os bois e chove. Xosé María Díaz Castro.
E aqui no encerelho de pensar e repensar agora que chega a III AN do Encontro Irmandinho, ou mais vem do reencontro de reflexons praticamente cotiás, embora se acrescentassem nos dous últimos anos. Nom se trata de reflectir agora opinions sobre o sistema-mundo capitalista nem sobre a a Eurolándia (ainda que recomedo ver estas gráficas), mas sobre o BNG esse partido em que começou a minha militáncia pouco antes das anteriores eleiçons municipais através de Galiza Nova. Desde entom passeninhamente e embora a minha experiência política era escassa naquela altura (e segue-o sendo) fum-me sentindo cada vez mais orfo e desilusionado com o que eu coidava era A ESQUERDA galega.
A esse BNG cheguei pola sua hegemonia entre a juventude; por ser a alternativa NOSSA ao fraguismo -docificado polo Habichuela, o que som as cousas-; por figuras como Beiras, polo que o meu respeito e admiraçom intelectual só fixo inçar-se com os anos. E foi assim como me tornei militante do Encontro Irmandinho na sua assembleia fundacional, nom há tanto na verdade, mas a deriva dos últimos anos parece que mesmo fora um "fenómeno" (ou um "noúmeno" quem sabe) de há décadas. Hoje aquele BNG em que eu acreditei está morto. E recalco a primeira pessoa porque estas palavras som tam só minhas, numha expressom de sentimentos urbi et orbe tam necessária para os que gostamos da poesia e da escrita, embora nom fagamos bem nem umha nem outra cousa.
Hoje, quando restam apenas uns dias para o primeiro plenário da III Assembleia Nacional do Encontro Irmandinho hesito sobre qual coido eu que deveria ser o lugar do Encontro Irmandinho no quadro da situaçom do nacionalismo, da sociedade galega, e no quadro da frente em que se integra: o BNG. E todo isto desde umha visom que, em minha opiniom, poderia trascender o EI e ser aplicável a outras realidades e contextos com as oportunas correcçons espaço-temporais.
Existe o perigo nas pequenas organizaçons de dividir-se sobre divergências tácticas passageiras (o quando?, o como?) e nom sobre questons de princípio. E para mim umha questom de princípio é a irregenerabilidade do BNG, ou por outras palavras a imposibilidade de parar o relógio da história e retroceder na burocratizaçom do BNG para a "Arcádia" longínqua de 1982 ou de 1997. Nom podem voltar os do PCE à Transiçom e a olhar o eurocomunismo e os "pecados" onde ainda estám imersos. Nom pode voltar o PSOE a "Suresnes" nem repetir-se a cena de Bonn. As cousas fôrom o que fôrom e som, infelizmente, o que som.
Este "perigo" entre divergências tácticas e as questons de princípio é real porque cada componente está submetido à tentaçom de colocar em prática as suas ideias sem temor de perder grande cousa com isso. Porém umha cousa é considerar-nos partícipes dumhas esquerda libertária e da teoria republicana da nom-dominaçom e umha outra bem diferente umha militáncia atomizada que atenta, antes de mais, contra a fraternidade da organizaçom, mas que, sobretodo, lhe resta força como projecto coerente, coesionado e com possiblidade dumha praxe efectiva que crie as condiçons para artelharmos, nom na utopia mas no "realmente existente", umha unidade de acçom do nacionalismo entre a sociedade civil mais consciente e combativa e a esquerda transformadora nom resignada, única baliza perante a "terra queimada" a que nos conduze o aparato burocrático UPG-+GZ que pilota hoje a organizaçom hegemónica do nacionalismo organizado na instáncia política.
Quando em organizaçons "populares" se produzem degeneraçons contínuas e pola burocratizaçom do partido e a subordinaçom das bases ao aparato (passou com o PSOE, com o PCE-IU e agora passa no BNG) surgem diferenças antagónicas onde som forçasamente minoritárias as que se mantenhem numha firmeza transformadora fiel ao projecto original e nom na contínua capitulaçom para perpetuar as prevendas de liberados e possibilitar a releiçom de cargos na superestrutura jurídico-política do Estado espanhol. E som-no porque o aparato passa a ser "okupado" por umha caste sacerdotal depositária do dogma e do poder em nome da realpolitik e vai confinando ao local e as bases - na base é onde opera sempre a vanguarda nom está de mais lembrá-lo- os "revoltosos" ao tempo que muitos som excluídos (delegados, manipulaçom dos censos, incumprimento dos estatutos na convocatória da AN Ordinária do BNG, etc.) ou se autoexcluem (polos mesmos motivos). Estes fenómenos que constituem na prática processos de auténticas "purgas internas" (tam documentadas infelizmente na história da esquerda de todos os tempos) insirem-se na exasperante degeneraçom dessas organizaçons políticas: quando os parasitas do aparelho procuram antes esmagar o "inimigo interno" do que fazer fronte aos verdadeiros reptos do nacionalismo que está na sociedade (civil) e nom apenas nos parlamentos e nas declaraçons institucionais e partidistas.
