Palavras novas e velhas

terça-feira, 22 de julho de 2008

Contribuiçons do franquismo à diglossia por meio do imperialismo e o racismo lingüísticos: repercussons na actualidade

Antom Fente Parada, Chantada, Julho 2008


«(...) o Estado, se pudesse faria que ninguém falasse nem escrevesse na nossa língua, porque sabe que quando um povo coma o galego nom deixa de falar nem de escrever o seu idioma é que ainda nom se deixou someter de todo, e qualquer dia pode rebelar-se para que se lhe conceda a liberdade que lhe foi quitada contra a sua vontade(...)», V. Risco (1935).

1.1.- Intróito: um duplo vieiro

Quando em Julho de 1936 estala a Guerra Civil as línguas da Península, diferentes do espanhol e do galego no seu padrom lisboeta, começavam a erguer o rumo da sua normalizaçom, especialmente no caso do catalám. Portanto, o franquismo truncou as conquistas das naçons assobalhadas polo Estado espanhol e contribuiu para a descida de falantes do eúskara[1], do galego-português (na Galiza logicamente) e do catalám-valenciano[2].
O Nuevo Estado, terminologia fascista tirada do Estado Novo Salazarista, apontoou a diglossia e os pré-juízos lingüísticos como método assimilacionista, co objectivo último da glotofaxia ou canibalismo lingüístico. Por isso, o regime seguiu um vieiro duplo encardinado no imperialismo e o racismo lingüístico. Dumha banda legislou para restringir e agochar a visualizaçom social das línguas nom oficiais, negando-lhe no possível o aceso a qualquer registro culto; doutra advogou por intensas campanhas de promoçom e exaltaçom do castelhano, ao que se denominava espanhol como se for a única língua existente no Estado, ao tempo que se doestavam no ensino as “jerigonzas regionales” co fim de que os escolares reconhecessem qual era a língua legítima[3].

1.2.- Breves aclaraçons terminológicas[4]

Para os profanos em matéria sociolingüística coidamos que é bem aclarar-lhes alguns termos dos até agora mencionados e que seguirám aparecendo co galho de facilitar a compreensom desta descriçom sobre as contribuiçons do franquismo à diglossia na Galiza.

1.2.1.- Diglossia
O termo diglossia foi inserido por Charles Ferguson, mas o seu significado nom se corresponde co actual. Ferguson aplicou esta etiqueta ao grego clássico e mais ao árabe. Naquela altura, no árabe isto mantem-se ainda hoje, conviviam dous códigos com diferentes dimensons funcionais, um reservado para os usos cultos (A) e outro para os baixos (B) por exemplo o árabe clássico ou o grego kaθηrouda reservavam-se para a escritura e a vida religiosa face os geolectos do árabe ou do grego demotikή. Porém nom se tratava de duas línguas em contacto, senom de duas variantes dum mesmo código, um sincrónico e outro diacrónico. Isto é o que hoje se conhece como «diglossia clássica ou funcional», pois atinge as diferentes funçons de cada código.
No entanto, a etiqueta acadou um grande predicamento e em 1967 Joshua Fishman acunha o que logo se conhecerá como diglossia social. Fishman demonstrou que as diferenças de estatus social eram mais importantes que as funçons usurpadas pola língua A em situaçons de contacto lingüístico. Entom, Fishman nega já a possibilidade de bilingüismo social e, já que logo, o bilingüismo só pode ser individual, pois a convivência entre duas línguas numha comunidade é necessariamente assimétrica e o bilingüismo converte-se em subtractivo e nom em aditivo, quer dizer, deturpa-se o conhecemento da gramática da própria língua quando nom se deixa directamente de falar, noutras palavras, o bilingüismo social é colonialismo.