Por todo isto, é sabido que as rupturas parciais nunca estám à altura da grande fractura esperada, mas objectivamente praticamente quimérica, ou, por outras palavras, relativamente aos ganhos, as oportunidades imediatas parecem sempre prematuras e os resultados decepcionantes. A questom da saída torna-se assim na minoria num ponto devastador e a dilaçom no tempo continuada dumha tomada de posiçom coerente com a sua diagnose conduze a:
- umha perda constante de militantes desancantados (entre o "já nom" e o "ainda nom") ou a cissons;
- o debilitamento da força política motriz, a cada passo mais degenerada e com menos implantaçom social (ou tendo-a como o PSOE nom representa os interesses das classes trabalhadoras e subalternas, para além de certa retórica e ar populista flutuante no tempo).
- a inoperáncia organizativa ou a aussência de praxe na minoria fével e xebrada já que logo - por defeito e nom excesso- da sociedade civil.
Em resumo, é a morte por inaniçom da própria minoria que deseja lançar um novo referente ético-político que permita a continuaçom do projecto transformador original e é o campo para que essa esquerda nacional entre numha dicotomia entre burocratismo degenerado que entrega a hegemonia social à direita (e no nosso caso sermos naçom oprimida isto acentua a sua gravidade) e esquerdismo (e/ou seitarismo) fragmentário que nom crie as condiçons tampouco para umha nova reorganizaçom da esquerda face os embites da direita, neste caso as forças dinásticas da II Restauraçom bourbónica impulsoras do programa da utopia reaccionária ultraliberal e da fascificaçom e da conversom do estado (naçom) social em estado (cosmopolita) penal... por su seguridad... É o ermo e a renúncia, e, portanto, a esquerda que se coidava nom resignada torna-se na mais resignada das esquerdas, encerrada no seu lar enquanto os restos da antiga esquerda revolucionária traída e da social-democracia degenerada vam passando-se silandeira mas implacavelmente para o social-liberalismo e o TINA tatcheriano.
Continuar a ficçom, ao cabo converte-se num fetiche, da "direcçom traidora" e das "bases traídas" (como se grande parte nom remataram por apoiar essa direcçom quanto detentora da hegemonia no aparato e no eido ideológico e como se nom se alimentara da seiva de novas facçons de classe conformes com o projecto social-liberal e o poder associado a esse aparato), gera nos militantes da minoria conceber a política como procuraçom, quer dizer, em vez de defender o que é necessário fazer na relaçom de forças realmente existente imaginam-se o que devia fazer a direcçom do seu grande partido (inexistente já na realidade) se fosse efectivamente revolucionária. É a dissociaçom esquizofrénica entre a realidade e o mundo das ideias, ou mais bem o mundo dos desejos (ou dos sonhos) pessoais. E assim decai a própria cultura organizativa, instaura-se o derrotismo passivo e, ao cabo, recusa-se umha e outra vez (ainda quando a degeneraçom do aparato longe de recuar inça) a construçom dumha pequena organizaçom independente face a cómoda pertença a umha corrente oposicionista interna. O Komitern, o eurocomunismo, a Terceira Via... som inúmeros os exemplos que deixárom em agua de castanhas a emancipaçom da Humanidade fechando os olhos perante direcçons que pouco ou nada tinham a ver com essas arelas de liberdade.
O nacionalismo é um fenómeno sócio-político, que nasce e se alimenta na sociedade, e, portanto, nem começa nem acaba em nengum grupo ou partido político. Umha minoria pode e deve navegar em "mar aberto" quando as condiçons objectivas, e até as subjectivas, da história assim lho marcam procurando umha nova "unidade de acçom" desse nacionalismo emancipador na construçom obstinada de novas redes de alianças das que saia um outro referente político que permita continuar polo vieiro da verdadeira emancipaçom social e nacional, nom resignado nem entregue a nengumha casta, pronto nom apenas para resistir, mas para avançar e para dar-lhe a volta a actual relaçom de classes dominantes e classes subalternas. Por isso, é possível rematar com um bocado de "optimismo da vontade" (e da razom): um povo disposto a mudar as suas condiçons de existência pode fazê-lo contando apenas com as próprias forças, porque como dizia Mao as "forças pequenas tornarám-se grandes". Isto mesmo num mundo conotado polo Imperialismo (agora sob o nome de "globalizaçom") se esse povo é capaz de dotar-se dumha teoria política coerente.
Viva a Galiza irmandinha, ceive e socialista!
A esse BNG cheguei pola sua hegemonia entre a juventude; por ser a alternativa NOSSA ao fraguismo -docificado polo Habichuela, o que som as cousas-; por figuras como Beiras, polo que o meu respeito e admiraçom intelectual só fixo inçar-se com os anos. E foi assim como me tornei militante do Encontro Irmandinho na sua assembleia fundacional, nom há tanto na verdade, mas a deriva dos últimos anos parece que mesmo fora um "fenómeno" (ou um "noúmeno" quem sabe) de há décadas. Hoje aquele BNG em que eu acreditei está morto. E recalco a primeira pessoa porque estas palavras som tam só minhas, numha expressom de sentimentos urbi et orbe tam necessária para os que gostamos da poesia e da escrita, embora nom fagamos bem nem umha nem outra cousa.
Hoje, quando restam apenas uns dias para o primeiro plenário da III Assembleia Nacional do Encontro Irmandinho hesito sobre qual coido eu que deveria ser o lugar do Encontro Irmandinho no quadro da situaçom do nacionalismo, da sociedade galega, e no quadro da frente em que se integra: o BNG. E todo isto desde umha visom que, em minha opiniom, poderia trascender o EI e ser aplicável a outras realidades e contextos com as oportunas correcçons espaço-temporais.