1.2.2.- Assimilacionismo e glotofaxia
O assimilacionismo ou substituiçom lingüística[5] é um froito da imposiçom dumha língua sobre doutra co resultado final, se a sociedade prejudicada nom reage, de glotofaxia e morte, portanto, da própria língua.
Galtung e Phillpson tenhem assinalado três jeitos de impor umha língua: pola força, mediante a negociaçom e mediante a persuasom [Freitas Juvino, 2008:90]. Podemo-los resumir do seguinte modo:
A) Força:
foi a fórmula que empregárom os portugueses e os espanhóis em América ou na África, e é tamém própria das ditaduras ou de Estados fortemente centralizados como o francês[6]. Contodo, no caso da expansom colonial compre indicar que os fitos fôrom mais bem cativos e assí o demonstram aimaras, quechuas, maias... Hai que falar daquela do mito dumha língua universal que palia a decadência política e cultural do Estado espanhol num momento dado (o desastre do 98 sobretodo) [Kamen, 2006: 231-263].
Nesta forma de imposiçom pode chegar-se a exercer a perseguiçom sobre dos falantes e inclusive o assassinato, coma no genocídio arménio perpetrado por Turquia ou na trata de escravos onde, co fim de reduzir os riscos de rebeliom, se misturavam indivíduos de diversa procedência para impedir a comunicaçom e obrigá-los a aprender a língua dos captores.
B) Negociaçom:
«é um método menos drástico, mas que persegue o mesmo fim. Acostuma produzir-se umha oferta directa ou indirecta de melhoras sociais, económicas e de progresso individual e colectivo se todos se esforçam em utilizar umha mesma língua que conduze inexoravelmente à unidade, à civilizaçom e ao progresso» [Freitas Juvino, 2008: 91]. Precisamente, ao galego recriminava-se-lhe a condiçom de língua de atraso e incultura, como recolhe na introduçom de Aires da miña terra Curros Enriques quando fala da «língua dos párias», algo que o franquismo aproveitou e empregou amiúdo como combustível ideológico para a diglossia.
C) A persuasom:
o terceiro tipo de táctica assimilativa é certamente a mais subtil e, a longo prazo, moi eficaz. No canto de impor tenta-se convencer, através de campanhas (ensino, mass meia, círculos culturais, etc.) que submirjam à populaçom num clima de admiraçom e emulaçom da língua dominante. Com este método a populaçom nom percebe apenas a imposiçom e mesmo coida que troca a sua língua motu proprio.
É, logicamente, a táctica que hogano segue preferentemente o Estado espanhol, por exemplo co bombardeio diário de espanhol que recebem os galegos dos mass meia (jornais, livros, publicaçons periódicas, rádio, filmes, música...). Aliás, a identificaçom de língua com naçom tem sublinhado a incomodidade das línguas dos povos sem estado de seu.
Por último, «na primeira e na segunda estratégias podem gerar-se ideologias de resistência como reacçom perante umha imposiçom pola força, na terceira, ao ser menos perceptível, pode passar mais inadvertida e nom criar atitudes de oposiçom» [Freitas Juvino, 2008:96].

1.2.3.- Imperialismo e racismo lingüístico
O imperialismo foi definido por Lenine como a fase superior do capitalismo, sendo o imperialismo lingüístico umha conseqüência directa do imperialismo político e económico.
O imperialismo pratica acotío a glotofaxia e tem no racismo umha componhente fundamental, pois o império leva a “civilizaçom” às tribos ou povos “bárbaros”. Mediante o racismo lingüístico «um novo sistema de valores penetra nas comunidades, e pressons sociais, económicas e ideológicas invadem e usurpam a base da lealdade lingüística da comunidade falante» [Freitas Juvino, 2008: 45], moitas vezes mediante falácias, pré-juízos e mesmo atitudes claramente racistas como a afirmaçom do francês Jules Huret:
«El gallego es el animal que más se parece al hombre» [Freitas Juvino, 2008:248].
Anxo Tarrio [1988:240] recolhe como na Asamblea y exposición escolar, que tivo lugar em Ponte Vedra em 1893, se afirmou:
«El dialecto es causa grave que se opone grandemente al aprendizaje del armonioso, rico, inimitable y melodioso idioma de nuestra España»[7].
De facto, o franquismo só recolheu velhos anátemas e sam-benitos que se aplicaram a las “jerigonzas regionales” e, de facto, intelectuais como Ramón Menéndez Pidal, Miguel de Unamuno ou Ortega y Gasset doestárom às línguas da periferia do Estado e mesmo consideravam ao castelhano superior ao galego-português na Idade Média por ser a língua da literatura épica e guerreira, quer dizer do imperialismo, face a vertente amorosa e satírica da produçom galaico-portuguesa [Freitas Juvino, 2008: 266].