Existe o perigo nas pequenas organizaçons de dividir-se sobre divergências tácticas passageiras (o quando?, o como?) e nom sobre questons de princípio. E para mim umha questom de princípio é a irregenerabilidade do BNG, ou por outras palavras a imposibilidade de parar o relógio da história e retroceder na burocratizaçom do BNG para a "Arcádia" longínqua de 1982 ou de 1997. Nom podem voltar os do PCE à Transiçom e a olhar o eurocomunismo e os "pecados" onde ainda estám imersos. Nom pode voltar o PSOE a "Suresnes" nem repetir-se a cena de Bonn. As cousas fôrom o que fôrom e som, infelizmente, o que som.
Este "perigo" entre divergências tácticas e as questons de princípio é real porque cada componente está submetido à tentaçom de colocar em prática as suas ideias sem temor de perder grande cousa com isso. Porém umha cousa é considerar-nos partícipes dumhas esquerda libertária e da teoria republicana da nom-dominaçom e umha outra bem diferente umha militáncia atomizada que atenta, antes de mais, contra a fraternidade da organizaçom, mas que, sobretodo, lhe resta força como projecto coerente, coesionado e com possiblidade dumha praxe efectiva que crie as condiçons para artelharmos, nom na utopia mas no "realmente existente", umha unidade de acçom do nacionalismo entre a sociedade civil mais consciente e combativa e a esquerda transformadora nom resignada, única baliza perante a "terra queimada" a que nos conduze o aparato burocrático UPG-+GZ que pilota hoje a organizaçom hegemónica do nacionalismo organizado na instáncia política.
Quando em organizaçons "populares" se produzem degeneraçons contínuas e pola burocratizaçom do partido e a subordinaçom das bases ao aparato (passou com o PSOE, com o PCE-IU e agora passa no BNG) surgem diferenças antagónicas onde som forçasamente minoritárias as que se mantenhem numha firmeza transformadora fiel ao projecto original e nom na contínua capitulaçom para perpetuar as prevendas de liberados e possibilitar a releiçom de cargos na superestrutura jurídico-política do Estado espanhol. E som-no porque o aparato passa a ser "okupado" por umha caste sacerdotal depositária do dogma e do poder em nome da realpolitik e vai confinando ao local e as bases - na base é onde opera sempre a vanguarda nom está de mais lembrá-lo- os "revoltosos" ao tempo que muitos som excluídos (delegados, manipulaçom dos censos, incumprimento dos estatutos na convocatória da AN Ordinária do BNG, etc.) ou se autoexcluem (polos mesmos motivos). Estes fenómenos que constituem na prática processos de auténticas "purgas internas" (tam documentadas infelizmente na história da esquerda de todos os tempos) insirem-se na exasperante degeneraçom dessas organizaçons políticas: quando os parasitas do aparelho procuram antes esmagar o "inimigo interno" do que fazer fronte aos verdadeiros reptos do nacionalismo que está na sociedade (civil) e nom apenas nos parlamentos e nas declaraçons institucionais e partidistas.
Por todo isto, é sabido que as rupturas parciais nunca estám à altura da grande fractura esperada, mas objectivamente praticamente quimérica, ou, por outras palavras, relativamente aos ganhos, as oportunidades imediatas parecem sempre prematuras e os resultados decepcionantes. A questom da saída torna-se assim na minoria num ponto devastador e a dilaçom no tempo continuada dumha tomada de posiçom coerente com a sua diagnose conduze a:
- umha perda constante de militantes desancantados (entre o "já nom" e o "ainda nom") ou a cissons;
- o debilitamento da força política motriz, a cada passo mais degenerada e com menos implantaçom social (ou tendo-a como o PSOE nom representa os interesses das classes trabalhadoras e subalternas, para além de certa retórica e ar populista flutuante no tempo).
- a inoperáncia organizativa ou a aussência de praxe na minoria fével e xebrada já que logo - por defeito e nom excesso- da sociedade civil.
Em resumo, é a morte por inaniçom da própria minoria que deseja lançar um novo referente ético-político que permita a continuaçom do projecto transformador original e é o campo para que essa esquerda nacional entre numha dicotomia entre burocratismo degenerado que entrega a hegemonia social à direita (e no nosso caso sermos naçom oprimida isto acentua a sua gravidade) e esquerdismo (e/ou seitarismo) fragmentário que nom crie as condiçons tampouco para umha nova reorganizaçom da esquerda face os embites da direita, neste caso as forças dinásticas da II Restauraçom bourbónica impulsoras do programa da utopia reaccionária ultraliberal e da fascificaçom e da conversom do estado (naçom) social em estado (cosmopolita) penal... por su seguridad... É o ermo e a renúncia, e, portanto, a esquerda que se coidava nom resignada torna-se na mais resignada das esquerdas, encerrada no seu lar enquanto os restos da antiga esquerda revolucionária traída e da social-democracia degenerada vam passando-se silandeira mas implacavelmente para o social-liberalismo e o TINA tatcheriano.
Continuar a ficçom, ao cabo converte-se num fetiche, da "direcçom traidora" e das "bases traídas" (como se grande parte nom remataram por apoiar essa direcçom quanto detentora da hegemonia no aparato e no eido ideológico e como se nom se alimentara da seiva de novas facçons de classe conformes com o projecto social-liberal e o poder associado a esse aparato), gera nos militantes da minoria conceber a política como procuraçom, quer dizer, em vez de defender o que é necessário fazer na relaçom de forças realmente existente imaginam-se o que devia fazer a direcçom do seu grande partido (inexistente já na realidade) se fosse efectivamente revolucionária. É a dissociaçom esquizofrénica entre a realidade e o mundo das ideias, ou mais bem o mundo dos desejos (ou dos sonhos) pessoais. E assim decai a própria cultura organizativa, instaura-se o derrotismo passivo e, ao cabo, recusa-se umha e outra vez (ainda quando a degeneraçom do aparato longe de recuar inça) a construçom dumha pequena organizaçom independente face a cómoda pertença a umha corrente oposicionista interna. O Komitern, o eurocomunismo, a Terceira Via... som inúmeros os exemplos que deixárom em agua de castanhas a emancipaçom da Humanidade fechando os olhos perante direcçons que pouco ou nada tinham a ver com essas arelas de liberdade.
O nacionalismo é um fenómeno sócio-político, que nasce e se alimenta na sociedade, e, portanto, nem começa nem acaba em nengum grupo ou partido político. Umha minoria pode e deve navegar em "mar aberto" quando as condiçons objectivas, e até as subjectivas, da história assim lho marcam procurando umha nova "unidade de acçom" desse nacionalismo emancipador na construçom obstinada de novas redes de alianças das que saia um outro referente político que permita continuar polo vieiro da verdadeira emancipaçom social e nacional, nom resignado nem entregue a nengumha casta, pronto nom apenas para resistir, mas para avançar e para dar-lhe a volta a actual relaçom de classes dominantes e classes subalternas. Por isso, é possível rematar com um bocado de "optimismo da vontade" (e da razom): um povo disposto a mudar as suas condiçons de existência pode fazê-lo contando apenas com as próprias forças, porque como dizia Mao as "forças pequenas tornarám-se grandes". Isto mesmo num mundo conotado polo Imperialismo (agora sob o nome de "globalizaçom") se esse povo é capaz de dotar-se dumha teoria política coerente.
Viva a Galiza irmandinha, ceive e socialista!
sábado, 18 de dezembro de 2010
Socialismo ou barbárie (retruque a "Chega a barbárie")
Marx acreditou durante bem tempo que o proletariado como sujeito histórico revolucionário está "predestinado" a fazer a revoluçom e tomar o poder, numha clara concesom ao idealismo hegeliano em que se formou. Tivo que entrar em contacto com Feuerbach para mudar isto. Kroportkine achava que a revoluçom social era inminente e que a revoluçom comunista só podia ser libertária e nom a do comunismo autoritário. Fosse como for esta revoluçom sempre é colectiva e parte da auto-organizaçom dos trabalhadores para atingir o poder e logo destruí-lo, mais ou menos gradualmente-. Lenine promulgou a organizaçom no partido-guia, que tantos destroços causou mutando cidadaos em súbditos - isso sim, "proletários" da boca para fora dos pés à cabeça-, e atacou o esquerdismo do terrorismo individual anarquista... Páginas e páginas se tenhem elaborado sobre a violência e a acçom transformadora colectiva e individual. Porén se algo é acertado verdadeiramente para a actual conjuntura histórica é o que exprime Marx e que andado o tempo relançará Rosa Luxemburgo: "socialismo ou barbárie" que é aceitar que o capitalismo nom cairá por si próprio nem é inevitável essa revoluçom proletária que ponha fim à sociedade de classes. Pode chegar a destruiçom total, a barbárie... o caos.
E todo isto bem a conto de que lim hoje um texto do que gostei e que me fixo reflexionar um bocadinho sobre as cousas do mundo. Som essas boas reflexons que impelem aos demais também a reflexionar. Um artigo que recomendo ler porque dá para pensar, ainda que no tempo dos consumidores consumidos sejamos poucos os moços que nos entretemos e "perdemos o tempo" com estas lérias. Como o que tinha que dizer ao respeito era bastante, permito-me esta forma de comentário alongado para comentar a entrada do meu amigo Jorge Pérez. Vaia por diante que só comentarei aqueles aspectos em que a minha postura é divergente ou aspectos que evocou o texto do Jorge em mim e sobre os que sentia necessidade de reflexionar, porque já os tinha falado também com algum outro companheiro.
A ideia de que toda mulher ou home é um luitador para mim entronca com o roussianismo e aquela teoria de que o home era bom natureza e que foi do gosto de parte do socialismo utópico e da moral que deslitam parte dos contributos de Proudhom. No entanto, essa ideia renje, porque podemos aceitar que qualquer pessoa é um luitador em "potência" contra o sistema e qualquer pessoa o é em "acto" nalgumha altura da sua vida, mas em cousas tam trivais como, por exemplo, negar-se a consumir um produto com o que o bombardeiam no Natal ou qualquer outro acto de resistência. Porém isso som bagatelas, e se renúncia a umha efectiva transformaçom da realidade a utopia muda em retrocesso e o poder que se pretende eliminar entrega-se de balde aos que já o detectam. Por isso se produzira na II República o apoio da CNT à Frente Popular nas eleiçons de fevereiro de 1936 ou por isso aparecera o Partido Sindicalista que decidiu advogar por um anarquismo político-institucional. Do mesmo jeito, no partido bolxevique Lenine tivo que confrontar-se com os otzovistas, cujas teses fôrom derrotada em junho de 1909. Os otzovistas defendiam que os bolxeviques deviam sair da Duma e deixar de fazer actividade parlamentar. Precisamente o líder desta facçom qualificada por Lenine de "esquerdista" (veja-se A doença infantil do comunismo), Alexander Bogdanov, formara-se no anarquismo individualista no grupo Narodnaia Volya (A vontade do povo), antes de passar-se ao POSDR. Todo home e toda mulher podem ser artistas se se transforma o seu horizonte de expectativas social, mas nom o som por natureza, cumpre adquirir um saber-fazer através da auto-organizaçom da classe trabalhadora.