1.3. Contribuiçons à diglossia do franquismo através da exaltaçom do castelhano e da perseguiçom e desprestígio do galego

Como já indicamos denantes, o regime fascista resultante da sublevaçom militar empregou dous métodos de reforço da diglossia, ora através da legislaçom e repressom, ora por meio da exaltaçom do castelhano (língua A) em actos públicos, no ensino e nos meia[8].

1.3.1. Legislaçom repressiva sobre o galego
Para a direita fascista que se ergueu contra o regime democrático da II República a erradicaçom das línguas da periferia era umha prioridade na unidade e na uniformidade do Estado nacional-católico, pois eram os “separatismo regionales” e os partidos políticos os responsáveis das divisons da sua Espanha centralista, xenófoba, unitária e uniformizadora.
O 18 de Maio de 1938, ainda em plena Guerra Civil espanhola, sai umha orde ministerial em que se impom o castelhano como única língua válida do registro civil. O 12 de Agosto o ministro de Justiça adverte da invalidez legal de qualquer documento que nom esteja em castelhano e o 21 de Maio impom-se o espanhol no Registro de Pessoas Jurídicas, com cenas esperpénticas em que os Andoni e os Patxi se riscavam para “españolizarlos”.
O primeiro de Março de 1939 o Ministério de Educaçom Nacional apresenta como texto escolar o Catecismo patriótico español e nel recolhe-se que «la lengua castellana es hermosa y apta cual ninguna otra de las lenguas vivas, pues es la que mejor conserva el carácter del latín del que procede» e, aliás, «tiene una literatura clássica hermosísima y abundatísima, la más hermosa y original de todas las modernas literaturas». O autor do texto, um Nostradamus do século XX, chega a vaticinar que:
«La lengua castellana tiene un porvenir inmenso, pues además de ser hablada por el mayor número de naciones. Tendrá que venir a ser la lengua de la civilización del futuro (...) porque el inglés y el francés, que con ella pudieran compartir esta función, son lenguas tam gastadas, que vam camino de la disolución completa» [Freitas Juvino, 2008: 292][9].
O 16 de Março de 1939 postula-se que os idiomas “regionales” devem proibir-se, segundo a Subsecretaria de imprensa e propaganda. O 8 de Abril de 1939 o Ministério de Governaçom proibe o emprego de palavras nom espanholas em estabelecimentos de hospedage e o 18 o governador civil de Tarragona publica umha circular no BOP exigindo que nom fique nas ruas nem um só rótulo que nom esteja em castelhano. O 23 de Junho segue o seu exemplo o chefe de serviço de ocupaçom de Barcelona.
Em 1940, a 20 de Maio, dá-se a conhecer no BOE umha orde que arremete contra os anúncios e rótulos que nom estejam na língua oficial e perdurará até 1963. O 28 de Julho desse ano o governador civil de Barcelona obriga a todos os funcionários a empregar o castelhano e isso ampliará-se a mestres, professores e inspectores municipais de sanidade.
Um ano despois, o 23 de Abril, umha orde ministerial restringe a projecçom de filmes e só poderám visionar-se em castelhano, assí coo o 24 de Julho se proibe o uso de línguas distintas da oficial no novo regulamento de telégrafos. O 2 de Junho de 1944 aprova-se o novo regulamento do notariado e no artigo 148 do mesmo exige-se que todos os documentos se redijam em espanhol[10] e o 24 de Janeiro de 1945 proibe pôr nomes a barcos que nom sejam espanhóis. O 14 de Julho o Estado bota mao das escolas municipais de Euzkadi e Catalunya argumentando que «fue precisamente en las escuelas de estas regiones donde más daño se hizo a la unidad de la patria» [Freitas Juvino, 2008:294].
O 17 de Fevereiro de 1953 o Ministério de Comércio ratifica que todos os nomes genéricos devem ser em castelhano e um projecto de lei do 8 de Junho de 1957 recolhe que «tratándose de españoles los nombres deberán consignarse en castellano». Nom podia faltar neste repasso o ex-presidente do governo autonómico da Galiza. A “Lei Fraga” (18-3-1966) traia consigo ordes verbais amiúdo e entre elas umha recomendava que as línguas nom oficiais nom superassem 20% do total de nengumha publicaçom.