Para mim há infinitas formas de luitas, mas só as organizadas (e aqui nom penso em aparatos políticos) coerentemente orientadas e obstinadamente voltadas para a transformaçom do entorno social acotio som as efectivamente antissistema. O outro podem ser resistências esporádicas que nom fam mais que reproduzir as contradiçons lógicas entre capital e trabalho.Por dizê-lo com outras palavras: ressistir-se ao direito à greve nos controladores num aeroporto enquanto se fica passivo perante os recortes sociais que afectam e afectarám a esses cidadaos vale de bem pouco; partir-lhe os fozinhos ao ex-ministro de Fazenda grego - se for ilhadamente- nom vale para nada, paralisar o país reiteradamente e muito mais efectivo. Concordo com Antoni Domènech quando fai o seguinte asserto (o negrito é meu):
A história das utopias modernas mostra que estas costumam aparecer em momentos catastróficos, de derrota. Sem ir mais longe, a Utopia de Tomás Moro é em boa medida uma reacção ao desastre da conquista de América: Rafael Hytlodeo é um português que lhe conta a Moro o felizes que viviam os índios até a chegada dos invasores. Ademais, o primeiro livro da Utopia de Moro analisa com muito detalhe a catástrofe que supôs a destruição dos bens comuns na Inglaterra de começos do século XVI. Do mesmo modo, o chamado "socialismo utópico" é uma reacção à contrarrevolución, à catástrofe política que supôs para os movimentos populares a derrota de Robespierre. Precisamente, a eclosión do socialismo não utópico, o marxismo e o anarquismo, se produz quando o movimento operário retoma a iniciativa. Em ocasiões, as utopias podem propor reflexões interessantes, críticas e lúcidas, como é o caso de William Morris ou Diderot, mas com freqüência resultam muito reaccionarias. Por suposto, não há nada mais despótico que a República de Platón. Mas também, apesar do que com freqüência se diz, Tomás Moro era profundamente conservador. Em Utopia tinha escravos públicos, muitos deles emigrantes pobres que se esclavizan voluntariamente, um patrioterismo feroz... Em geral, a utopia associa-se a uma derrota mau aceitada, a uma fugida da realidade que tem um componente autoritario. As utopias costumam estar mais preocupadas pela harmonia e a felicidade que pela liberdade, ao invés que os movimentos revolucionários reais.
Na utopia ultraliberal (e vimo-lo agora que petam na porta de papá-estado e na crise desamalhoada por estas loucas teorias) a multitude, a massa, já nom é povo ou o "proletariado" convertido em categoria-fetiche que conduze umha vanguarda desde arriba (quando só se pode ser vanguarda abaixo, na base, e na acçom no meio social, ou seja na sociedade civil)*. A massa som os consumidores, os clientes... numha argamassa ideológica do pós-modernismo e a pós-política para perpetuar a hegemonia e ocultar os trabalhadores e a luita de classe. Porém a subjectividade da classe trabalhadora, entendida como o desenvolvimento da consciência de classe, nom é um gesto individual de risco e violência, mas o produto do trabalho colectivo e das luitas colectivas.
Isto, portanto, associa-se com Rousseau e o boísmo, associa-se com a rebeliom contra a razom que operou na filosofia política e que conduziu a concepçom romántica do povo como massa conduzida polas classes dominantes. E em conduzir está o verbo latino DUCO relacionado com Duce, a denominaçom que recebia Mussolini. O condutor do rabanho quando a irracionalidade passa por cima da razom e o indivíduo se perde num colectivo onde só se respeita a individualidade duns poucos - os que realmente movem os fios-.
Liga-se entom com a dicotomia entre a razom da Ilustraçom -e do socialismo científico dele pairido (for anarquismo, for comunismo). e o irracionalismo do Modernismo. Nom por acaso esta revolta contra a razom se associa com o nacionalismo e o romantismo. Em Fitche estám sentadas as bases do nacional-socialismo ao passar da filosofia para a política. No nacionalismo de Fitche opom-se o individualismo extremo de "o universo som eu" - parafraseando a Luis XIV- para rematar dando umha visom boista do povo anónimo e para situar o povo alemám na cima. Um darwinismo social que opom o home nobre ao home inobre que nom deve ter lugar na Humanidade.A cima do moviemento irracional na filosofia é Nietzche - nom por acaso do gosto dos pós-modernos como Derridá, Foucault ou Deluze-. Ainda que Nietzche, a diferença do nazismo nom era antissemita nem nacionalista, aplica o darwinismo social entre os indivíduos quando fala de impedir a reproduçom dos desadaptados.
Isto, portanto, associa-se com Rousseau e o boísmo, associa-se com a rebeliom contra a razom que operou na filosofia política e que conduziu a concepçom romántica do povo como massa conduzida polas classes dominantes. E em conduzir está o verbo latino DUCO relacionado com Duce, a denominaçom que recebia Mussolini. O condutor do rabanho quando a irracionalidade passa por cima da razom e o indivíduo se perde num colectivo onde só se respeita a individualidade duns poucos - os que realmente movem os fios-.
Liga-se entom com a dicotomia entre a razom da Ilustraçom -e do socialismo científico dele pairido (for anarquismo, for comunismo). e o irracionalismo do Modernismo. Nom por acaso esta revolta contra a razom se associa com o nacionalismo e o romantismo. Em Fitche estám sentadas as bases do nacional-socialismo ao passar da filosofia para a política. No nacionalismo de Fitche opom-se o individualismo extremo de "o universo som eu" - parafraseando a Luis XIV- para rematar dando umha visom boista do povo anónimo e para situar o povo alemám na cima. Um darwinismo social que opom o home nobre ao home inobre que nom deve ter lugar na Humanidade.A cima do moviemento irracional na filosofia é Nietzche - nom por acaso do gosto dos pós-modernos como Derridá, Foucault ou Deluze-. Ainda que Nietzche, a diferença do nazismo nom era antissemita nem nacionalista, aplica o darwinismo social entre os indivíduos quando fala de impedir a reproduçom dos desadaptados.
A fascinaçom pola violência nom é algo novo e tem sido sempre própria do "esquerdismo". Um dos grandes pensadores da esquerda actual como Slavoj Zizek foi sometido a umha esmagadora crítica por Paul Kellog na resenha que publicou sobre o livro Revolution at the Gates: A Selection of Writtings from February to October 1917 [pode ler-se no número sete em papel de Sin Permiso]. O "ultraesquerdismo" ou "esquerdismo" noutras versons foi definido por Lenine em A doença infantil do comunismo como as teorias e as práticas políticas que parecem muito de esquerda e muito mais radicais das que defendem os que luitam pola democracia socialista e os direitos dos cidadaos, mas que na prática som altamente conservadoras (mantemo-nos ao margem na estética e no exercício da "violência redentora", como Zizek lhe chama, renunciando a transformaçom efectiva e real da sociedade em que deixam a pele, e por vezes até a vida milhons de pessoas. Dito doutro modo, gramscianamente, renunciamos à subversom da hegemonia imperante, acçom necessariamente colectiva, ou bem porque actuamos só individualmente ou bem porque nos negamos a somar forças na diferença (por exemplo os que nom vam nem fam greve por mor do seu descontento com os sindicatos quando estes som a ferramenta histórica dos trabalhadores para atingir melhoras e tender para a correlaçom de forças através da luita de classes).
O termo "violencia redentora" nasce curiosamente na teologia, da mao de Walter Wink que a critica como mito fundacional da "sociedade de domínio" associando-a à antiga mitologia babilónica: "Típicamente un dios celeste masculino de la guerra libra una batalla decisiva contra una divinidad feminina, normalmente mostrada como un mostruo o dragón que reside en el mar o en un abismo (el elemento feminino)". Na tradiçom grega, mas próxima a nós, coido que esse papel joga-o fundamentalmente Gea. "Haciendo de la violencia algo placentero, fascinante y entretenido, el poder es capaz de engañar a la gente y hacerla dócil con un sistema que les está engañando hasta en sus propias vidas". Um gramsciano reconhece aqui a crítica a um aspecto da superestrutura ideológica através da que o capitalismo exerce a sua hegemonia, mas Zizek longe disso perde-se desenvolvendo umha noçom de "violência redentora" como um projecto contra-hegemónico, mas nom como um projecto hegemónico (alternativa ao capitalismo).
Wink engade que "habiendo derrotado al enemigo original mediante la guerra y el asesinato, el vencedor crea un mundo a partir del cadáver del monstruo. El orden cósmico requiere la supresión de la violencia de lo femenino, y se espeja en el orden social con la sujeción de las mujeres a los hombres y del pueblo a sus gobernantes". O filme O clube da luita, muito do gosto de Zizek, serve-lhe para desenvolver a sua noçom de "violência redentora" através de Norton, personagem da pequena burguesia ("classe média professional") que é permeável ao individualismo extremo (vejam-se muitos postulados do Tea Party e a sua composiçom "popular"). Eis também a personagem do romance de Mário Vargas Llosa que cita o Jorge. Nas versons radicais deste individualismo tende-se a gabar a violência individual, como o único modo de ressistir à sociedade capitalista, porque a perspectiva de classe da pequena burguesia, na que me incluo, está divorciada do trabalho colectivo diário e das luitas dos oprimidos. Afasta-se entom do potencial da acçom colectiva da classe trabalhadora refugiando-se no individual toda vez que atingir a hegemonia e mudar o horizonte de expectativas social semelha impossível.
O sindicalista George Sorel em Reflexons sobre a violência mostra fascinaçom pola acçom e a violência, a qual longe de ser beneficiosa para a esquerda serviu de base à extrema direita como confessou Mussolini: "a quem mais lhe devo é a Sorel. Este mestre do sindicalismo, com as suas cruas teorias das tácticas revolucionárias, contribuiu em grande medida para a forma da disciplina, a energia e o poder das greas fascistas". Assim em Zizek a violênvia mostra-se como um fim em si própria quando nom era assim em Lenine, onde era um instrumento, o direito dos oprimidos a recorrer à violência para a sua própria defesa perante o monopólio da violência física e simbólica do Estado. Lenine di que "sem a classe trabalhadora todas as bombas som impotentes (...). Umha chamada a recorrer a semelhantes actos terroristas, como a organizaçom de atentados contra a vida de ministros por parte de grupos e indivíduos que nom som conhececidos mais alá dos uns dos outros, de modo que nom irrompem apenas nas massas, mas que também insirem umha desorganizaçom completa nesse trabalho". Isto é comum com o grosso do anarquismo, daí a acçom organizada da CNT e a sua implantaçom no corpo social da II República.