1.3.2.- Exultaçom da língua oficial: de castelhano a espanhol
Freitas Juvino [2008:294] fala de «campanha penegirica do castelám e estigmatizadora das outras línguas» e propom vários exemplos de imprensa que imos citar aqui, alguns deles tamém apontados polo professor Ramom Marinho[11].
O 1 de Outubro de 1936 Franco fai umha locuçom radiada em que sublinha a existência de «una sola lengua, el castellano, y una sola personalidad, la española». Porém é mais interessante recorrer a exemplos tirados de publicaçons afectas ao regime. Em Unidad topamos vários artigos desta índole, um deles de Ángel Escaño Ramírez (19-3-1937) intitulado “Para completar el imperio, una España de habla española” onde afirma que Falange espanhola «tem vontade de império cultural com América e o idioma será o embaixador, mas para completar esse império antes hai que fazer umha Espanha de fala espanhola» [Freitas Juvino, 2009:295]. Aqui rastreja-se como «o sucesso incuestionável do idioma espanhol em praticamente todos os continents do mundo, e especialmente na mesma Espanha, deu moitíssimo lugar para o consolo quando as façanhas do império começárom a esluir-se» [Kamen, 2006:254], quer dizer, o mito do idioma universal, ainda que «na verdade resulta duvidoso que o castelhano fora falado por mais do que um décimo da populaçom do Novo Mundo colonial» [ibidem].
Assí, pois o hispanismo após 1898 dirigiu-se contra os EUA e o inglês, mas alimentou o espanholismo e atentou contra contra as restantes línguas da Península veículos, segundo o nacionalismo espanhol essencialista, do separatismo [Kamen, 2006:256]. O próprio Ortega y Gasset afirma em España invertebrada que «sólo las mentes castellanas tienen la capacidad adecuada para percibir el gran problema de una España unida» posto que se Castela criara a Espanha, só o castelhano podia ser o verdadeiro idioma de Espanha, ou seja, espanhol [Kamen, 2006:257]. Quem é que exerceu, pois, o separatismo desde sempre?
Amais, este mito nom topa correlato noutros imperialismos, ou quando menos, nom ao mesmo nível, posto que é estranho que os falantes de galego-português, inglês ou russo fagam estas mesmas afirmaçons de universalidade [Kamen, 2006:260], por nom falar da negaçom do genocídio indígena e do racismo lingüístico que destilou Castela-Espanha; para exemplo as palavras do bourbom Joám Carlos I que afirmou em Abril de 2001, na entrega do Prémio Cervantes que «nunca fue la nuestra lengua de imposición sino de encuentro. A nadie se le obligó nunca a halar en castellano» e que revela que o redactor do discurso devia ser um analfabeto ilustrado em matéria lingüística.
No ABC de Sevilha (13-5-1937) aparece um artigo intitulado “Hablar español es custión de buen porte y elegancia” cuja autoria corresponde a Luís de Galisonga e Luís Hurtado Álvarez escreve “Si eres español, habla en español” na já citada revista Unidad (18-5-1937). Na linha está outro artigo do primeiro autor intitulado “Hablar como Franco” que apareceu no jornal La Vanguardia (8-6-1939):
«Todos los españoles debemos hacer tres cosas: pensar como Franco, sentir como Franco y hablar como Franco, que hablando, naturalmente, en el idioma nacional, ha impuesto su victoria» [Freitas Juvino, 2008: 296-297].
Portanto, o que une aos espanhóis é a imposiçom dum modelo moi concreto de Espanha, o que corrobora a invençom e construçom até inconclusa da naçom espanhola, ainda palvável na ideologia de moitos partidos políticos, como se observa no lema das Gerais de 2008 de UPyD: «lo que nos une», sinónimo de centralismo, imposiçom do castelhano (do que se di contra toda evidência que periga) e negaçom das vítimas do terrorismo de estado (presos políticos, torturados, cooptaçom das desidências ideológicas mediante o controlo dos mass meia pola elite económica adita à II Restauraçom bourbónica...); perante os valores de democracia, pluralismo e consciência de classe que é o que une ao proletariado de todas as naçons da Península.
O jornal Extremadura publica o 15-6-1939 “Mal síntoma hablar otro idioma” que pode perfeitamente cotejar-se mutatis mutandis co “Manifesto pola língua” assinado por Sabater, Álvaro Pombo e outros membro da mais refinada intelectualidade espanhola:
«Para que España sea una es necesario que así sea también el idioma publicamente. No debe hablarse más idioma que el castellano, enenaEspaña, entre españoles de verdad. ¡Si el mayor orgullo de un español debe ser siempre hablar su idioma! (...) Hay idiomas que suponen una ofensa para los que los oyen» [Freitas Juvino, 2008:297].
Pola sua parte, José Montagut publicou em Solidaridad Nacional (6-9-1939) umha defesa moi acesa do emprego exclusivo do castelhano no ensino e mesmo acha que aginha se falará umha soa língua em todo o Estado, a língua do império, sintonizando à perfeiçom coas atitudes chauvinistas descritas por Henry Kamen quando descreve o mito dum idioma universal:
«se puede asegurar que dentro de veinte años se habrá realizado el imposible de que una nación, castigada por la coexistencia de varias lenguas, sin perseguirlas ni ultrajarlas[12], llegue a comunicarse gozosa y radiante, consciente de que la lengua es el Imperio, según Nebrija[13] a través del idioma que se habla en veinte naciones por nosostros descubiertas y conquistadas»[14] [Freitas Juvino, 2008:297].
A Josep Maria Planes envia-lhe umha missiva (30-3-1945) o delegado provincial de Educaçom Popular da Crunha, Miguel de los Santos, atacando-o por fazer a holía em catalám o que, ao seu juízo, fomentava «el regionalismo» posto que «en Galicia, Valencia o Vascongadas se hablan dialectos de mayor o menor rango histórico» e, portanto, nom serve bem a Espanha e elude responsabilidades [Freitas Juvino, 2008:297].
No entanto, compre sublinhar que a difusom destes artigos foi, contodo, limitada e nom chegavam a maioria da populaçom analfabeta, mas som um bom exemplo dos ideologemas que estavam afincados ou que se desejavam induzir às sociedades do Estado espanhol e que, à vista dos resultados, por vezes fôrom moi eficazes.