No fundo, e recapitulando, a celebraçom de Zizek da "violência redentora" e individual reflecte, antes de mais, um profundo pessismismo na política de massas. Como apostilha Kellog "es ésta una característica habitual de todas las celebraciones individuales de la violencia, algo que según Lenin las hacía muy similares, a pesar de su retórica de izquierdas, a las de aquellos cuyos horizontes está limitados por la lucha parlamentaria por las reformas. (...) Tanto el reformista parlamentario como el terrorista 'evaden el papel centra de cómo los trabajadores, por sí mismos, transformaría una sociedad... Una tendencia sustituyó con el terror a la lucha de masas; la otra, con la reforma, a la revolución... y ninguna de las dos contempló la auto-organización de la clase trabajadora como un palanca para el cambio revolucionário' ".
O termo "violencia redentora" nasce curiosamente na teologia, da mao de Walter Wink que a critica como mito fundacional da "sociedade de domínio" associando-a à antiga mitologia babilónica: "Típicamente un dios celeste masculino de la guerra libra una batalla decisiva contra una divinidad feminina, normalmente mostrada como un mostruo o dragón que reside en el mar o en un abismo (el elemento feminino)". Na tradiçom grega, mas próxima a nós, coido que esse papel joga-o fundamentalmente Gea. "Haciendo de la violencia algo placentero, fascinante y entretenido, el poder es capaz de engañar a la gente y hacerla dócil con un sistema que les está engañando hasta en sus propias vidas". Um gramsciano reconhece aqui a crítica a um aspecto da superestrutura ideológica através da que o capitalismo exerce a sua hegemonia, mas Zizek longe disso perde-se desenvolvendo umha noçom de "violência redentora" como um projecto contra-hegemónico, mas nom como um projecto hegemónico (alternativa ao capitalismo).
Wink engade que "habiendo derrotado al enemigo original mediante la guerra y el asesinato, el vencedor crea un mundo a partir del cadáver del monstruo. El orden cósmico requiere la supresión de la violencia de lo femenino, y se espeja en el orden social con la sujeción de las mujeres a los hombres y del pueblo a sus gobernantes". O filme O clube da luita, muito do gosto de Zizek, serve-lhe para desenvolver a sua noçom de "violência redentora" através de Norton, personagem da pequena burguesia ("classe média professional") que é permeável ao individualismo extremo (vejam-se muitos postulados do Tea Party e a sua composiçom "popular"). Eis também a personagem do romance de Mário Vargas Llosa que cita o Jorge. Nas versons radicais deste individualismo tende-se a gabar a violência individual, como o único modo de ressistir à sociedade capitalista, porque a perspectiva de classe da pequena burguesia, na que me incluo, está divorciada do trabalho colectivo diário e das luitas dos oprimidos. Afasta-se entom do potencial da acçom colectiva da classe trabalhadora refugiando-se no individual toda vez que atingir a hegemonia e mudar o horizonte de expectativas social semelha impossível.
O sindicalista George Sorel em Reflexons sobre a violência mostra fascinaçom pola acçom e a violência, a qual longe de ser beneficiosa para a esquerda serviu de base à extrema direita como confessou Mussolini: "a quem mais lhe devo é a Sorel. Este mestre do sindicalismo, com as suas cruas teorias das tácticas revolucionárias, contribuiu em grande medida para a forma da disciplina, a energia e o poder das greas fascistas". Assim em Zizek a violênvia mostra-se como um fim em si própria quando nom era assim em Lenine, onde era um instrumento, o direito dos oprimidos a recorrer à violência para a sua própria defesa perante o monopólio da violência física e simbólica do Estado. Lenine di que "sem a classe trabalhadora todas as bombas som impotentes (...). Umha chamada a recorrer a semelhantes actos terroristas, como a organizaçom de atentados contra a vida de ministros por parte de grupos e indivíduos que nom som conhececidos mais alá dos uns dos outros, de modo que nom irrompem apenas nas massas, mas que também insirem umha desorganizaçom completa nesse trabalho". Isto é comum com o grosso do anarquismo, daí a acçom organizada da CNT e a sua implantaçom no corpo social da II República.
No fundo, e recapitulando, a celebraçom de Zizek da "violência redentora" e individual reflecte, antes de mais, um profundo pessismismo na política de massas. Como apostilha Kellog "es ésta una característica habitual de todas las celebraciones individuales de la violencia, algo que según Lenin las hacía muy similares, a pesar de su retórica de izquierdas, a las de aquellos cuyos horizontes está limitados por la lucha parlamentaria por las reformas. (...) Tanto el reformista parlamentario como el terrorista 'evaden el papel centra de cómo los trabajadores, por sí mismos, transformaría una sociedad... Una tendencia sustituyó con el terror a la lucha de masas; la otra, con la reforma, a la revolución... y ninguna de las dos contempló la auto-organización de la clase trabajadora como un palanca para el cambio revolucionário' ".