1.4.- Conclusom

Na actualidade o castelhano esparge-se por toda a Galiza a costa do bilingüismo, que é transitório e conduziu sempre, de nom pôr-lhe freio por meio do ecolingüismo e do nacionalismo lingüístico, à assimilaçom lingüística da língua B pola língua A. Aliás, sobrevivem velhos tópicos e pré-juízos que voltam com força pola acçom de associaçons como Galicia bilingüe, orquestradas desde o Partido Popular e que repetem o modelo de confrontaçom já despregado em Euzkadi e Catalunya como resultados bem pobres.
O franquismo assentou moitos dos piares e ideologemas destas correntes imperialistas e racistas através do que o professor Henrique Monteagudo denominou como «repressom difusa» e os dados sociolingüísticos assí o corroboram, posto que 70% dos galegos som ainda analfabetos na sua própria língua e a perda de falantes entre 1939 e 1978 apresenta umha descida em picado, por isso 76'5% dos maiores de 65 anos tivo como língua inicial o galego perante 20'6% dos menores de 16[15].
Por outra banda estas acçons tivérom maior difusom e sucesso no mundo urbano, sempre mais castelhanizado, com folhas voandeiras como a da imprensa sindical da Crunha:

«Hable bien
Sea patiota-No sea bárbaro.
Es de cumplido caballero, que VD. Hable nuestro idioma oficial o sea el castellano. Es ser patriota.
Viva España y la disciplina de nuestro idioma cervantino. ¡¡Arriba España!!».

Isto repercutiu na anulaçom de qualquer motivaçom para empregar o galego-português por parte dos monolingües em castelhano que reduzírom ainda mais as suas competências na língua do país à recepçom passiva e alimentou, aliás, dinámicas diglóssicas motivadas por ofensivas periódicas do espanholismo, com apoios na própria sociedade segregada e oprimida lingüisticamente e que ainda hoje se percebe na nossa naçom, como conseqüência de alteraçons psicológicas que produzem auto-xenreira e complexo de inferioridade em moitos galegos aos que desde crianças se lhes negou a possibilidade de crescer na língua do seu país ou aos que se perseguiu por empregá-la.



1.5.- Bibliografia consultada

FREITAS JUVINO, Maria Pilar (2008), A represión lingüística en Galiza no século XX, Xerais, Vigo.

GALEANO, Eduardo (2008), Espejos. Una historia casi universal, Siglo XXI, Madrid.

KAMEN, Henry (2006), Del imperio a la decadencia, Temas de Hoy, Madrid.

PENA RODRÍGUEZ, Alberto (1998), El gran aliado de Franco. Portugal y la Guerra Civil española: prensa, radio, cine y propaganda, Ediciós do Castro, Sada.

TARRIO VARELA, Anjo (1988), Literatura gallega, Taurus, Madrid.