Aguardo ter sentado assertos e bases para continuar com este debate, para mim bastante importante. Nem que dizer tem que nem de longe penso que o irmao Jorge tenha nada a ver com as conseqüências aqui expostas dalguns elementos que ele expunha no seu artigo. Porém trata-se de confrontar culturas políticas e formaçons um bocado diferentes e de avançar colectivamente através do diálogo na area pública. Aguardo, aliás, que outras vozes estejam dispostas a incorporar-se a este debate. Passem sem chamar.
* Em qualquer revoluçom ou auto-organizaçom dos trabalhadores operam alianças de classes como a que se estabeleceu em Rússia entre o campesinhado, os intelectuas e o proletariado. Perder isto de vista por parte de representantes tam sólidos da esquerda radical nom resignada dá boa conta do actual nível de confussom intelectual.
* Em qualquer revoluçom ou auto-organizaçom dos trabalhadores operam alianças de classes como a que se estabeleceu em Rússia entre o campesinhado, os intelectuas e o proletariado. Perder isto de vista por parte de representantes tam sólidos da esquerda radical nom resignada dá boa conta do actual nível de confussom intelectual.
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
O Plano Bolonha e a greve na universidade
Os estudantado da USC fazendo fincapé numha esquecida unidade convocou para o 16 de dezembro de 2010, manhá entom, umha greve geral em que se imbricam sindicatos -como Comités, Agir ou o Sindicato de Estudantes- com assembleias como as de Medicina ou História, algumhas com umha trajectória bem conhecida outras criadas ex nihilo praticamente neste curso. Um companheiro meu lembrava como o êxito dos protestos da LOU se cimentárom desde a generosidade e por cima das siglas e um outro que se derruírom quando se tentou capitalizar e usurpar a participaçom colectiva para fins espúreos. Eu mesmo sempre acreditei em que este era o caminho, esperemos podemos ir tirando liçons e armá-la como se merece...
Esta greve chega inserida no mal-estar que gerou a extinçom de matérias nos alunos das licenciaturas e dentro dum Processo de Bolonha contestado polo sindicalismo (nom ao completo pois IESGA aderiu ao processo) privatizador da universidade. Isto último tenta-se que seja enganche para os alunos do grao com problemas já denunciados em cursos anteriores como o máster de secundária.
No Velho Continente Sílvio Berlusconni vem de degragar mais um bocado a "democracia" com a compra de parlamentares que lhe permitírom superar a recente moçom de censura. Arde, no entanto, Roma sob as fortíssimas pressons originadas polas revoltas do estudantado que reactivárom a todo o centro-esquerda, assim como os jovens desplomárom a popularidade de Sarkozy polos protestos contra a reforma das aposentadorias.
Por enquanto Europa treme pola acçom do estudantado - face a passividade geral- em Grécia os jovens levam a iniciativa nos contínuos protestos contra os recortes do Governo social-liberal de Papandreu. No Reino Unido os protestos do estudantado conseguírom a queda livre na intençom de voto dos liberais , que se afundiu de 23% nas eleiçons de maio até 8% no último inquérito de YouGov. Isto deve-se a que os liberais prometêrom na campanha eleitoral que se oporiam à suba das taxas e que um grande caladoiro de votos para o partido de Nick Clegg foi a universidade.
A suba das taxas em Inglaterra é um prelúdio do que acontecerá no Reino de Espanha de continuarem as medidas junguidas à doutrina ultraliberal inspiradora do Plano Bolonha. Só os reitores, que verám inçados os ingressos para os seus centros, parecem estar satisfeitos com a suba das taxas que passarám de 3.900€ para 10.700€. Porém, isto só afecta a Inglaterra já que a universidade em Escócia é de graça e em Gales o Governo porá a diferença - Governo que vem de reforçar o estatus do idioma galês-. Logo dirám-nos que o Reino de Espanha é um dos estados mais descentralizados do mundo mundial, como gostava de dizer o Manolito Gafotas.
Esta suba de taxas provocará umha elitizaçom do ensino à vez que impulsará umha nova servidume por dívidas. Os créditos - que se vendem como "bolsas"- estavam a 1'5% de juro de meia e passam a 3% a devolver após ter umha nómina de 2.000€/mês (os ordenados logicamente som mais elevados lá do que na Galiza). Aqui, por enquanto, som múltiplos os estudantes que sempre recebiam bolsas e que vírom diminuídas as quantias ou a bolsa denegada - por sua vez eliminárom-se bolsas doutro tipo e administraçons- com o conto da austeridade.
Afinal, ou antes de mais, a próxima greve do estudantado galego deveria ser um clamor para impedir que sejamos das últimas geraçons que ainda estudam numha universidade merecente do qualificativo de "pública", ou seja, o definitivo assalto organizado contra a educaçom. Porém, convocada em quinta-feira, é provável que, infelizmente, a greve na USC nom passe de mais umha ponte para muitos ou umhas férias de Natal por adiantado e veremos os estudantes que, ao cabo, estarám na praça no Toral às 12 a.m. E se a cousa fosse a mais? Obrigariam-nos os militares com o estado de sítio a estudar? Carregariam com cavalos e unidades montadas como em Inglaterra? "Ocuparia" o estudantado a catedral, a cidade da cultura, a reitoria, etc. por umhas horas como os nossos homólogos italianos? Esperemos que nom seja mais umha "folga", que nom greve, como as convocadas em anos passados, dessas em que a moa nom se move porque o rio nom trai auga.
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