[1] A situaçom do eúskara era diferente e já se topava quase extinto, reduzido a casarios, o qual fala bem das políticas lingüísticas do governo basco perante as desastradas políticas dos governos de Fraga Iribarne e Tourinho na Galiza. O franquismo reconhecia ao eúskara como língua, ainda que arcaica e nom apta para os tempos modernos, mas língua ao fim algo que se lhe negava ao português da Galiza e ao catalám. Resulta evidente que o basco é umha língua por distáncia, o que Kloss denominou abstandsprache. Contodo, o regime tomou precauçons a ondas e a imprensa lusa tem abundante no sul da Galiza durante a Guerra civil espanhola foi drasticamente banida após esta[veja-se PENA RODRÍGUEZ (1998)].
[2] Nom imos analisar aqui a situaçom do astur-llionês nem do aragonês ou do occitano (aranês) posto que os direitos que alcançaram na II República eram ínfimos. Assemade, no caso do astur-llionês segregou-se a variante do sul (Miranda do Douro) coa ortografia portuguesa face a do norte coa ortografia castelhana e cos direitos moito mais constringidos.
[3] Pierre Bourdieu diferenciava entre conhecemento e reconhecemento, ou seja, a criança pode que nom seja capaz de manejar-se (conhecer) a língua A, mas será quem de reconhecê-la como boa, útil e prestigiosa fronte à sua própria a baixa, ruim e desapreciável.
[4] Para aqueles que estejam familiarizados cos termos sociolingüísticos este apartado é por inteiro prescindível.
[5] Em sentido estrito estas duas etiquetas apresentam diferenças, de aí a sua existência, mas para esta aproximaçom empregaremo-las como sinónimos quase-perfeitos.
[6] Quando estala a Revoluçom burguesa da França apenas um terço da populaçom do Estado francês empregava acotío a suposta língua nacional do novo regime.
[7] Nom se pode falar de línguas “ricas” ou “pobres” nem de “línguas de progresso” ou línguas “primitivas” porque todas as comunidades humanas tenhem umha língua igualmente desenvolvida e adaptada a sua cultura, posto que o desenvolvemento cerebral é o mesmo para toda a humanidade, por isso, jamais se topou nengumha comunidade que nom tivesse umha língua de seu.
[8] Veja-se a análise mais profunda e rigorosa que fai Freitas Juvino [2008, 291-297], cujo livro é por inteiro recomendável para as pessoas interessadas na defesa da língua, da diversidade cultural e dos direitos políticos da nossa naçom.
[9] Note-se como esta eminência nada di do alemám, que na altura era a língua de cultura nas humanidades, mas Hitler era o exemplo a seguir para Falange e o fascismo espanhol.
[10] É célebre a anedota que refere como um taxista que escrevia “Rianxo” foi sancionado polo regime totalitário do general Franco.
[11] Veja-se Marinho Paz, Ramom (1998), Historia da lingua galega, Sotelo Blanco, Compostela.
[12] Haverá que perguntar-se que é umha ultraje entom e trocar a definiçom nos dicionários. O imperialismo sempre sublinha que a língua A se estende “naturalmente” sem imposiçom nem violência (física e/ou psicológica) recorrendo a um darwinismo lingüístico semelhante ao que empregárom para submeter aos povos africanos e ameríndios.
[13] O judeu-converso Nebrija decalcou a cláusula «el idioma siempre acompaña al imperio» do humanismo italiano de Lorenzo Valla e reflectia «o interesse de Nebrija por avantar na sua carreira graças a estar a bem co governador de turno. “Idioma” nesse contexto, nom estava limitado unicamente ao vocabulário e à gramática, mas implicava tamém a imposiçom da cultura, os costumes e especialmente a religiom sobre os povos submetidos. Idioma era [e é] poder» [Kamen, 2006: 234].
[14] Ao respeito tem Eduardo Galeano um conto moi atinado intitulado “Americanos” [2008:120] do que reproduzimos apenas um trecho (a traduçom para o galego é nossa):
«Conta a história oficial que Vasco Núñez de Balboa foi o primeiro home que viu, desde umha cima de Panamá, os seus oceanos. Os que alí viviam, eram por acaso cegos? (...)».
[15] Segundo o Mapa Sociolingüístico de Galicia.

9 comentários:

Brais Santomil disse...

Minha mãe, que bem escreves!!!

AFP disse...

Como se nota que aqui só comentam os "amiguetes", he, he. Nom a sério. A reflexom deve-lho quase todo as fontes que se citam e, portanto, nom hai mérito nengum no artigo. Umha aperta irmandinha.

Brais Santomil disse...

Ufff, ainda fica muito para o três de Novembro, pode morrer antes de chegar essa data, ha.

A reflexom deveras-lha a quem queiras, mas isso nom quita que escrevas bem.

Um saúdo

Anónimo disse...

nom é pré-juízos, é preconceitos.

AFP disse...

Obrigado pola correcçom, mas dada a situaçom do regeneracionismo na Galiza, totalmente poscrito, nom é nada doado escrever sem cometer algumha gralha (o qual nom evita a necessidade dum sobre-esforço para atingir umha escrita o mais correcta possível). Umha aperta irmandinha

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
AFP disse...

As mensages removidas nom as apaguei eu, senom o seu próprio autor.

Anónimo disse...

Pois foi......